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Consumo

Desiludido na música, Wellington ganha dinheiro descascando laranjas

Ele arrumou um jeito de trabalhar por conta própria e chama atenção no Centro, porque em menos de 10 segundos descasca uma laranja

Thailla Torres | 18/08/2018 07:40
Wellington resolveu vender laranja depois de passar meses desempregado. (Foto: Thailla Torres)
Wellington resolveu vender laranja depois de passar meses desempregado. (Foto: Thailla Torres)

Há seis meses, Wellington Serra Soares, de 40 anos, vende água e laranja no Centro, em Campo Grande. Ele poderia ser mais um tentando ganhar a vida no movimento da 14 de Julho, mas chama atenção descascando frutas e provando que o ser humano é formidável pela capacidade de criação, dando um jeitinho para sobreviver em qualquer dificuldade.

Desempregado e desiludido com a música, foi num bate papo com a mãe que Wellington tomou a decisão de vender nas ruas. "Tem gente que sente vergonha, eu também pensei que teria, mas quando cheguei aqui, fui bem aceito. E minha mãe foi quem me inspirou nessa ideia".

Ele usa um aparelho que ajuda descascar em menos de 10 segundos. (Foto: Thailla Torres)
Ele usa um aparelho que ajuda descascar em menos de 10 segundos. (Foto: Thailla Torres)
Laranja é entregue ao cliente por R$ 1,00. (Foto: Thailla Torres)
Laranja é entregue ao cliente por R$ 1,00. (Foto: Thailla Torres)

Ela contou ao filho a luta de um senhor que vendia laranja sem casca na frente da Santa Casa de Campo Grande. Wellington então, se lembrou de Osório, que segundo ele, foi um vendedor ambulante conhecido na Afonso Pena, que durante anos passou os dias vendendo melancia cortada na frente de um cartório. "Eu tinha uns 11 anos quando via seu Osório fazendo a mesma coisa. Um dia conversei com Deus e ele me mostrou que o caminho era aqui".

A música ficou em segundo plano, afirma o baterista que há muito tempo não conseguia cachê suficiente. "Não estou sendo ingrato falando isso, mas viver de música não anda fácil. As estradas são perigosas e pra ganhar um pouquinho melhor tem que viver viajando por aí".

Ele trabalha pelo Centro com um carrinho de supermercado, uma caixa térmica com gelo, água, laranjas e um aparelho que facilita tirar a casca em até 10 segundos. "Comprei o carrinho em uma loja de móveis usados, mandei soldar uma placa de ferro para conseguir apoiar o descascador e a laranja".

O vendedor costuma ficar na Barão do Rio Branco esquina com 14 de Julho. (Foto: Thailla Torres)
O vendedor costuma ficar na Barão do Rio Branco esquina com 14 de Julho. (Foto: Thailla Torres)

O acessório comprado pela internet é o que mais desperta a atenção dos clientes. O preço também é camarada, por R$ 1,00 o vendedor entrega a laranja sem casca, gelada ou natural. O resto de casca é doado aos clientes. "Serve para tomar chá ou fazer doce cristalizado", ensina. 

Wellington também é cuidadoso na hora de entregar a fruta. Uso um pegador para não encostar no bagaço e a laranja só vai para a mão do cliente com um guardanapo.

Bem organizado, ele consegue colocar até 200 laranjas no carrinho. Mas se tivesse um espaço maior, garante que venderia muito mais. "Tem dia que eu não consigo nem chegar na Rui Barbosa. Começo na Afonso Pena, paro na 14 de Julho com Barão do Rio Branco e às 16h já acabou tudo".

Morador do bairro Amambaí, Wellington vai todo os dias, de bicicleta, até o Centro. O carrinho de laranjas fica em um estacionamento privado durante a noite e só deixa de trabalhar nos dias de chuva. "Eu já tenho o modelo de um carrinho novo desenhado, mas falta dinheiro. Estou trabalhando pra isso, quem sabe até vender um 'sucão' de laranja fresquinho".

O "Cantinho da Laranja" pode ser encontrado de segunda a sábado nos arredores da Rua 14 de Julho, nas esquinas com Afonso Pena, Barão do Rio Branco e Dom Aquino. O telefone para contato é (67) 99215-9835.

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