ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  16    CAMPO GRANDE 25º

Diversão

Ricaça se entope de Cloroquina em peça sobre "Mulher Monstro"

Grupo do Rio Grande do Norte trouxe espetáculo inédito na cidade

Jéssica Fernandes | 04/12/2021 09:30
A peça "Mulher Monstro" exibida ontem, no Teatro Mace. (Foto: Álvaro Herculano)
A peça "Mulher Monstro" exibida ontem, no Teatro Mace. (Foto: Álvaro Herculano)

Direto do Rio Grande do Norte, o  Sem Cia de Teatro realizou apresentação inédita na Capital. Com a peça “A Mulher Monstro”, o grupo cativou sorrisos, provocou reflexões e arrancou aplausos vigorosos do público campo-grandense na noite de ontem (03), no Teatro Elite Mace.

O espetáculo, por meio de uma linguagem drag queen, trouxe reflexões a respeito do cenário político-social da atualidade com muito sarcasmo, ironia e humor. Para fazer a crítica social, a companhia reuniu falas, opiniões e discursos veiculados nas redes sociais de políticos e outras figuras públicas.

Na peça, o ator José Neto Barbosa, 30 anos, deu vida à figura de uma burguesa cis, cristã, conservadora e preconceituosa, que reflete a visão intolerante da sociedade brasileira. A personagem performática e expressiva realizou monólogos e interagiu com o público fazendo provocações que mesclaram o bom humor e a sagacidade.

Durante espetáculo, ator segura caixa de remédio. (Foto: Álvaro Herculano)
Durante espetáculo, ator segura caixa de remédio. (Foto: Álvaro Herculano)

Na jaula, posicionada no centro do palco, a figura narrou histórias que, pouco a pouco, revelavam a natureza fanática e intolerante. No primeiro ato, intitulado “Monstro”, ela surgiu vestindo uma máscara animalesca, emitindo diversos sons e retirando da bolsa caixas que representavam a cloroquina e ivermectina.

Já na segunda parte, “Cotidiano”, a cristã começou a fazer monólogos em que narrava situações pessoais, como o suicídio do filho, a traição do marido e o casamento do sobrinho com outro homem. As nuances da personagem eram enfatizadas com a rápida mudança de expressão facial, tom de voz e modo de falar. A expressividade da atuação ganhava ênfase com o jogo de luzes, que transitavam entre claro e escuro.

O espetáculo chegou ao ápice no terceiro e último ato, “Escarro”. Neste momento, a burguesa expressou todas as falas carregadas com uma visão do militarismo conservadorismo, machismo, racismo e homofobia.

Ator realizou discurso no final da peça. (Foto: Álvaro Herculano)
Ator realizou discurso no final da peça. (Foto: Álvaro Herculano)

Após quase duas horas, a peça Mulher Monstro chegou ao fim com direito a discurso emocionado do ator. Em poucas palavras, ele resumiu para a plateia a essência da trama. "Esse espetáculo é um grito de socorro", afirmou.

Ao Lado B, o diretor e dramaturgo José Neto Barbosa comentou que a apresentação do grupo é a primeira em quase dois anos. “É uma emoção muito grande, particularmente, estava esperando todos os dias para que acontecesse”, conta.

Em relação à obra, ele destaca que o conteúdo é resultado de diversos acontecimentos no cenário político e da pandemia. “O espetáculo é um acúmulo de tudo que vem acontecendo desde 2016, então, agora, nós puxamos referências da pandemia. É um espetáculo mutante, porque vai se transformando a cada dia. Em todas as apresentações, colocamos textos e formas novas ”, conclui.

Integram a Sem Cia de Teatro: 

Preparadora e Produtora: Isadora Gondim

Iluminador e sonografista: Sergio Gurgel Filho

Produtor Artístico: Mychell Ferreira

Curta o Lado B no Facebook. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.

Nos siga no Google Notícias