No 1º dia de São Paulo Fashion Week Day, marcas do MS têm selo garantido
Expostas no evento estão as 5 marcas que ganharam o selo SPFW Ama e um resumo de tudo que rolou da última edição do evento de moda em SP
No primeiro dia do evento itinerante São Paulo Fashion Week Day, que está passando pela pela primeira vez em Campo Grande, entre os dias de ontem e hoje, no Museu de Arte Contemporânea (MARCO), ficou claro que moda vai muito além das tendências da temporada ou do "look do dia". A moda é observação do comportamento mundial, é preocupação com o consumo e, acima de tudo, é expressão pessoal.
Expostas no evento estavam as cinco marcas regionais selecionadas para receber o selo SPFW Ama, são elas, Campo Grande a Tiracolo, Mi Corazón, Canarito, Artigo 5 e Maria Karaguata. O selo preza pela inovação, sustentabilidade e capacidade competitiva da marca, e é selecionado a partir de uma curadoria feita por especialistas,que identificam pelo menos 20 negócios de moda e design na cidade e no Estado atendidos pelo Sebrae em que o evento passa. Destes, são escolhidos os que mais se adequam a proposta do selo.
Maria Celina, criadora da Maria Karaguatá, diz que é muito importante para a marca ter recebido o selo. "Ele atesta que o produto da sua marca tem criatividade, inovação, qualidade. Então é bastante importante visto que fizemos entrevista, mostramos os nossos produtos. Foi um divisor de águas no sentido em que a gente começa a fazer a marca mas não sabe se está indo pelo caminho que a gente deseja que no meu caso é o design, então reforça que sim, é por aí mesmo. Além disso recebemos diversas orientações deles e foi muito especial".
Em uma sala do museu estavam expostos um pouco do que rolou na última edição do SPFW, os destaques de cada marca. Então quem não foi ao evento em São Paulo pode conferir um pouco do que rolou por lá no evento itinerante.
A coordenadora, também uma das criadoras do SPFW e curadora do selo SPFW Ama, Graça Cabra notou que Mato Grosso do Sul é muito rico em produção de moda. "Os produtores tem muito interesse no upcycling, eles já estão com essa cabeça da sustentabilidade então é muito legal porque isso é muito contemporâneo, então já estarem trabalhando nisso acho que é meio caminho andado. Há também uma vontade de fazer uma coisa artesanal, manual, e trabalhar a parte artística", explica.
De dica, Graça deixa alguns pontos importantes, porque ainda existe uma necessidade de trabalho de aperfeiçoamento, tanto de repertório, como trabalhar com uma cabeça de cápsulas e coleções, e também existe muita ideia que precisa ser canalizada.
"De uma forma menos preocupada com a quantidade e mais com a qualidade do que está sendo feito. E a qualidade é um pouco de tudo. É como você harmoniza, como escolhe os componentes que vai pôr, porque é que tem aquele componente ali, porque as vezes é melhor não ter, as vezes um zíper feio desvaloriza a peça".
Num segundo momento, a palestra de Iza Dezon, da PeclersParis, uma agência de previsão de tendências e do estilista João Pimenta abriu a mente do público para temas como o consumo consciente, a sustentabilidade, as macrotendências e como isso influencia diretamente na identidade da marca dentro do varejo. Interessante foi notar que mesmo quem não é da área de moda pôde aproveitar muito do bate-papo, isso porque as macrotendências nada mais são do que a observação do comportamento daqueles que consumem moda mundo afora.
Da palestra é importante observar como a geração dos millenials influenciou em como fazer moda. "Eles não aceitam uma marca sem alma, sem propósito, sem posicionamento. Além disso, eles questionam e isso já é uma realidade, a moda sem gênero, levando em conta a revolução dos gêneros que estamos vivendo hoje. O consumo desenfreado também não faz mais parte dessa geração, por isso é preciso que a gente se reinvente", diz Iza.
A fala do estilista mineiro João Pimenta com certeza abriu a mente de muita gente. A genialidade de quem pensa na identidade de cada peça de sua coleção e na inovação na produção das peças, criando tecidos com garrafas PET, palhas e remendos de fios tem muito a inspirar quem produz moda.
"No começo eu tinha vergonha, vim da roça, de Minas Gerais. Não me achava capaz de produzir nada. Até que eu entendi que a minha essência pode ser tão rica quanto de um estilista de renome. E passei a me inspirar nas minhas referências, na minha vida, na minha infância, participei da Casa dos Criadores por anos até que fui pro SPFW", comenta ele.
E pra quem perdeu o primeiro dia do evento, hoje o tema continua em pauta, com palestra de Paulo Borges, criador do SPFW, que falará sobre a temporada N45 e panorama da moda no país.