Bem pantaneira, carne de jacaré some de cardápios e camarão paulista ocupa lugar
No Restaurante China, um dos mais tradicionais de Campo Grande, o funcionário destacado para falar sobre o cardápio explica: "Jacaré não tem, mas o pessoal tá gostando muito do Camarão à Paulista no lugar, aquele grandão", comenta Diogo Silva.
Conhecida pelo risoto de jacaré, a casa não vende mais o prato exótico e tipicamente pantaneiro. "Ninguém mais comercializa aqui. Se você achar alguém com jacaré no cardápio, é clandestino", comenta o funcionário.
Hoje, a única "diferença" oferecida aos clientes vem do mar, explica. Além do camarão dos grandes, há apenas polvo e lula. "Até rã a gente está com dificuldade porque o fornecedor morreu e a família não quis mais tocar o negócio", comenta Diogo.
Não que o jacaré fosse barato, mas comer uma porção com 6 camarões à paulista é algo de assustar: são R$ 84,00, o que representa R$ 14,00 por unidade.
Em falta - O cartaz na lanchonete Tokyo Dome, no Mercadão Municipal, ainda não foi retirado. Anuncia "Pastel ecologicamente correto", também por R$ 14,00.
O recheio seria de jacaré certificado, mas desde outubro quem procura, sai decepcionado. "Turista é quem mais busca esse pastel, mas não encontramos a carne para comprar. Era um carro-chefe", justifica o proprietário, Marco Katayama.
O estoque era abastecido na Rede Comper, que já não vende o produto. "Ouvi falar que poucos produzem e os que criam vendem para a exportação", chuta o dono da lanchonete.
No Comper, o setor de carnes exóticas tem rã, pato, marreco, mas nada de jacaré. Segundo a assessoria, a única empresa que fornecia em Mato Grosso do Sul fechou há 2 anos, em Miranda.
A produção em cativeiro na fazenda Cacimba de Pedra foi interditada pelo Ibama. O criador não tinha licença para o abate e depois do flagrante, acabou vendendo a propriedade que hoje só explora a pecuária em Miranda.
Agora, a esperança está em Corumbá. A única empresa com licença para começar a produção em Mato Grosso do Sul é a Caimasul, mas ainda está em fase de coleta de ovos para instalar a criação em Corumbá. Os planos são para o abate de 100 mil animais por ano, só a partir de 2016.