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Consumo

Em Três Lagoas, professora tem colocado em panos de prato ideias feministas

Cansada de pano de prato com verso da Bíblia, professora criou frases e estampas para revolucionar a cozinha

Paula Maciulevicius Brasil | 08/02/2020 07:23
Luciana é professora, feminista e militante que passa o que acredita e defende para as artes. (Foto: Arquivo Pessoal)
Luciana é professora, feminista e militante que passa o que acredita e defende para as artes. (Foto: Arquivo Pessoal)

Professora há anos, artesã recentemente. É das mãos de Luciana Mendes, de 37 anos, que tem saído a revolução da cozinha. Com a ideia de ressignificar o ambiente, desde novembro do ano passado ela produz panos de prato com estampas, frases e ideias feministas.

"Eu falo que são panos de pratos laicos, porque você só acha de frase religiosa e eu não gosto. Então comecei a fazer com frases políticas, militantes e de humor", conta. Moradora de Três Lagoas, ela vende os produtos em feiras pela cidade e também pela internet. Já teve pano de prato femininista chegando ao Rio de Janeiro e Maranhão. 

"Sempre desobedecer, nunca reverenciar", "Não se destrói o patriarcado com fome", "Casa de sapatão", "Bruxa, selvagem, revolucionária e feminista", "O patriarcado vai cair", "Felicidade é ser viado", "Quê disse machista?", "Fogo nos racistas", "Entregue o seu caminho ao comunismo". Estas são algumas das frases escritas por Luciana que levam para dentro da casa de cada cliente a militância dela.

Bruxa, selvagem, revolucionária e feminista.
Bruxa, selvagem, revolucionária e feminista.
Felicidade é ser viado.
Felicidade é ser viado.
Fogo nos racistas.
Fogo nos racistas.
Sempre desobedecer, nunca reverenciar.
Sempre desobedecer, nunca reverenciar.

"Sou ligada a movimentos sociais desde criança por conta da minha família toda, e sempre trabalhei com movimento feminista", explica. Dando aulas há quase 20 anos, é parte da rotina de Luciana palestra e movimentos de mulheres. "Então eu atrelei meu produto de venda a uma coisa que eu realmente faço e acredito. Não é só para vender, as pessoas me olham e sabem que eu sou exatamente assim", afirma.

Ao Lado B, a professora explica que seu feminismo está articulado com a consciência de classe. "É sobre a luta contra um sistema capitalista dominantemente patriarcal. E as feiras e os artesanatos têm refletido diretamente nisso, pois tenho tipo oportunidade de conhecer mulheres também nesta proposta de novos modelos econômicos", revela.

O artesanato não se resume aos panos de prato, mas eles são os produtos mais vendidos até pelo preço que varia de R$ 8 a R$ 15.

A ideia é ressignificar um ambiente "taxado" pelo machismo como exclusivo das mulheres. "A gente não vai deixar a cozinha, até porque hoje é um dos lugares em que mulheres e homens mais gostam, então vamos ressignificar, colocar famílias homoafetivas, uma casa de duas mulheres lésbicas, um casal onde a mulher é feminista. Não precisamos abandonar a cozinha, basta trazer um novo significado", ressalta.

As frases são feitas a mão com caneta permanente ou então no stencil com raio-x. Os panos podem ser lavados na máquina. "Mas eu recomendo que não se use muito em comida que mancha, use mais para deixar como decoração, igual aqueles bordados ponto cruz, que não fique usando muito para enxugar a louça", adverte.

Longe de querer ser a artesã do bordado de avesso perfeito, quando a encomenda é para longe, Luciana faz questão de tirar fotos e fazer vídeos dos detalhes. "Até porque um produto artesanal nunca vai ser 100%, quero que a pessoa tenha consciência do que ela está levando".

Acompanhe pelo Instagram o trabalho de Luciana, no @heimpodera e também no @dafrida3.

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Que disse machista?
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Casa de Sapatão.
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