Imprevisto fez Ana começar a criar alpargatas e não parar mais
Produção iniciou apenas com a proprietária, mas hoje é feita também por internas do sistema prisional
Há quatro anos, Ana Lucia Paim decidiu bordar sua alpargata após o sapato ficar manchado e, a partir dali, não parou mais com a produção. Totalmente artesanal, o calçado se tornou o carro-chefe de sua loja, unindo o trabalho realizado por internas do sistema prisional.
Acostumada a usar o modelo de sapato durante toda a vida por ser gaúcha, Ana explica que sentia falta das alpargatas por aqui. Mesmo assim, não pensava que elas poderiam fazer sucesso em Campo Grande.
“Eu trabalhava com outro produto na minha loja, mas sabia que estava errado, que precisava de algo para mulheres. Um dia, resolvi bordar uma alpargata minha porque tinha sujado e minha filha falou que aquele seria o produto certo”, explica Ana.
No primeiro momento, ela explica que não acreditou muito na ideia, mas depois decidiu “sentir” a clientela. “Fiz um pedido pequeno inicial, montei os modelos e levei de presente para o aniversário da minha filha. Quis ver a aceitação com as amigas dela”.
Desde então, as encomendas não pararam de ser produzidas. Na época, apenas Ana se empenhava em fazer os produtos, mas viu que não daria conta de seguir sozinha.
“Pensamos em aumentar a produção, mas com um custo menor porque eu não tinha condições de contratar. Meu marido pensou em algumas instituições, mas sugeriu o presídio e através de uma amiga e cliente que trabalha lá, conseguimos fazer esse contato”, diz.
Antes da pandemia, ela realizou oficinas com os internos e capacitou oito homens para bordar inicialmente. Mas, com a covid-19, o trabalho precisou ser pausado.
Conforme o tempo passou, Ana conta que recebeu a sugestão de migrar para o presídio feminino, pois este tinha aberto as portas antes do masculino após a covid. “Percebi que as instalações delas, a logística, tudo fazia mais sentido para nós. Conseguimos montar uma sala para elas bordarem também”.
Com isso, hoje, a empresa possui um vínculo com o presídio feminino para capacitar as internas. “Uma das detentas está livre e continua produzindo até hoje. São mulheres que estão tentando se recolocar, ter uma oportunidade, então tem uma história por trás”.
Sobre os materiais usados nas alpargatas, a sócia de Ana, Viviane Carvalho detalha que há desde franja de algodão até rendas, flores em crochê, paetê e lantejoula.
Já os preços variam entre R$ 259 e R$ 289 dependendo do modelo. Para mais informações, o perfil da loja é @divino.santo.
Confira a galeria de imagens:
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