Como é triste fazer dieta abrindo mão de coxinha, chocolate e cerveja
Dá pra ser feliz fazendo dieta? Duvido. Dia desses um desabafo de um amigo no Facebook acarretou vários comentários de apoio. Apesar de já ter emagrecido 5 quilos ele dizia que era mais feliz quando comia coxinha e que não aguentava mais a cara e nem o gosto do iogurte natural.
É nas horas de dieta que a gente passa a dar valor até mesmo no feijão com arroz sem restrição de colheradas. Junto de uma segunda-feira, dia mundial de se começar o regime, vem a alteração de humor. Nítida no caso de muita gente.
Recepcionista, Tatiane da Silva Portilho Lang, tem 27 anos. Desde que entrou na casa dos 20, começou a engordar. "Baixinha", ela diz que o ganho de peso fica mais evidente por conta da altura. Ao longo destes sete anos, foram inúmeras dietas até ela chegar à reeducação alimentar.
"Percebo uma mudança no humor. Você fica mais irritado no começo. Não fica muito feliz não", brinca. Ela atribui essa alteração à restrição de comidas, principalmente relacionada à quantidade "Eu gosto de comer e ficar cheia, aí você tem que comer, não para ficar cheia, mas se satisfazer e até encontrar equilíbrio, é um pouco difícil. Mexe com o seu humor" descreve.
Nas fases de TPM então, é quando o chocolate mais faz falta. Por indicação da nutricionista, ela substituiu o tradicional pelo 70% cacau, mas não é a mesma coisa. "Ele não é doce, a impressão que dá é que você necessita comer algo doce e ele é horrível em comparação com o outro", desabafa.
A fase de não felicidade é notada, segundo ela, principalmente pelo esposo que percebe e sente a irritação. "Comida dá prazer. Uma alface nunca vai ser gostosa como um chocolate, mas você tem que trabalhar o psicológico, focar no que quer", comenta Tatiane.
Nutricionista, Paula Saldanha explica que é possível ser feliz, desde que a pessoa se conscientiza de que não existe milagre e sim persistência. "Não mudamos um hábito da noite para o dia, é necessário um trabalho árduo e muitas vezes de uma equipe interdisciplinar (nutricionista, psicólogo, educador físico e o médico)", descreve.
A alimentação afeta o humor tanto para excelente quanto para o péssimo e nessa vale a máxima "você é o que você come". A especialista ressalta também que a pessoa não pode ser radical. Quando se entra numa dieta com uma restrição total de vários alimentos, o corpo sofrerá alteração de humor.
"Na grande maioria das vezes temos que retirar gradativamente, mudar o comportamento da pessoa, pois ela tem todo um contexto, seja familiar, seja profissional de ingestão alimentar", exemplifica Paula.
Para esse humor não alterar tanto, o ideal é manter o equilíbrio de uma dieta bem prescrita, sem excessos de restrições, com gorduras de boa qualidade, com fracionamento, uma ingestão de qualidade e quantidade adequada e uma hidratação correta.
A comida traz felicidade, porque segundo a nutricionista, existem componentes que estimulam a produção de serotonina e endorfinas, que nos dá essa sensação. E abrir mão de comer, na nossa interpretação, acaba sendo também deixar de ser feliz. "A gordura ela traz mais palatabilidade, mas bloqueia sinais de saciedade", ressalta a nutricionista.
O trio coxinha, pizza e chocolate, por exemplo, atuam, em parte, como drogas em nosso corpo. "Seu uso e abuso podem ter efeitos semelhantes ao que nos faz comer cada vez mais, estes alimentos ativam células nervosas e conexões cerebrais", explica Paula. Seja chocolate, coxinha ou pizza, todos ricos em gordura, ela indica que o melhor a fazer é optar por variações mais saudáveis. Não parar de comer e sim fazer trocas.
"É histórico que sempre estamos comendo, seja para felicidade seja para tristeza, desde quando somos crianças nossos avós nos agradam com comida e não está errado, somente deveríamos ter uma cultura de uma ingestão alimentar de melhor qualidade", resume.