Jornalista se livrou da enxaqueca com cardápio funcional e virou especialista
Jornalista por formação, Cristiane Gutierrez, de 35 anos, ou Cris Gutierrez, exerceu a profissão durante 10 anos. Em Campo Grande foi repórter, assessora de imprensa e, neste tempo, escreveu matérias de polícia, política, cidades, entre outros assuntos. Gostava do que fazia, mas com o passar dos anos descobriu que tinha vocação mesmo era para cozinhar.
A preocupação com a própria saúde foi o empurrão que faltava. Com intolerância ao glúten, especialmente ao trigo, ela sempre buscou alternativas para driblar a terrível dor de cabeça que sentia, mas como tinha dificuldades para encontrar os alimentos certos – e saudáveis, ela mesma tinha que se virar.
Decidida, a jornalista resolveu estudar para, então, mudar de ramo e de vida. Começou pela cozinha quente, fazendo cursos práticos, e acabou se apaixonando pela panificação e confeitaria, dentro da gastronomia funcional, área da qual se tornou especialista.
Hoje, livre das crises de enxaqueca, Cris mora em Fortaleza (CE), faz pós-graduação em Gastronomia, e vive de fazer bolos, pães, tortas, doces, além de outras delícias, que enchem os olhos, mexem com os sentidos, mas fazem bem para o corpo.
“Muita gente pensa que gastronomia funcional são alimentos sem glúten e lactose, mas não é só isso. A gastronomia funcional tem um conceito mais amplo, mas, basicamente, é o que vai fazer bem para o organismo e fazer ele funcionar melhor”, explica.
Cada pessoa tem sua particularidade, salienta. Tem gente que não pode comer determinado tipo de alimento e é justamente aí que a técnica vira prática. Na produção dos produtos, Cris não usa óleos vegetais comuns, por exemplo. “Só os prensados a frio, os extra virgem”, comenta.
Também não usa açúcar branco. Prefere a demerara (que passa por um refinamento leve e não recebe aditivos químicos), mascavo, mel de cana, de abelha e calda de agave (adoçante natural, 100% vegetal e orgânico). O sal é o marinho, mais saudável.
Resumindo: a gastronomia funcional, dentre outras explicações, consiste na substituição de alimentos por opções mais saudáveis. Isso inclui, se vale mais um exemplo, o leite de vaca, que pode ser trocado pelos leites vegetais, feitos à base de avelã e de amêndoas.
Nesse novo jeito de se alimentar, tem até algumas “novidades”, como a biomassa, uma pasta feita com a banana verde. O ingrediente serve para várias receitas. Pode substituir o ovo e até o leite condensado do brigadeiro. “Não tem sabor e nem odor”, afirma.
Um exemplo é o smoothie de morango, que também leva a biomassa de banana verde e é coberto com granola sem glúten, mirtilo e calda de agave.
As receitas desenvolvidas por Cris são ricas em sementes, oleaginosos, frutas, legumes e ervas. Os pratos, garante, são saborosos, e carregam saúde. “Gastronomia funcional, para mim, é a comida de verdade, aquela que faz bem para o seu corpo”, destaca.
Ela usa essas regras até para fazer Naked Cake funcional, com massa de cacau belga e noz pecã, coberto com ganache funcional feita com chocolate belga e biomassa de banana verde. Para decorar, mirtilos, farofinha de avelã e açúcar de coco. "Sem soja, sem glúten, sem lactose e sem açúcar branco", reforça
Para quem quiser arriscar, o Lado B reproduz, abaixo, uma receita indicada pela chef.
Bolo de cacau com coco
Funcional
Farinha de arroz - 260g
Farinha de côco - 20g
Fécula de mandioca - 20g
Cacau em pó - 30g
Goma Xantana - 3g (ingrediente que substitui o glúten - polissacarídeo obtido pela fermentação da bactéria Xanthomonas campestris)
Fermento químico - 16g
Óleo de côco - 150g
Ovos orgânicos -180g
Açúcar de côco -150g
Leite de côco caseiro - 180g
Coco seco natural- 100g
Modo de fazer: Peneirar os ingredientes secos. Bater bem os ingredientes líquidos com o açúcar. Misturar os líquidos aos secos delicadamente com um batedor (fouet) ou por um minuto na batedeira. Colocar em forma untada e assar por 40 min a 180 graus. Forno pré-aquecido. Retirar do forno e esperar 20 min para desenformar.