De presidente a faxineira, ninguém merece virar chacota por causa do corpo
Na terça-feira (8) a gente comemora o Dia Internacional da Mulher. E em um ano em que o cenário político está pegando fogo, eu quero falar de uma mulher em especial. A presidente Dilma Rousseff (PT). Dilma foi a primeira presidente eleita do Brasil e reeleita em 2014 por ter maioria dos votos dos eleitores. Fim, paremos de falar de política. Agora vamos falar do que realmente é o assunto da nossa coluna.
Não, eu não me conformo de em pleno 2016 as pessoas ainda usarem ofensas ao corpo ou estética de uma pessoa para criticar o desempenho profissional dela. E essa coluna surgiu a partir do momento em que vi uma postagem de alguém falando que “Nossa, Dilma voltou a engordar, era só o que faltava”.
Oi? Como assim era só o que faltava? Eu fico pensando em como essas pessoas estão lidando com as mulheres de suas famílias! Vi vários xingamentos contra a Dilma também no sentido de que ela não deveria estar preocupada em fazer dieta – alguém lembra, da vez que fizeram foto dela andando de bicicleta? – e sim em governar, como se nós mulheres não fossemos craques em fazer dieta e ainda sobreviver. Sobreviver com mau humor, diga-se de passagem, mas ainda assim continuar sendo mulheres. E por que com ela seria diferente?
Eu não me conformo que em pleno 2016 as pessoas – em especial mulheres, ainda usem palavreado chulo para se referir a uma mulher que chegou ao posto mais alto da República, simplesmente porque ela é mulher.
Nunca vi ninguém chamando os ex-presidentes de “putos” ou “piranhos” porque eles eram vistos ao lado de belas mulheres (quem lembra da pepeca da Lilian Ramos ao lado do Itamar Franco? E a história agora da amante do FHC que teria sido bancada com dinheiro público?). Vi sim gente aprovando.
Agora, a Dilma, porque não quer expor ou não quer ter uma relação simplesmente é alvo de xingamentos e insinuações sobre sua sexualidade. Como se com quem ela dormisse ou ficasse acordada na vida privada, fosse da conta de alguém!
Eu nunca vi ninguém chamando os ex-presidentes por nomes que fossem em relação a aparência deles ou roupas que eles estavam vestindo, mas quem não lembra do clássico vestido de renda da Dilma onde colocaram a mulher como se fosse uma “capa de botijão”. Aquilo foi o fim para mim! Meu Deus, eu odiava quando colocava uma roupa e alguém me falava que estava parecendo um “bujãozinho com capa” (podem rir, que eu sei da maldade do coração de vocês). E a vez da foto dela de maiô durante as férias! Mano, será que vocês tiram sarro da mãe de vocês quando elas colocam roupa de banho? E se tirarem, vão gostar?
E então, a Dilma foi emagrecer. Claro uai! Porque ela é presidente e é xingada todos os dias de nomes pejorativos que denigrem sua imagem feminina, ela não pode ter autoestima? Ou ela é obrigada a engolir o choro e ficar de boas? Ela foi a luta e com dieta emagreceu 17 quilos em menos de um ano! Leia bem: Aos 68 anos, com a rotina de presidente ela conseguiu um feito que muito mulherão chora para alcançar.
Então, quero deixar claro que essa não é uma postagem de defesa ou ataque a presidente em si, mas sim uma reflexão sobre o que deve ser feito para pensarmos com mais empatia, em especial nós mulheres. Gordofobia e preconceito não é legal nem mesmo quando do outro lado está alguém que você não concorda partidariamente.
Dilma, pode ser até aquilo que você não gosta, mas vamos combinar, que como mulheres, boa parte de nós, mal conseguimos chegar a líder de sala, então, mesmo que não concordemos com ela, respeito é bom e acredito que muita gente gosta! O protesto mais inteligente que alguém pode fazer é sem ofender a feminilidade ou o corpo de uma mulher, o resto, só vai fazer você parecer machista e babaca, seja homem ou mulher
