Conexão é boa, mas pouca gente sabe usar internet de graça em Campo Grande
O teste nas 4 áreas com acesso gratuito à internet em Campo Grande surpreendeu pela velocidade em alguns pontos, mas principalmente pelo desconhecimento da população sobre os serviços, oferecidos pela prefeitura e o governo do Estado.
O melhor lugar para abrir o notebook e navegar é a região do Parque das Nações Indígenas. Às 10 horas desta segunda-feira, entrar na página do Google, por exemplo, não demorou mais que 3 segundos.
Já no terminal em frente à escola Hercules Maymone, na Joaquim Murtinho, paciência é indispensável. No mesmo horário, o acesso demorou 1 minuto e 20 segundos.
A velocidade era 1% do ritmo previsto no projeto Internet Morena, da prefeitura. O download de um vídeo no YouTube, de 20 megabytes, por exemplo, demorou 22 minutos.
No caminho para a Praça Ary Coelho, pela avenida Fernando Correa da Costa, quem passa ou mora na região consegue pegar carona em várias redes abertas de lojas e empresas.
No centro, a antena posicionada na Afonso Pena, quase na esquina com a 14 de Julho, distribui o sinal de maneira bastante irregular, por conta da quantidade de prédios.
O sistema aberto para atender frequentadores da Ary Coelho, funciona plenamente na 14 de Julho, na 13 de Maio e na Afonso Pena, mas é capenga na rua 15 de Novembro. Pela manhã, a rede caiu 4 vezes nesse trecho , enquanto nas demais ruas da praça o serviço era rápido.
Na Feira Central, a rede estava indisponível hoje. Segundo um dos moradores da Vila dos Ferroviários, porque só funciona em dias de feira, de quarta a domingo.
O que mais surpreende, no entanto, é a falta de informações sobre a rede wi-fi. Em todos os locais percorridos pelo Lado B, a maioria nem sequer sabia da oferta gratuita e outros achavam que só era possível o acesso dentro da Feira, da praça, do Hercules Maymone ou do Parque das Nações.
“Eu pago, se soubesse que era de graça já tinha largado mão da Net”, diz Elias Carlos Sena, morador da rua Doutor Ferreira, na Vila dos Ferroviários.
O equipamento dele tem 3 anos e não comporta rede sem fio, mas um receptor vendido em lojas especializadas resolveria o problema. “Então vou comprar, eu quero internet de graça, ué”, comenta.
O vizinho ouve a conversa e pede: “Me explica melhor como funciona isso”, diz Ricardo Greco. “Ontem estive no Parque das Nações e vi um monte de plaquinhas de rede wi-fi, mas não sabia o que era”, admite.
O serviço funciona em um raio de 300 metros do ponto onde a antena foi instalada. Ao ligar o computador e tentar entrar em algum navegador de internet, uma página abre automaticamente para o cadastro na rede sem fio.
O usuário tem de informar CPF e registrar senha e já pode usar. Isso também vale para o celular.
Nos arredores da Praça Ary Coelho, a dona de uma loja de roupas infantis também diz que nunca ouviu falar do serviço. “Eu pago internet, porque nunca imaginei que tivesse rede sem fio aqui”, diz a comerciantes Maria de Fátima Correa da Silva, desconhecimento compartilhado com a vizinha, dona de um salão de beleza.
O proprietário de uma açougue na 14 de Julho também não sabia, mas diz não fazer questão. Há 26 anos no mesmo ponto, nunca levou o computador para a empresa. Itamar de Matos acha complicado, porque é de “outra era”.
“Trabalhava no Exército. Desmontou uma metralhadora no escuro, mas não sei mexer nessa coisa de internet não”, brinca o comerciante de 63 anos.