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Lição de moral é a ultima coisa que alguém triste precisa no Natal

Com a chegada do fim de ano, as festividades podem funcionar como gatilho para a tristeza intensa. Veja como ajudar alguém

Thailla Torres | 17/11/2020 09:20
Grinch, "vilão natalino", que tem justamente na alegria dessa época seu maior inimigo.
Grinch, "vilão natalino", que tem justamente na alegria dessa época seu maior inimigo.

Esse ano está mais desafiador emocionalmente para todos. Pandemia, isolamento, saudade, despedidas, perdas. E com a chegada do fim de ano, as festividades podem funcionar como gatilho para a tristeza intensa. Quem é que nunca ouviu por aí alguém dizer que odeia o Natal?

E como nem sempre a magia de Natal é capaz de superar essa tristeza, a psicóloga Raissa Ramos Ferreira Pedroli, especialista em luto, fala deste sentimento e dos caminhos para dar um novo significado a esse período do ano, principalmente em um ano tão turbulento.

“A pandemia nos colocou numa posição muito vulnerável diante da vida e da morte, além de nos afastar do convívio social, tão estruturante. Entendo que o isolamento, a angústia de não saber quando iria passar e a instabilidade econômica foram os fatores que mais pesaram para a população no geral, além das questões obvias da doença covid-19. E as festividades de final de ano em 2020 com certeza terão um sabor diferente”.

Com anos de experiência ouvindo pessoas e atendendo pacientes em seu consultório, a psicóloga avalia que muitos estão fechando o ano aliviado, pois escaparam do coronavírus e talvez seus familiares e amigos também, mas, para a grande maioria, além das sequelas físicas e emocionais desse período difícil, também há fatores de ordem prática que afetaram diretamente a vida.

“Desemprego, queda na renda familiar, separações e outras perdas farão com que as datas próximas também relembrem que nada mais é como um dia já foi, estamos vivendo, muito a contra gosto, “um novo normal” e isso pode sim, aumentar a sensação de tristeza e vazio”, alerta.

Por exemplo, quem perdeu alguém que amava para a covid-19 teve de lidar com novas regras que modificaram totalmente o modo de despedida. Além de ter que encarar o luto da própria perda, os enlutados foram impedidos de dizer adeus em um velório, de receber apoio emocional presencialmente, de abraçar outras pessoas. “Evidentemente que essa foi uma imposição devastadora para quem já estava vivenciando um momento tão triste. A falta de rituais pode sim ser um complicador do luto e poderá refletir e se potencializar nas festividades de final de ano. A “conta emocional” da doença está chegando parcelada e ainda teremos muitas "faturas" para arcar”, explica.

Psicóloga Raissa Ramos Ferreira Pedroli, especialista em luto.
Psicóloga Raissa Ramos Ferreira Pedroli, especialista em luto.

O que fazer – Segundo a psicóloga, o melhor é manter-se sempre atento a si mesmo e aos que nos rodeiam. “É comum sentir uma mistura de sentimentos e não conseguir compreendê-los logo de início, por isso, buscar apoio emocional é fundamental. Tentar se conectar e se aproximar dos amigos e familiares do jeito que for possível - redes sociais, ligações, vídeos ou tomando as medidas de segurança”, sugere.

Também é essencial saber reconhecer a hora de buscar ajuda profissional. “É importante quebrar os preconceitos e tabus ao redor da saúde mental, procurando se informar e levar informações a quem precisa dessa ajuda. Através de um acompanhamento profissional será possível lidar com os sintomas e sentimentos”.

Xô lição de moral – Raissa também é enfática em dizer que discursos e lições de moral são as últimas coisas que uma pessoa emocionalmente abalada precisará para lidar com seus sentimentos. “Ninguém fica triste e deprimido de propósito, assim como não é possível sair da situação com um passe de mágica. Ao perceber que alguém está em crise nesse fim de ano, ajude de forma efetiva, procurando um profissional que possa atender e oferecer suporte especializado. Esteja atento às necessidades dessa pessoa em questão para auxiliar em questões práticas como ligar e agendar uma consulta acompanha-lo, se for necessário”.

Raissa destaca que esse ano foi desafiador e angustiante para todos, pois mexeu com certezas sobre a vida, saúde e futuro, por isso, é importante repensar a nossa forma de existir, vínculos com as pessoas, valores e como viver a partir de tudo o que nos ocorreu. “Vejo que manter a saúde mental como prioridade é o que nos dará condições de enfrentar os desafios que virão no próximo ano”, finaliza.

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