Grupo aceita o convite e se reúne no parque para meditar sob a lua cheia
Sentada com as pernas cruzadas em um tapete confortável e tentando manter a coluna ereta, você começa a perceber rapidamente que o dia foi longo. Na Meditação da Lua Cheia realizada na noite de ontem, no Parque das Nações Indígenas foi possível em cerca de 40 minutos, tentar deixar de lado um pouco o desconforto causado pelas horas de trabalho e o estresse, por meio de exercícios simples de relaxamento e respiração.
No gramado, próximo ao lago, cerca de 100 pessoas se reuniram em busca dessa paz do corpo e do espírito. O ventinho fresco que vem da água deixava o clima agradável e o silêncio só era quebrado pelo barulho de alguém na pista de caminhada próxima ou de um carro na Afonso Pena, a avenida mais movimentada de Campo Grande.
Os participantes, esses ficavam em pleno silêncio, com os olhos fechados, ouvindo atentamente as instruções, primeiro da professora de yoga Susi Lopes Marques e depois do próprio Sri Sri Ravi Shankar. “Ele é um líder humanitário indiano reconhecido pela Organização das Nações Unidas e que criou a ONG Arte de Viver, que leva a meditação para comunidades carentes de várias partes do mundo. Eu conheci o trabalho dele em São Paulo e me apaixonei”, afirma a psicológa Veruska Galvão.
Ela é a responsável por iniciar os trabalhos da ONG em Campo Grande e sonha em logo poder expandir as atividades. “Essa é a nossa primeira ação. A meditação da lua cheia acontece simultaneamente em várias cidades, como no Ibirapuera em São Paulo”, explica.
Como nosso corpo é formado por 70% de água, os seguidores dos ensinamentos de Sri Sri Ravi Shankar acreditam que a lua teria o poder de interferir em nosso bem-estar, assim como ela muda as marés do mar. “A meditação é capaz de elevar o nível da nossa consciência, de ativar áreas de nosso cérebro, e isso seria potencializado pela lua. É importante ressaltar que nós não somos uma religião, somos apenas uma ONG”, ressalta Veruska.
Para ouvir Sri Sri, os participantes devem ter um pouco de força interior para não se deixar abalar pela tradução simultânea. Como o líder fala em inglês, um homem traduz tudo para o português. Quem, assim como eu, não tem muita facilidade de se desligar do mundo e entrar de vez na meditação, se confunde nesse momento, mas nada muito grave. Assim que a respiração entra nos eixos, você logo começa a se sentir leve e tranquilo.
Sri Sri aconselha sempre a respirar profundamente e devagar, inúmeras vezes. O cheiro de insenso e o mantra ao fundo ajudam você a entrar no clima. Com o tempo, o convite é imaginar a energia da lua sob o seu corpo, tornando o mais leve e protegido. No final, os participantes são convidados a levantar os braços, espreguiçar e abraçar a lua, em um sinal de integração e paz.
A revisora, editora de textos e jornalista Lúcia Carolina dos Reis, 35 anos, era uma das presentes que tinha mais experiência com a meditação. Budista e praticante do yoga, ela era novata no exercício na presença da lua, mas adorou. “O silêncio, o contato com a natureza fizeram uma grande diferença. Na meditação você precisa ter uma concentração grande para evitar os barulhos e aqui parece que surge naturalmente. Acredito que foi por esse contato com a natureza e na presença de uma lua tão bonita, tão especial”, acredita.
A ideia de Veruska é de continuar com as meditações, sempre na primeira lua cheia do mês, e em breve conquistar uma sede para montar de vez a ONG em Campo Grande. “É um trabalho bem bonito, além de comunidades carentes, nós também levamos a meditação, os ensinamentos e cursos para penitenciárias e outras pessoas que necessitam. Desde que voltei de São Paulo tenho esse sonho de ter a ONG aqui”, diz.