Uma decisão feita no espelho! Depois de anos me enganando sobre meu corpo
Eu lembro exatamente o momento em que decidi fazer a minha cirurgia e falei que seria nas férias de julho da faculdade e recesso do meu trabalho. Estava no dia 16 de maio de 2014, na casa da minha sogra, lá no Paraná. Era a primeira vez que eles me viam, e também a primeira vez que eu viajava com meu namorido Josiel. Eu sempre muito segura, cheguei chegando. Era casamento da minha cunhada, e eu seria madrinha. Então, eu entrei no banheiro para me arrumar e o banheiro da minha sogra é de deixar Narciso doido! Espelhos para você se enxergar inteira mesmo!
E foi o que aconteceu. Ali eu me enxerguei, ali eu me fiz duas perguntas. A primeira foi o que eu tinha feito do meu corpo. A segunda foi sobre o tanto de amor que meu companheiro tinha por mim. Eu tinha sido chamada à realidade quando olhei meu corpo inteiro.
Por anos me enganei sobre meu corpo, até porque sempre me amei muito. Tenho por genética a cintura “afinada”, mas aos poucos vi meus braços e pernas tomando proporções que as roupas tinham que ser maiores e calça jeans era um objeto bem distante de mim. Assim como andar de ônibus, ou sentar em uma cadeira de bar.
Eu acreditava piamente que se eu pegasse firme, eu emagreceria e tudo ficaria bem. Afinal, nunca tive a intenção de ser magra, só de ser menos gordo. A cirurgia que era pra ter “saído” anteriormente, tinha sido adiada ao descobrirmos um câncer grave em minha mãe, que me deixou estarrecida e com problemas de estresse e familiares, engordei em um ano 25 quilos.
E ali, naquele dia, olhando nos meus olhos, ali eu disse para mim: “Liziane, que tal experimentar o outro lado? Você já conseguiu tanta coisa, até quando vai enfrentar tudo isso? Os anos passam, que tal tentar?”
E foi o que eu fiz. Procurei novamente um médico, e senti vergonha de procurar o outro que já tinha ido. Fui até ele, mas a pressa em me operar era tão grande, que eu não senti firmeza. Me senti insegura, mas ainda assim comecei o pré-operatório pela terceira vez. Exames e mais exames, parei de novo na endoscopia e no compromisso profissional. Minha profissão requer e exige muito de mim. E era campanha, período que estamos focados naquilo. Então, no meio da campanha, era outubro de 2014 eu sofri um duro golpe que foi a morte da minha mãe, e o último diálogo que tive com ela foi ela falando para eu me cuidar, fazer minha cirurgia e ter um filho, o meu sonho de vida.
Destruída pela dor e compensando em jantares com meus sobrinhos e compras no supermercado, peguei o telefone e liguei para a Joice. Joice e as meninas são anjos travestidos de secretárias. Ela é a “agenda” do cirurgião Cezar Giovani Conte, escolhido por mim – a dedo e com confiança – para mudar minha vida. E ela marcou minha consulta.
A recepção com Dr. Cezar não poderia ser das melhores. Ele se lembrou de mim e puxou minha orelha, afinal, eu estava muito mais gorda do que da primeira vez que tinha ido lá e sentenciou que sairia de lá já com a cirurgia marcada. Num misto de alívio e medo, avisei ao meu patrão (meu principal incentivador) e a família. O resto, fiquei quieta, porque eu tinha medo de desistir de novo e colocar tudo a perder...
*Liziane Berrocal é jornalista, decidiu enfrentar a cirurgia de redução de estômago e vai contar todo o processo aqui, do antes ao depois.