Com pizzas e aulas de karatê, Luciano rebola para vencer à crise
Após isolamento, para evitar propagação da doença na Capital, ele precisou conciliar artes marciais com a produção de massa
Para sobreviver à crise provocada pelo Coronavírus em Campo Grande, Luciano dos Santos resolveu conciliar o trabalho de professor de karatê com a profissão de pizzaiolo. Essa foi uma maneira de continuar sustentando a família após o período de isolamento começar e, um decreto municipal, obrigar o fechamento temporário da academia de luta.
“A palavra que gosto de usar é resiliência. A gente que tem dificuldade não pode ficar reclamando. Temos que buscar atitudes positivas, driblar tudo isso”, diz.
Ele dá aula de karatê há 17 anos, uma profissão que aprendeu ao longo dos anos e exige uma preparação para passar os conhecimentos adiante. Com kimono no corpo, paciência e muita concentração, ele ensina os alunos algumas técnicas de artes maciais.
A academia onde trabalha estava funcionando a todo vapor, porém, precisou fechar as portas por algumas semanas em março deste ano, para evitar a propagação do Coronavírus. Sem alunos, mas com as contas chegando a todo momento, Luciano precisou encontrar algo para não ser tão prejudicado. “A opção que tive foi fazer pizzas e pães com a minha família. Se transformou num novo projeto”, conta. “Sempre que tinha tempo, fazia pizzas para meus amigos e parentes”, comenta.
Ele relata que aprendeu a botar a mão na massa ainda criança, quando viveu na instituição Educandário Getúlio Vargas. “Morei lá com meu irmão devido a separação dos nossos pais. Aprendi a fazer na infância e esse gosto permaneceu em mim”.
Já que o momento também não permite alugar um espaço ou fazer aquela inauguração para chamar a freguesia, Luciano decidiu apostar na produção das pizzas em casa e ainda acrescentou a venda dos pães caseiros. O trabalho de pizzaiolo começou em abril e, aos poucos, foi divulgando a nova profissão e oferecendo aos amigos, conhecidos, alunos e familiares.
Apesar do pouco tempo de produção, ele fez um cardápio para que os clientes pudessem escolher entre as 14 pizzas. Tem as tradicionais, como calabresa, bacon, frango com catupiry, margherita, mussarela, baiana, lombo ao creme e frango com milho.
Também tem as especiais, como frango com palmito, palmito e rúcula com tomate seco. De sobremesa, os clientes ainda podem escolher as pizzas doces, como a de Romeu e Julieta, a queridinha banana com canela, além da opção de chocolate. Aqueles que encomendarem uma pizza, ainda podem aproveitar o momento para solicitar o pão caseiro tradicional e garantir o café da manhã do dia seguinte.
“Tudo está sendo feito aqui em casa, com a ajuda da minha família. Minha mãe está me dando apoio nesse trabalho”, explica Luciano. As produções e vendas das massas são realizadas nas terças, quintas e sábados, em toda região de Campo Grande. Já nas segundas, quartas e sextas, ele se dedica as aulas de karatê.
O momento ainda é incerto, de muitos medos, principalmente com relação à saúde e ele sabe que é necessário ter cuidado. “O trabalho de prevenção está sendo feito na Capital. Tem o toque de recolher, acredito que isso evitou muito que a doença se espalhasse. Cada um de nós tem que tomar cuidado, cuidar da família”.
No entanto, para Luciano, essa é a hora de agir. “Não podemos ficar reclamando e tendo pensamentos negativos. Existe um problema, mas isso vai passar. A gente tem que se adaptar, buscar formas de renda que possamos sustentar a família e evoluir”, finaliza.
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