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No Facebook, página convida a fazer do Parque dos Poderes, o nosso espaço

Paula Maciulevicius | 02/03/2015 06:57
No domingo de manhã, por exemplo, as vias do parque são tomadas de ciclistas que fazem do seu espaço. (Foto: André Maganha)
No domingo de manhã, por exemplo, as vias do parque são tomadas de ciclistas que fazem do seu espaço. (Foto: André Maganha)

O Parque dos Poderes já foi meu. Quando criança, ia pedalar aos domingos lá, ainda numa bicicleta com rodinhas. Cena que até hoje se vê pelos estacionamentos do parque. Neste domingo de manhã, depois de receber o convite para curtir a página no Facebook "O Parque dos Poderes é nosso", o Lado B foi viver na prática a sensação de tomar o espaço como nosso mesmo.

Criada na semana que passou, a Fan Page é na verdade um movimento que quer sair do virtual e pedalar ou correr nas avenidas. “O Parque é Nosso” foi criado por um grupo de amigos que usam para lazer ou esporte e que amam o Parque dos Poderes em Campo Grande. Eles não são os únicos. Tem tanta gente, mas tanta gente que corre, pedala, passeia com cachorro e demonstra que a apropriação já existe há tempos. De fato, o que o grupo quer é fortalecer a ideia e assim também cobrar soluções para problemas que dificultam o uso do espaço.

Depois de 20 anos sem pedalar, Aline encontrou a paixão na bicicleta e hoje prega isso. (Foto: Marcelo Calazans)
Depois de 20 anos sem pedalar, Aline encontrou a paixão na bicicleta e hoje prega isso. (Foto: Marcelo Calazans)

Depois de duas décadas sem pedalar, a advogada Aline Cristina da Silva, de 33 anos, resolveu subir na magrela de novo.

Os últimos dois anos foram de verdadeira paixão pelo ciclismo. Coisa que ela transmite na fala e também no olhar. Uma das criadoras da página, foi ela quem convidou o Lado B para se apropriar do parque pedalando, que só se concretizou graças à ajuda do Bike Anjo, projeto que além de ensinar a andar de bicicleta, também pode emprestar uma para as aventuras.

"Aqui em Campo Grande infelizmente não tem uma cultura de ciclovia e nem de atividades ao ar livre. Um reflexo disso é que vemos o Belmar Fidalgo e o Parque das Nações lotado. O parque é nosso, nós temos que lutar por isso", enfatiza. O movimento é para que as pessoas que já usufruem ou querem usar, se atentem para uma área que aos olhos de ciclista, pedestre, motorista ou motociclista, é lindíssima.

"A energia aqui é diferente, o clima, mas tem trechos abandonados. Você está caminhando ou correndo e de repente tem uma passagem de água, uma boca de lobo. Precisa de iluminação, ciclofaixa, segurança, não tem nenhuma lixeira ao longo da via", aponta. Apesar disso, o Parque é uma das áreas mais limpas da cidade, talvez pela consciência da preservação dos usuários.

Trilhas fazem parte do trajeto, bem como o espírito solidário. (Foto: Marcelo Calazans)
Trilhas fazem parte do trajeto, bem como o espírito solidário. (Foto: Marcelo Calazans)

O grupo quer isso: elencar pontos e apresentar sugestões que cheguem até o poder público, como por exemplo a instalação de um bicicletário para fomentar o uso da magrela nos servidores que ali trabalham, monitorar a segurança através de câmeras, colocar policiamento e por aí vai.

Na pele, o que eu senti pedalando 9 quilômetros com os ciclistas neste domingo foi o asfalto. Há trechos, próximo ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), por exemplo, que os remendos dos tapa-buracos são tantos que a gente precisa ter firmeza se não pode cair pela trepidação. Isso sem falar da dificuldade que é andar em meio aos carros, sem uma faixa específica e sujeita à boa vontade e educação dos motoristas.

O bacana de se apropriar do parque, o modo como acompanhei foi de bicicleta, é de conhecer pessoas e também o espírito solidário do grupo. Quando me cansei, em meio às trilhas e uma subida, todo mundo parou mais à frente para aguardar. Ninguém fica para trás, até porque em grupo é que os ciclistas têm mais força para tomar às ruas.

Pela primeira vez pedalando, Cristina também fez do parque, o seu espaço. (Foto: Marcelo Calazans)
Pela primeira vez pedalando, Cristina também fez do parque, o seu espaço. (Foto: Marcelo Calazans)

Empresário do ramo, Thiago Urias Lopes, de 31 anos, tem uma loja de bicicletas. Há dois anos ele pedala com frequência e também com propriedade. Além de saber pelas pernas o que o parque precisa melhorar, ele, assim como todos, querem mais opiniões.

"Quanto mais fomentar o Parque dos Poderes é melhor, você consegue gerar qualidade no parque. Com todo mundo dando sua opinião, agrega para o ciclista, para quem corre, para todos".

Assim como eu, a empresária Cristina Martinez, de 35 anos, encarou o pedal pela primeira vez, em grupo, neste domingo. A vontade de pedalar veio da necessidade de praticar um esporte e assim também fazer novos amigos.

"No Facebook, eu passei a procurar amigos que pedalavam, comecei a acompanhar e aí me mandaram o convite desse evento", conta. Já próximo do final do trajeto, ela se dizia apaixonada, em parte pelo cenário. "É maravilhoso, o fôlego está um pouco curto pela falta de experiência. Mas aqui consigo sentir a natureza, o ar, as árvores, até parei para ver os bichinhos".

No Facebook, a página está à disposição para ideias, sugestões e assim humanizar o Parque dos Poderes, que é nosso.

O grupo quer isso: elencar pontos e apresentar sugestões que cheguem até o poder público. (Foto: Marcelo Calazans)
O grupo quer isso: elencar pontos e apresentar sugestões que cheguem até o poder público. (Foto: Marcelo Calazans)
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