Cinco meses e quase 50 quilos depois, um antes e depois para comemorar com vocês
Quando naquela quarta-feira o meu esposo foi me levar até o hospital eu sabia que uma mudança aconteceria na minha vida, mas nem imaginava que seria tanto. Já tinha acompanhado alguns casos de cirurgia bariátrica, alguns próximo, a maioria pela internet nas comunidades onde eu vibrava com cada foto e sonhava com o dia em que eu poderia também comemorar meus primeiros quilos perdidos, mas nem em sonho eu acreditaria que isso aconteceria comigo e assim, tão rápido. Não, não que tenha sido um passe de mágica, ou assim tão fácil, mas ah, eu preciso comemorar isso com vocês, meus amados e queridos leitores e leitoras do Vai Gordinha aqui no Campo Grande News.
Eu cheguei aos inacreditáveis 166,5 quilos. Sim, cento e sessenta e seis quilos e meio. Não me perguntem como isso aconteceu, porque eu acredito que foi uma série de fatores que envolvem síndrome de ovário policísticos, uma vida super corrida, aliada a estresse diário e um ano ferrado profissionalmente onde eu vi meu corpo engordar 26 quilos em um ano, além de depois dos 30, emagrecer ter se tornado uma tarefa super complicada e missão impossível até para o Tom Cruise. Como eu já contei aqui que nasci gorda, eu nunca tinha tido problemas em ser gordinha, mas caramba, eu estava imensa! E Vamos combinar, olhando hoje as fotos do antes e depois, consigo perceber que na verdade eu estava me perdendo de mim.
Quando cheguei ao consultório do Dr. Cesar Conte e ele me disse que se eu não me cuidasse iria acabar morrendo (e sem pescoço) já era a quarta vez que tentava me convencer que a cirurgia era um mal necessário. Disso tudo, posso dizer que Dr. Cesar foi mais que um médico, foi um anjo protetor que não desistiu de mim, nem mesmo quando eu já tinha desistido. Quando eu já falava que “ah, estou gorda mesmo, deixa para lá”. Hoje vejo, que foi o bem melhor que fiz a mim.
Como quando aceitei o sorriso da nutricionista Mariana Corradi ao me dizer que eu iria aprender a comer e deixei de me irritar com os “Nãos” dela ou com a frase: “Mulher, paciência, tudo tem sua hora”. E pude me deliciar com meu primeiro pote de iogurte zero ou a primeira colherada de purê de batata. Como nem tudo são flores, das lágrimas que chorei e choro com a minha anja Eliane Nishikuma em seu consultório onde ela faz da terapia meu momento único de curar os furos da alma. Aliás, uma equipe nota mil no Instituto do Aparelho Digestivo e no IMPCG que me fazem cada dia dar mais um passo rumo ao sucesso.
Tive momentos memoráveis como o dia em que achei que poderia tomar uma Fanta Zero com três meses de cirurgia e junto com minha amiga Heloisa Mandetta, enchi um copo de gelo e sorvi um gole espetacular daquele néctar dos deuses e foi imediato a volta, passando mal ali mesmo no restaurante e depois contando aos risos para a nutricionista que me repreendeu e ainda disse: “Pode contar publicamente, é bom, porque daí vocês aprendem quando eu falo não”. Ou do dia que eu achando que estava tudo lindo, comi manga diretamente no caroço e tive dumpping que além de voltar, dormi igual criança.
E 150 dias depois, o que mudou com a bariátrica? Sempre me fazem essa pergunta. Eu posso dizer que tudo. Tudo mudou! Eu antes não usava calça jeans, porque nem mesmo a número 60 me servia e agora já estou usando numeração 50 (RÁ! Para você é muito, para mim é vitória!) e minhas blusas todas viraram vestidos, além de que, tive que renovar boa parte do meu guarda-roupa. E ele está recheado de roupas que eu agora escolho, e não somente aquelas que me servem, como era antes. E se antes eram só vestidos, agora tenho pelo menos meia dúzia de calças jeans, além de outras que já estão ficando grandes e logo terão que ser substituídas.
Também me sinto mais dispostas as minhas caminhadas, já que por falta de tempo ainda não faço exercícios em academia, mas não tenho mais aquela preguiça monstra até de levantar para buscar água e no meu trabalho, faço um percurso entre plenário e gabinete pelo menos umas dez vezes sem reclamar! E faço com gosto!
E como praticamente de tudo. Claro que tudo em pequenas porções e ainda brinco no restaurante com meu prato que tem só 120 gramas de comida. Afinal, tudo que economizo lá, eu gasto em roupinhas novas para meu novo corpitcho! Ah, sem contar que frutas e alimentação saudável faz parte da minha rotina igual suplementação de vitaminas. Mas como sushi e misto quente viu!
Hoje, minha autoestima é muito maior, voltei a desfilar moda plus size (logo escreverei sobre isso) e eu que calçava sapato 39, pasmem, estou calçando quase 36 e com 120 quilos já consigo passar o dia em cima de um salto sorridente e pirilâmpica. No entanto, minha saúde é o principal de todos. Saúde física, mental e pessoal. Falo pessoal, porque estou bem comigo mesmo. A mudança é perceptível no meu humor, no meu caminhar, na minha vontade de viver e principalmente na disposição em viver.
Com quase 50 quilos a menos (46 na verdade) eu já atingi pouco mais de 50% da minha meta pessoal. Não temos a meta médica no meu caso, já que era tudo tão assim, que meu médico só me pedia que eu me cuidasse e tivesse saúde. Tem coisas que me incomoda, tipo meu braço que caiu muito, mas eu dou risada quando meu afilhado Pedro chega e fala: ‘Vou pegar na sua banha’ e fica ali beliscando. Já avisei que quando eu tirar na plástica vou dar de presente para ele.
Não vou dizer que sou defensora perpétua da cirurgia, nem incentivadora máster da redução de estomago, porque como já escrevi nesses cinco meses, é uma cirurgia que tem seus riscos e benefícios e que para mim deu muito certo, mas que é preciso paciência persistência e uma dose de bom humor para enfrentar cada fase que ela tem. No entanto, um conselho que eu daria para cada um que hoje enfrenta a doença da obesidade é o amor próprio. E isso incluí uma conversa franca com si mesmo e depois com um médico de confiança, para decidir se esse é o caminho. Para mim foi, e uma imagem (de antes e depois) fala mais do que todas essas pouco mais de mil palavras escritas aqui!