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Diversão

O roteiro é inesquecível para quem foi de Campo Grande até cidade feita de sal

Thailla Torres | 26/01/2017 07:45
"Foram os momentos mais incríveis da minha vida", diz Guevara. (Foto: Arquivo Pessoal)
"Foram os momentos mais incríveis da minha vida", diz Guevara. (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de viajar quase toda a Europa de mochila nas costas, o professor de inglês Guevara Vasco de Toledo Pereira, de 36 anos, decidiu fazer um roteiro novo pela Bolívia e chegou a um dos destinos turísticos mais incríveis que já viu na vida, o Salar de Uyuni, um lugar onde tudo é feito de sal.

Mesmo com cenários tão incríveis, Guevara lembra que muita gente, principalmente em Mato Grosso do Sul, tem o receio de se aventurar na Bolívia acreditando ser um país pobre e sem estrutura.

"A impressão que a gente tem da Bolívia é aquele fronteiriça, mas o país é muito rico culturalmente e nem todo mundo tem essa ideia. Eu sempre quis explorar a América do Sul, mas por conta do tempo, resolvi ficar somente pela Bolívia durante 15 dias e posso dizer que foi uma das viagens mais incríveis que fiz na minha vida".

Foto com os amigos no Salar. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto com os amigos no Salar. (Foto: Arquivo Pessoal)

O roteiro inesquecível começou logo que Guevara atravessou a fronteira. De Puerto Quijarro, conheceu Santa Cruz e Sucre até chegar ao Salar de Uyuni, que fica no sudoeste perto da Cordilheira dos Andes, na fronteira com o Chile.

Guevara escolheu a viagem toda de ônibus pela economia do tempo e o preço acessível. Mas há quem prefira sair da fronteira até Santa Cruz de trem, é uma opção. "Existe toda aquela poesia e romantismo do passeio de trem. No entanto é muito demorado, são mais de 20 horas até Santa Cruz. Por isso escolhi o ônibus, paguei cerca de R$ 70,00 e o veículo era confortável e tem até wifi", comenta.

Para quem pretende fazer o caminho até o Salar, Guevara avisa que o trajeto reserva emoções e lugares encantadores, impossível de não deixar qualquer um apaixonado pela beleza do país. "A paisagem começa a mudar completamente. De repente, você olha para os lados e vê lindas montanhas, cactos gigantes, aqueles cemitérios clandestinos todos coloridos e uns vilarejos perdidos no meio do nada, entre os vales e as montanhas", conta.

A chegada em Santa Cruz surpreendeu pelas opções para diversão. "Passamos uma noite por lá e é uma cidade muito gostosa. Quem tiver mais tempo pode aproveitar a noite com vários bares, cafés legais...", descreve.

Em seguida, Guevara continuou até Sucre, lugar de arquitetura imponente no centro histórico, que conserva grande parte do patrimônio boliviano. "É uma cidade totalmente colonial, as casas são muito diferentes e até as pessoas. Um lugar que eu também não esperava encontrar", diz.

Foto surrealista, é indispensável a quem visita o Salar de Uyuni. Guevara resolveu brincar com um dinossauro.
Foto surrealista, é indispensável a quem visita o Salar de Uyuni. Guevara resolveu brincar com um dinossauro.
Ao lado dos amigos a viagem ficou ainda mais divertida e incrível.
Ao lado dos amigos a viagem ficou ainda mais divertida e incrível.

Durante a viagem, o professor se surpreendeu também com a economia e a possibilidade de usufruir de uma boa gastronomia. "Fomos em um restaurante em frente a uma praça, talvez um dos mais caros da cidade, e a gente gastou com um prato R$ 30,00. Comemos comida típica, mas com toque gourmet e bem elaborada", conta.

De Sucre, enfim Guevara continuou a viagem até o Salar de Uyuni. Foram três dias visitando o deserto. Ele e os amigos compraram um pacote em uma agência de viagens que inclui guia turístico, acomodações e refeições como café da manhã almoço e jantar. Guevara gastou cerca de R$ 450,00 pelos três dias.

"Tivemos um guia maravilhoso e que mostrou lugares incríveis. É tudo muito simples, desde as refeições até o local em que todo mundo dorme junto. Quem está viajando, deve curtir tudo como uma aventura que vale muita a pena, mas sem luxo".

O guia leva e prepara todas as refeições para os turistas, que comem no meio do deserto, em pontos criados para isso.

O caminho até o deserto de sal é cheio de histórias. "Fomos em grupo. O guia vai nos mostrando cada detalhe. No início do trajeto, passamos por um cemitério de trens e ele vai nos explicando toda a história das sucatas de origem inglesa e como funcionava a extração de sal. Depois passamos por um povoado que sobrevive da extração e descobrimos como funciona todo trabalho deles".

Depois de viajar a Europa com mochila nas costas, Guevara resolveu conhecer a América do Sul.
Depois de viajar a Europa com mochila nas costas, Guevara resolveu conhecer a América do Sul.

Dos três dias pelos desertos, o primeiro deles foi no Salar. "Acho que foram os momentos mais incríveis da minha vida, a gente vê que não somos nada. Você olha para frente e não enxerga nada além daquela coisa branca. Há uma mistura de temperaturas com o sol e o vento", descreve.

A dica para quem for viajar é usar óculos escuros por conta da claridade. "É muito claro, é necessário óculos porque no fim dos dia, os olhos ficam vermelhos e doloridos", sugere.

No período chuvoso, de dezembro a março, o Salar de Uyuni é ainda mais exuberante pelos espelhos d'água que se formam e refletem o céu. Dessa vez, Guevara diz que o chão estava bem seco, mas nada que fizesse o lugar perder o seu encanto. "Aquela mistura de terra com sal é lindo de ver. Em alguns pontos quando você olhar, parece um oceano", conta.

No fim do dia, é a hora de contemplar um por do sol inesquecível. "O por do sol mais lindo que eu tinha visto na minha vida foi no meio do Rio Paraguai, mas o que eu vi no Salar foi incrível", descreve.

Guevara dormiu em um abrigo todo feito de sal e apenas um dos dias teve a oportunidade de tomar um banho quente. Pelos gastos, o professor avalia que, com R$ 1,5 mil dá para fazer uma viagem incrível de maneira confortável pelo país.

"Eu comi bem e me aventurei sem nenhum problema. Nas cidades por onde passei, ainda dá para fazer umas comprinhas de peças típicas da região. Você não paga caro por hospedagem e alimentação, e aproveita uma formação geográfica maravilhosa. Tem uma visão ainda mais linda do país e vê o quanto é um lugar rico", declara.

No Salar, há vários hotéis feitos com tijolos de sal, com o conforto de um hotel convencional, mas com diárias de cerca de R$ 500,00.

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O por do sol visto do Salar de Uyuni.
O por do sol visto do Salar de Uyuni.
Foto clássica, feita por viajantes que conhecem o Salar em época de chuvas.
Foto clássica, feita por viajantes que conhecem o Salar em época de chuvas.
Trajeto tem sucatas de velhas locomotivas, abandonadas com a decadência econômica da Bolívia no século passado.
Trajeto tem sucatas de velhas locomotivas, abandonadas com a decadência econômica da Bolívia no século passado.
Paisagem é considerada uma das mais belas do mundo.
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Montanhas geladas também formam o cenário.
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Lhamas pelo caminho.
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Hotel Luna Salada, com diária de R$ 478,00.
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