Sem famosa saltenha, Praça da Bolívia surpreende público com volta
Nem todas as barracas fizeram o retorno, e só 40% do público “raiz” preencheu o espaço aberto da praça mais boliviana da Capital
Sabe aquela famosa saltenha da Dona Dione? Pois bem, não foi desta vez. Até o choripán acabou quando o Lado B foi cobrir a volta repentina mas verdadeira da Praça Bolívia, a feira cultural que agrega artesanato, gastronomia e muita regionalidade. O evento estava praticamente a 8 meses sem edição, que acontece no segundo domingo de todo mês. Mas não tem problema – pelo menos foi um alento no coração de cada participante.
“Como fã, estava sentindo uma saudade enorme. Aqui foi crescendo, crescendo, e se tornou isso que todo mundo já conhece. É o melhor evento cultural do circuito alternativo que temos hoje. É realmente muito boa essa volta”, agradece o psicólogo Rômulo Said Monteiro.
Não é só ele que – como um super admirador das edições – veio desde o surgimento da Praça Bolívia, há 15 anos atrás. A artesã Eugenia Laura está a “somente” 10 anos expondo sua arte para venda no evento, e não aguentava mais a “frustração” de não rever os amigos, que ela considera como sua segunda família.
“Hoje até tomamos um café da manhã todos juntos e botamos o papo em dia. Foi terrível essa demora do reencontro, mas hoje aconteceu. E há de ter muitos outros. Tem tanta ruim acontecendo… aqui criamos uma família”, confirma a artista, que interrompe a entrevista assim que revê uma cliente de longa data.
Numa felicidade contagiante, comprimenta a amiga: “seja muita bem-vinda, quanto tempo! Estávamos todos com muitas saudades”.
Para as amigas Myla e Simone, o retorno das atividades da Praça Bolívia foi impactante.
“São pouco mais de 10h, o que significa que antes da pandemia isso aqui já estaria lotado. O número de barracas diminuiu e o público também, até já esperava por isso, mas estar aqui e ver de perto choca um pouco”, disse Simone Ferreira Soares.
“É aquela coisa, precisávamos voltar com a cultura também, então desse jeito respeitoso tá bem legal, eu pelo menos estou aprovando estar aqui de volta”, considera Myla Machado.
Já para o Grupo Tikay (que em quechua significa “encontro”), a associação responsável na organização de todas as edições da Praça Bolívia, o retorno repentino que só teve confirmação na última quinta-feira (5) – a poucos dias do final de semana – se deve a avaliação segura para que todos, entre produção e expositores, participem.
“Ainda estávamos em dúvida, mas pela conversa entre o grupo e também incentivo para nós voltarmos, resolvemos agitar uma edição depois de meses parados. Hoje, o evento serve de ‘termômetro’ para os próximos que virão”, garantiu Mônica Ayca do Nascimento, representante da feira.
Mudanças – Não teve as famosas saltenhas de Dione além das apresentações musicais, porém isso não deixou o público na mão. A Praça Bolívia garantiu arte e comida – e até som de música mecânica – sem mesas, cadeiras, teatro e outras brincadeiras. Por enquanto, isso tudo vai ter que aguardar.
“Aqui é o local mais democrático que conheço, e ainda bem que todo mundo entende que essa volta tem que ser gradual e respeitosa”, finaliza Mônica.
A Praça Bolívia funciona a partir das 9h em todo segundo domingo de cada mês. O endereço é na quadra da rua das Garças com a Barão da Torre, além do acesso pela rua Dias Ferreira com a Aníbal de Mendonça.
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