Cliente pede comida e quando recebe encomenda ganha junto cartãozinho feminista
O feminismo veio primeiro. A cozinha, depois. Aos 21 anos, Priscila Suzuki resolveu unir o ideal com a profissão para, através da culinária, levar a quem compra comida, o que é o movimento. Há três semanas surgiu a "FOODminista", página no Facebook destinada a divulgar as deliciosas comidas de uma cozinheira feminista, no caso, ela.
"Eu conheci o feminismo em 2013 e fui me aprofundando. Ano passado decidi seguir carreira na cozinha", descreve como foi de um tema a outro. Priscila fez o curso de cozinheiro do Senac de abril a outubro de 2015 e escolheu o "ramo" onde a mulher é mais estigmatizada para trabalhar justamente o contrário.
"A gente vê isso da mulher como dona de casa e que vive dentro da cozinha, mas nos restaurantes, se encontra mais chefs homens. São eles, na maioria, dentro das grandes cozinhas", pondera Priscila. O estigma da mulher como cozinheira está ligado mais à criação que recebemos, de cuidar e tratar do marido em casa e no caso dos homens, é vista como profissão.
A ideia inicial da feminista e cozinheira sempre foi de misturar os dois temas, mas num restaurante. Como os planos podem demorar um pouco a serem concretizados, ela resolveu começar com o que tinha em mãos. A cozinha de casa e as feiras livres, como a Estação Urbana, na Orla Ferroviárias, às quartas.
"Minha ideia foi de vender comida gostosa, num preço justo e ao mesmo tempo espalhar o feminismo. Então toda vez que eu vou vender alguma coisa, entrego um cartãozinho", exemplifica Priscila.
O caminho escolhido foi a comida justamente por ser um produto de consumo fácil.
"O público que eu busco atingir é aquele que nunca ouviu falar, que está caminhando, resolve comprar e do nada recebe um bilhete e começa a ler. Foi um bom meio de unir os dois", avalia.
Apesar de não ser, ainda, vegana, Priscila tem preferência pelas receitas que não usam nenhum produto de origem animal. O carro-chefe, por enquanto, tem sido tortas doces e salgadas individuais. Sobre o que é ser uma coisa e o que é outra, Priscila tem resposta para as duas na ponta da língua.
"Para mim, feminismo é o empoderamento da mulher, é a visibilidade dela como pessoal, que tem toda essa ideia de igualdade. Por muito tempo a mulher foi vista como mãe, como esposa, dona de casa e ficou de lado a pessoa". Já a cozinha, nunca foi sonho, mas virou paixão ao ver como os ingredientes têm o poder de se transformar nas mãos certas.
"Vendo comidas, aqueles pratos prontos lindos, maravilhosos, os chefs falando como preparar e você ver a transformação da coisa, essa mágica da cozinha que me trouxe paixão", resume Priscila.
Os pedidos de encomendas e para saber onde Priscila estará vendendo, podem ser feitos e acompanhados pela página no Facebook.