Cães são treinados para terapia de alunos especiais em escola pública
A recompensa do trabalho pode vir só em 6 meses, mas já aparece no sorriso das crianças que participam do projeto do 6º Grupamento de Bombeiros, onde os cães são a terapia.
A "Cinoterapia" foi criada para auxiliar crianças com necessidades especiais a desenvolverem habilidades motoras e de comunicação, e podem dar resultados na escola. “Com o animal tem o afeto, a alegria e assim a criança consegue chegar aos resultados mais rápido do que com a fisioterapia tradicional”, argumenta o capitão do Corpo de Bombeiros, Fábio Pereira Lima, 33 anos, que defende o processo com complementar.
Bruno Alves, de 11 anos, tem a Sndrome de Asperger, diferente do autismo clássico. Mas quando o cão aparece pela frente, ele é o primeiro a correr e abraçar Iron (3 anos) e Kauê (8 anos), ambos da raça Golden Retriever. São a alegria assim que chegam à Escola Municipal Múcio Teixeira Junior, no bairro Monte Carlo.
O menino é um dos 15 alunos que dividem o carinho dos cães. Bruno é um exemplo de que, mesmo em pouco tempo desde o início do projeto - apenas dois encontros, o convívio com os animais tem efeito garantido. "No inicio ele tinha muito medo. Hoje ele já espera, pergunta se não vai ver os cachorros e até pergunta quando ele vai poder trazer os colegas de sala para brincar também”, conta a professora auxiliar, responsável pelo aluno especial, Edna Albano Oliveira dos Santos, 49 anos.
Os encontros acontecem todas as quintas-feiras. O resultado, segundo a professora, é uma criança mais tranquilo em sala de aula e melhora na comunicação com as outras crianças. O próprio Bruno aponta quais são as causas da transformação. “Eu gosto de brincar, passear com ele e correr”, diz animado.
O capitão Fábio sempre acreditou no dito popular de que o cachorro é o melhor amigo do homem. A familiaridade com o animal vem desde a infância.
Quando entrou para a corporação, decidiu se especializar na área de operações com cães. Estudou por seis anos e fez três especializações na área. Há duas semanas colocou em pratica o seu projeto.
A mãe de Fábio trabalha com educação especial na mesma escola e foi responsável pela ponte entre o capitão e a instituição educacional. Quando a diretora Cléia Aparecida Freitas Siqueira Correia, 52 anos, conheceu o projeto, diz que não pensou duas vezes em trazer para os alunos. “A atividade teve grande aceitação pelas crianças. Ajuda elas a melhorar a ansiedade e trabalha as formas de comunicação alternativa", explica Cléia.
O trabalho é multidisciplinar e envolve vários profissionais, entre eles um médico veterinário, para garantir a saúde dos animais, além de fisioterapeuta, psicóloga e pedagogas.
Os cães são acostumados desde pequenos com sons, pessoas e outros animais. A principal característica na hora de selecionar um filhote para ser um cão-terapeuta é a docilidade. Depois, ele é treinado para não reagir caso a criança sem querer, por exemplo, puxe o rabo. O segundo passo é garantir a saúde do animal, por isso o Veterinário Antônio Carlos de Abreu, 47 anos, acompanha de forma constante.
Eles tomam banho toda a semana para saúde dos pelos e da pele, além de terem um rígido controle de pulgas e carrapatos. Os exames de sangue são refeitos a cada três meses, tudo isso para assegurar a saúde deles e das crianças. “Desde que o homem se aproxima do animal, ele já ganha o afeto, só isso já é benéfico. Nós cuidamos para que eles estejam sempre com a saúde em dia.”, comentou o veterinário.
Com tantos profissionais reunidos e a alegria estampada como motivação, o desejo do bombeiro que criou o projeto é de que se expanda ainda mais, para que Iron e Kauê possam fazer parte da vida de muitas outras crianças.