Em mais um encontro, cacheadas falam do poder pós transição capilar
O cabelo mexe com a autoestima de qualquer mulher, mas também é símbolo da força feminina. Tem o poder de melhorar ou estragar o dia que qualquer uma, principalmente, quando se trata dos fios enrolados. Para incentivar as madeixas e valorizar a cultura, ontem teve mais um encontro “Crespas e Cacheadas”, no Shopping Bosque dos Ipês, em Campo Grande.
“A ideia é promover a aceitação dos cabelos crespos e cacheados, e da cultura racial porque quando se aceita o cabelo, aceita também a cor”, destacou uma das organizadoras do evento, Thami DiCarvi. Ela tem 29 anos, é influencer digital e assumiu os cabelos como são naturalmente.
Ela e mais outras influenciadoras realizaram o evento no shopping e novamente compartilharam relatos de preconceito e da dificuldade de restaurar o cabelo que foi submetido ao longo processo no salão. “O movimento é contra o uso da química. Também temos que dar chances ao cabelo cacheado”, disse.
![Thami DiCarvi é influenciadora digital e fala sobre a importância de assumir os cachos (Foto: Alana Portela)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2020/03/10/212i82w8k1wgo.jpg)
Seja longo, médio ou curto, a proposta é aumentar a autoestima de todas as mulheres. Contudo, a pessoa que decidir assumir as mexas enroladas, tem que estar preparada para ouvir as críticas. “Precisa estar conformada, pois quando as afrontas aparecerem, não seja agredida psicologicamente”. “Como temos o passado do preconceito, vemos a necessidade de fazer isso. As pessoas acham que é moda, mas é um trabalho de formiguinha”, afirmou Thami.
Foi a quarta edição do evento e contou com batuques e dança africana. As pessoas que passavam pela praça de alimentação do shopping, paravam para ver o que estava acontecendo. Algumas mulheres ocuparam o palco e contaram as experiências de vida com relação ao cabelo.
As gêmeas, Geuzerli e Geuzerlini Oliveira têm os fios cacheados e resolveram aceitá-los há cinco anos. Contudo, ainda sofrem com o período de transição. “A gente parou de fazer a chapinha para restaurar os fios porque estava pouco demais. Estamos tratando ainda, porque danificou muito. Nos arrependemos de não ter aceitado antes”, disseram. O arrependimento e a aceitação fez com que uma das irmãs mudasse radicalmente. “Resolvi cortar e deixar crescer, mas quando cheguei em casa, cometei sobre o corte com minha mãe e fui para o quarto chorar”, recordou Geuzerli.
Elas têm 29 anos e relataram que alisavam os cabelos desde os 16 anos, após fazer chapinha pela primeira vez. “Antigamente não gostava do nosso cabelo. Uma vez saímos com nossa vizinha e ela pediu para fazer chapinha, e a gente gostou”.
![As gêmeas, Geuzerli e Geuzerlini Oliveira estão tentando recuperar os fios naturais há cinco anos (Foto: Alana Portela)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2020/03/10/2ezkyqe5k1a8s.jpg)
Quando crianças tiveram de enfrentar as piadinhas de mau gosto na escola. “O pessoal falava que era cabelo bandido, que se não estava preso, estava armado. Por conta disso a gente vivia de cabelo preso. Porem, como lavávamos a prendia, ficava com um cheiro forte porque não secava”, lembraram Geuzerli e Geuzerlini.
Já a recepcionista Kathlen Batista, 22 anos, afirmou que sempre gostou das madeixas naturais. Os cachos combinam com seu visual e não pensa em mudar. “Sempre tive cabelo afro. Acho muito lindo, pois a primeira coisa que notam no local onde está é o cabelo, ainda mais quando é cacheado, crespo”.