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Sabor

Casa de chef vira bistrô com piano de 100 anos para quem sabe tocar

Apaixonada pela culinária brasileira, Magda abriu a própria casa com um cardápio que dá água na boca

Thailla Torres | 04/09/2021 07:10
No espaço, há um piano com mais de 100 anos de história que causa encantamento nos clientes. (Foto: Henrique Kawaminami)
No espaço, há um piano com mais de 100 anos de história que causa encantamento nos clientes. (Foto: Henrique Kawaminami)

Quando surgiu a pandemia, maior desafio do mundo nos últimos tempos, o bistrô Aipim Cozinha de Raízes, que durante quatro anos se destacou em Bonito (MS), voltou a operar em novo endereço, no Bairro Santa fé, em Campo Grande. A proposta da casa é oferecer gastronomia afetiva com ingredientes brasileiros, uma música ambiente suave, e atendimento gentil.

O menu é assinado pela chef de cozinha Magda Moraes, que também é dona do restaurante e mora no pavimento superior da casa aconchegante, cheia de brasilidades na decoração, e que abriga o bistrô no térreo.

Magda ao lado do prêmio Dolmã, o Oscar da gastronomia brasileira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Magda ao lado do prêmio Dolmã, o Oscar da gastronomia brasileira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Quando mirada por quem chega, a casa de tijolinho à vista e duas capivara talhadas em madeira na entrada causam encantamento. Na varanda, mesas de madeira e cadeiras de ferro em modelos mais clássicos garantem espaço para refeição no ambiente externo.

No interior, cinco mesas, algumas com sua história evidente nos riscos e a madeira antiga. Habita no local, o talento indiscutível de Magda com a cozinha em uma das paredes, que exibe o primeiro prêmio Dolmã de uma chef sul-mato-grossense, considerado o Oscar da gastronomia brasileira. Ao lado, tem um piano antigo com mais de 100 anos de história na família, na qual Magda aprendeu a tocar com apenas seis anos de vida. Apesar do apego afetivo com o instrumento, ela jura que deixa quem sabe tocar dar um tom especial às refeições ali servidas.

Antes de deixar a pressa tomar conta para que o prato à lá carte chegue logo à mesa, vale encarar o lugar como uma inspiração do dia. Magda não só cozinha, como foi a responsável por colocar elementos na decoração que são a fotografia de sua história. A chaleira de ferro da avó, as louças de antigamente, as obras terenas que há anos fazem parte de sua história, o berrante que simboliza o encanto pelo pantanal e muitos artesanatos que fazem parte das viagens e presentes de amigos de longa data.

Pacu recheado preparado na folha de bananeira. (Foto: Rafael Mateus)
Pacu recheado preparado na folha de bananeira. (Foto: Rafael Mateus)
Coxinha de camarão é uma das entradas da casa. (Foto: Rafael Mateus)
Coxinha de camarão é uma das entradas da casa. (Foto: Rafael Mateus)
Arroz Emperequitado com carne de sol, calabresa e castanha de caju. (Foto: Rafael Mateus)
Arroz Emperequitado com carne de sol, calabresa e castanha de caju. (Foto: Rafael Mateus)

Não tem problema perguntar de onde veio algum deles, Magda é gentil nos segundos em que a cozinha dá tempo, e ainda ressalta que a filha, a arquiteta Paula Ortiz, deu toques muito especiais na casa. Por isso, é natural que você precise esperar um tempinho até que o prato chegue à mesa, mas se houver disposição para admirar o local e a música ambiente, assim como a companhia, vai perceber que o tempo ali pouco importa.

De terça a sábado, Magda serve apenas jantar das 18h às 22h. Já nas sextas, sábados e domingos tem também almoço das 11h às 15h. São pratos brasileiros tanto quanto o nome escolhido para o restaurante.

“O nome surgiu pela vontade de representar a brasilidade da cozinha brasileira, pensando nisso, nada melhor que a nossa raiz, a nossa mandioca, que representa o pão do Brasil”, comenta a chef.

No cardápio, os pratos com ingredientes selecionados e “frescos”, segundo a chef, são todos preparados na hora. Não tem essa de congelados. Os temperos são produzidos ali mesmo, assim como os molhos. Industrializado tem espaço mínimo no restaurante. “É comida caseira de verdade”, afirma.

As sugestões que mais se destacam são o “Carreteiro emperiquitado”, que além da carne de sol feita no próprio restaurante, tem calabresa, banana da terra e castanha de caju em sua elaboração. Outra sugestão, é o nhoque de batata doce com molho de requeijão. O pacu recheado com banana da terra e assado na folha de bananeira também é carro-chefe, no entanto, precisa ser encomendado com antecedência, enfatiza.

Mesas antigas compõem o ambiente interno para receber os clientes. (Foto: Henrique Kawaminami)
Mesas antigas compõem o ambiente interno para receber os clientes. (Foto: Henrique Kawaminami)
Obras de arte, artesanatos e lembranças de Magda vivaram decoração do bistrô. (Foto: Henrique Kawaminami)
Obras de arte, artesanatos e lembranças de Magda vivaram decoração do bistrô. (Foto: Henrique Kawaminami)
Entrada do bistrô, que também é a casa da chef, tem plantas e obras de arte. (Foto: Henrique Kawaminami)
Entrada do bistrô, que também é a casa da chef, tem plantas e obras de arte. (Foto: Henrique Kawaminami)

História com a cozinha Economista de formação, Magda se tornou cozinheira de coração. “Foi vontade de estar na cozinha e saber dos alimentos, há muito tempo, que me fizeram ir para a cozinha. Minha primeira ideia foi trazer a comida da fazenda para a cidade”, conta.

Durante 18 anos, Magda foi proprietária do restaurante Fogo Caipira, fundado em 1996, na Rua José Antônio. “Em 2009, encerramos lá, vendemos o restaurante, tirei um ano sabático e depois de alguns anos, montei um ateliê onde dava cursos. Depois, durante viagens a Bonito, me veio a ideia de montar um bistrô, assim, o Aipim nasceu em 2016 e ficamos lá até ano passado, quando surgiu a pandemia”.

Ao encerrar as operações na cidade turística, Magda retomou sua cozinha em Campo Grande, no dia 26 de agosto de 2020, como um presente para a capital, que celebrava naquele dia, 121 anos de história.

“Muitos me questionaram sobre a coragem de mudar e reabrir em plena pandemia. Mas é a força que brota na gente pela vontade de estar, de vencer e viver, porque está todo mundo na mesma situação. E agora, cada vez mais, a gente precisa ter essa coragem”, finaliza.

O restaurante fica na Rua Frederico Soares, 382 - Santa Fé. O horário de funcionamento é das 18h às 22h, de terça a sábado. E das 11h às 15h, somente de sexta a domingo.

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