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Diversão

Para que servem mesmo os quiosques do Parque das Nações Indígenas?

Elverson Cardozo | 04/02/2013 06:45
Atualmente, dois dos 6 núcleos de quiosques estão desativados. (Fotos: João Garrigó)
Atualmente, dois dos 6 núcleos de quiosques estão desativados. (Fotos: João Garrigó)

Quem frequenta o Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, já percebeu, alguns quiosques espalhados pelo local sempre funcionaram como “decoração”. Desativados, não servem para o que realmente deveriam e, sem edital de concorrência lançado pelo Governo - o que garantiria a presença de comerciantes, por exemplo, a maioria acabou  ocupada por órgãos do poder público.

Ao que tudo indica, eles permanecerão ali, em espaços que poderiam ser mais um atrativo para melhorar a estrutura do principal parque da cidade e garantir uma água mineral, um refrigerante ou aquele lanchinho aos frequentadores que têm de sair do local para poder matar a sede do lado de fora.

Depois de 19 anos – desde a inauguração, a Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia) vai realizar, em parceria com a UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), um novo plano de uso e ocupação da área.

Os quiosques estão entre as preocupações, assim como a permissão de ambulantes em dias normais e não apenas durante shows. De acordo com a analista ambiental do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e gestora do parque, Ana Carolina Seixas Nascimento, de 32 anos, 4 dos seis núcleos de quiosques estão ocupados atualmente, um deles pela própria administração.

A PMA (Polícia Militar Ambiental) e a PM (Polícia Militar) ocupam outros dois. O quarto é divido por uma instituição de escoteiros – entidade sem fins lucrativos – e pela Codac, organização que oferece orientações esportivas para atividades praticadas dentro do espaço.

O quinto, segundo a administração, será ocupado pela Fundect, que pretende implantar uma unidade do Geopark. Sobra um apenas que, no caso, poderia ser ocupado por comerciantes.

Prédios estão abandonados. (Foto: João Garrigó)
Prédios estão abandonados. (Foto: João Garrigó)

Mas, sem edital, não há possibilidade de abertura para o público, garantem os gestores. Primeiro porque a procura é grande. Depois, a concorrência seria desleal. Para não piorar o problema, as portas continuam fechadas.

“Muita gente tem interesse em fazer comércio aqui dentro, mas não podemos ceder porque são várias pessoas. Para fazer isso, precisamos de um edital, para a concorrência pública”, disse.

Por enquanto, os núcleos que estão sem ocupação são dois. Um deles fica próximo ao Museu Dom Bosco, que fica dentro do parque. O outro está perto do Lago principal.

Descaso - Em ambos, os sinais de abandono são visíveis: escadarias sujas, portas se tranca, vidros quebrados e falta de iluminação. Até os banheiros, que poderiam estar abertos, continuam desativados.

Quem costuma frequentar o espaço vê a situação como puro descaso. Carlos Felipe Oliveira, de 22 anos, não é um visitante assíduo, mas afirma que os núcleos poderiam ser mais aproveitados. Para o veterinário, uma boa opção seria “transformar” os quiosques em lanchonetes ou lojas para vendas de artesanato.

Se deixar de lado a paixão pela arquitetura, a amiga, Camila Amaro, de 25 anos é mais técnica na hora de avaliar. Diz que deveria haver um estudo com os “usuários”, ou seja, com quem vai ocupar o espaço.

Arquiteta, Camila Amaro diz que área poderia ser aproveitada, mas seria necessário uma avaliação com os usuários. (Foto: João Garrigó)
Arquiteta, Camila Amaro diz que área poderia ser aproveitada, mas seria necessário uma avaliação com os usuários. (Foto: João Garrigó)

De nada adianta, na avaliação dela, pensar na economia que vai ser gerada e deixar de lado o aspecto social. Um quiosque pode, por exemplo, ter churrasqueiras, mas até que ponto isso é viável? Atrapalharia os frequentadores que vão ao local para caminhar, fazer piquenique ou correr?

Tudo isso, segundo a arquiteta, deve ser levado em consideração. “Não dá para fazer uma avaliação sem pensar nos usuários”, disse. Uma das possibilidades, arriscou, seria tentar uma integração entre os quiosques e o Museu.

Via Judicial – Em resposta à reportagem, o gerente de unidades de conservação Leonardo Tostes Palmas, de 37 anos, ressaltou que a Fundect está preparando o novo plano de uso e ocupação da área. Os pesquisadores começam a trabalhar no projeto a partir de fevereiro.

Mas, até a finalização do estudo, que será encaminhado ao Governador André Puccinelli (PMDB), a orientação aos interessados em ocupar os quiosques é procurar a administração do Parque das Nações Indígenas, que fica dentro da própria área.

Como não há lançamento de edital há pelo menos 1 ano, a gestão do parque, explicou, pode tentar ajudar o comerciante por meio do judiciário. Neste caso, ressaltou, poderia haver um contrato, mas a resposta não depende de quem faz a gestão do espaço.

“Essa procura vai gerar um documento que a gente vai tramitar juridicamente. A única coisa que pedimos que é o interessado venha com uma proposta de viabilidade do negócio, ou seja, apontando se vai conseguir manter, se é certo”, disse.

As poucas vezes em que os quiosques foram abertos os comerciantes estavam vinculados a empresas ou associações sem fins lucrativos, relembrou.

Lazer - A ativação dos núcleos e a comercialização de alimentos ou objetos no local podem servir de incentivo e mais uma atração para visita aos frequentadores. Alguns até passam em frente, mas não entram.

Parque das Nações Indígenas é uma das maiores reservas ecológicas. (Foto: João Garrigó)
Parque das Nações Indígenas é uma das maiores reservas ecológicas. (Foto: João Garrigó)
Caroline Moreira é uma das frequentadoras. (Foto: João Garrigó)
Caroline Moreira é uma das frequentadoras. (Foto: João Garrigó)

A justificativa - e reclamação -, em alguns casos, é que no local não se encontra alimentos. Mais fácil e prático passear na Afonso Pena e parar para comer e descasar em uma dos vários pontos espalhados pela avenida, alguns deles em frente ao Parque.

“Em um período de férias era para estar lotado”, opinou a estudante de odontologia Caroline Moreira, de 21 anos, que resolveu passear com a amiga, a gerente Elisangela Izaias, de 32 anos.

Para a acadêmica existe, sim, alguns problemas, mas o campo-grandense não sabe valorizar o que tem. “O povo vai passear na Afonso Pena, mas não entra no parque”, disse.

Elisangela sabe reconhecer a beleza do local, mas não conhecia o Parque das Nações. Há 18 anos morando na Capital, a gerente nunca havia visitado uma das maiores reservas ecológicas do mundo. “É um lugar lindo”, resumiu.

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