Pandemia não deixou Elvira celebrar os 85 anos com festa de São João
Sem reunir a família, ela fez aniversário ontem, ouvindo o canto dos pássaros no jardim e agradecendo as ligações de parabéns
Sem o arraial, dona Elvira Pinto de Araújo Alarcon celebrou a chegada dos 85 anos ouvindo o cantar dos pássaros no jardim e agradecendo as ligações de parabéns. O aniversário foi ontem, no Dia de São João e pela primeira vez ela não pode fazer a festança tradicional, que reúne a família.
“Acordei cedo, li a bíblia, fiquei sentada na varanda, fui ver as plantas no jardim porque tenho quintal grande, tem pássaros. Não teve festa, mas aceito bem isso porque é da vontade de Deus e converso com ele todos os dias para aliviar o coração”, diz.
2020 é um ano diferente para a aniversariante, já que está passando mais tempo em casa e vendo pouco a família. O sentimento é meio uma mistura de chateação por estar longe de quem ama, mas ao mesmo de tempo de felicidade, por saber que todos estão bem nesse período de pandemia do coronavírus.
Dona Elvira já estava isolada em casa antes mesmo do vírus chegar à Capital. “Estava ficando mais aqui dentro, pois tive uma fratura na perna. Estou tranquila em casa e tristeza não tem vez comigo. Todo dia acordo bem, tomo meu banho e rezo”, conta.
No ano passado, ela celebrou a chegada dos 84 anos em ritmo de São João. “Foi uma festa caipira, enfeitaram a casa e como tem um espaço grande nos fundos, a família dançou. É sempre uma emoção enorme ver todos reunidos e gosto das festas porque vejo a união dos meus 4 filhos, 10 netos e 5 bisnetos”.
O arraial foi animado, com direito a decoração com bandeirolas e até comida caipira e churrasco, do jeito que a aniversariante adora. Elvira relata que de ter nascido na mesma data em que celebra o dia São João, era para ter sido chamada de Joana, mas na hora de registrar ficou Elvira.
“A família é devota de São João e gostaria que meu nome tivesse sido Joana. Minha irmã que já faleceu se chamava Antônia, pois tinha nascido no dia de Santo Antônio. Meu irmão mais velho a mesma coisa, se chama Alberto porque nasceu no dia do Santo Alberto”.
Já foram vários anos celebrando a vida do jeito que a família gosta, com muita música, churrasco e animação. No entanto, neste ano, por conta da pandemia não deu para planejar uma festa por questão de segurança. Contudo, a data não passou em branco e dona Elvira ficou o dia todo agradecendo as ligações de parabéns.
“As ligações foram muito importantes para mim. Um cunhado que mora em São Paulo me ligou e ficamos quase uma hora conversando. Todo dia alguém me liga, meus filhos, netos, sobrinhas, ficam se comunicando comigo. Gosto de sentar e conversar pessoalmente, mas nesse momento o celular está ajudando muito. Me sinto bem com as ligações”, destaca.
Apesar de não ter tido a festa tradicional para comemorar com todos, alguns membros da família conseguiram dar uma passadinha em frente à casa da matriarca para desejar um feliz aniversário. “Foi rapidinho”, afirma a aniversariante.
Mesmo que o aniversário não tenha sido como gostaria, Elvira prefere agradecer ao invés de reclamar. “Agradeço sim, pois estou tendo uma vida longa e se o senhor permitir, vou mais longe ainda e estou lúcida”.
Ela é positiva, gosta de pensar que tudo vai melhorar e se a pandemia acabar neste ano, pretende fazer a festança de São João fora de época mesmo e reunir a família para dar aquele abraço apertado e festejar a vida. “Espero que termine logo, pois também quero ir ao casamento do meu neto que está programado para janeiro de 2021”, diz.
A neta, Flávia Laís de Araújo Alarcon conta que a ideia desse ano era fazer uma festa grande para celebrar os 85 anos de vida. “Meu tio passou o ano reformando um espaço que seria inaugurado com a festa de aniversário dela, mas não deu por conta da pandemia”.
Aos 31 anos, ela é bailarina e professora, e recorda da época que a família costumava a comemorar a data no sítio. “Quando era criança, meus avós tinham uma chácara e as festas eram sempre lá. Tinha fogueira e minha avó fazia doces”. Depois de um tempo, o espaço foi vendido.
Neste ano, apesar de não ter ocorrido festa, os familiares deram um jeitinho para não deixar a data passar em branco. “Encomendei um bolo de milho com curau, em alusão ao São João e pedi para entregar na casa dela. Minhas tias e primas que moram em São Paulo fizeram chamada de vídeo, meu irmão enviou flores, minha prima entregou um desenho e minha filha fez e cantou uma música para ela”, conta.
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