Quem ama loja de departamento está sentindo falta até do crediário
Nem todas estão abertas, mas quem sempre comprou em C&A, Riachuelo e Renner já sente saudade até do crediário
Nesta semana, consumidores fiéis da variedade de peças das lojas departamentos e araras com preços que cabem no bolso, foram à loucura ao “darem com a cara na porta”. Isso porque algumas das principais lojas de departamento não abriram no mesmo dia em que os shoppings voltaram a funcionar. Outras, com unidades na região central, tardaram a abrir e ainda há aquelas que permanecem com avisos de “não temos previsão de retorno” na porta.
Até ontem, sexta-feira (24), pelo menos três lojas permaneceram fechadas, entre elas Renner do Shopping Campo Grande, e C&A do mesmo shopping e da Avenida Marechal Rondon, no Centro. Uma das populares, como a Riachuelo, também esteve fechada nos primeiros dias e só voltou a funcionar ontem. Afetadas pela pandemia do coronavírus, as que investiram em abrir as portas têm pouco movimento e sem fila na entrada para passar álcool em gel nas mãos.
Cliente fiel de lojas de departamento, a aposentada Aparecida Correia, de 67 anos, procurou a C&A para pagar um boleto de compras anteriores, que preferiu parcelar. Ao encontrar a loja fechada, ela teve de procurar uma lotérica. Moradora do bairro Aero Rancho, ela admite que poderia comprar o que precisa nas lojas próximas a sua casa, mas prefere a praticidade de encontrar todos os produtos em um só espaço.
“Se vai fechar mesmo eu não sei, mas acho que está assim porque tem muitas regras e eles não devem estar cumprindo. Eu estou com um boleto de quase R$700 para pagar, só daqui da C&A e dia 10 já tem outro, do Calcard. A gente vem pagar, vê alguma coisinha e acaba se interessando. Os juros são altos, mas mesmo assim não deixo de comprar. Estou para vender meu carro para pagar todas essas dívidas. Se um dia essas lojas acabassem, ninguém ia sair do bairro. No meu mesmo, Aero Rancho, tem de tudo, mas eu sempre venho no centro”.
Diferente dela, o passeio do casal, Maria Aparecida Dias e Henrique da Silva Faria, para matar a saudade da 14 de julho foi sem cartão de crédito ou compras parceladas com várias prestações. Eles relatam que compram de roupa a eletrodomésticos nas lojas de departamento, ainda mais depois que descobriram a facilidade da internet. Mesmo assim, durante a quarentena, o rápido passeio serviu para repensar inclusive os hábitos de consumo.
“A gente tem o hábito de não fazer prestação e pagar tudo de preferência sem juros, quando é necessário parcelar. Ficar sem as lojas já deu saudade, se acabassem, ia ser, além de difícil, desconfortável. Nessas maiores, junta tranquilidade com preço justo e qualidade”, explica Maria.
Ambos com 63 anos, Henrique lembra da época que a 14 de julho era recheada de lojas de departamento, com algumas diferenças das atuais. “Nós somos do interior, de Corumbá, e eu lembro da minha mãe vir comprar nas Casas Buri, mas a venda não era de roupa pronta, eram muitos tecidos, e ela era costureira. Tinham outras que vendiam de tudo também, a Arapuã, Trivelatto, Brasimac e Mesbla. Tinha que pedir para vendedora pegar escada e subir lá em cima nas prateleiras”.
José Antônio da Silva, de 60 anos, foi demitido da fábrica de tubos onde trabalhava e aproveitou o acerto recebido da empresa e as lojas maiores abertas, para comprar itens que há tempos era necessidade. “Se não tivessem essas lojas, eu sentiria muita falta. Não gosto de enfrentar fila e não tenho paciência, compro tudo no mesmo lugar. Se fosse comprar uma coisa em cada loja, seriam muitas filas”.
Com três sacolas, José ainda não conhecia a nova 14 de julho, com as ruas e lojas reformadas após a revitalização, pois há um ano não saía para fazer grandes compras para casa. “Trabalhava a semana inteira e sábado e domingo queria mesmo é descansar. Depois que a firma me mandou embora, “desci” no centro para comprar o necessário: edredom, lençol, frigideira e um fogão. Se ficar passeando, a gente gasta mais”, explica.
Conforme a supervisora da Riachuelo no Centro, Emily Luiza do Nascimento, 32, a central esperava para decidir sobre a abertura. “Não compensava abrir todo o funcionamento da matriz para apenas uma loja, enquanto não foi autorizando mais lugares, estávamos fechados. Até quinta-feira eram 20 lojas abertas no Brasil”.
O quadro de colaboradores também foi reduzido. Os do grupo de risco foram “suspensos”, segundo ela, e na unidade ninguém foi demitido. “Todas as Riachuelos começam a abrir hoje, nas cidades onde a Prefeitura liberou. Mesmo que aqui a liberação ocorreu faz 15 dias, tivemos que fazer manutenção, chamar toda equipe de limpeza para organizar, compramos EPIs para os funcionários e marcamos o espaçamento entre um cliente e outro”, explica Emily.
Segundo a assessoria do Shopping Campo Grande, “a previsão de retorno da unidade da Renner situada no shopping é para semana que vem, mas sem confirmação oficial ainda”. Quando às lojas Renner e Riachuelo do Shopping Bosque dos Ipês, a assessoria do local informou que “a previsão é que todas retornem, cada uma a seu tempo e seguindo também as orientações das suas centrais. Não sabemos informar porquê umas abrem e outras não”. A reportagem tentou contato com a matriz das lojas C&A e Renner, questionando o motivo de permanecerem fechadas, mas até a publicação, não obteve resposta.
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