Com sabor que vem da horta, Tânia e os filhos são felizes em pizzaria charmosa
Além de uma decoração rústica e afetiva, pizzaria chama atenção pela história dos donos, que já viveram em muitos lugares
Um lugar mini e charmoso, com pizzas de bordas gorduchas que realçam os produtos cultivados pela própria família. Esse é a pizzaria de Tânia Boaventura Cruz, que tem um caso de amor com a alimentação há 42 anos. Na verdade, quando se mudou da última cidade que viveu para Bonito, encantada com a natureza e o clima tranquilo que encontrou por ali, a cearense de nascença não tinha em mente tudo o que esperava do futuro. Hoje se sente realizada ao lado dos filhos por acordar diariamente para colher os ingredientes e elaborar a receita queridinha entre as pessoas.
Ali, ela mesma circula entre os móveis rústicos, cuidando um pouco de cada detalhe, mas dividindo o tempo com a cozinha e a horta. É do quintal de casa que vem a maioria dos ingredientes utilizados no recheio, como o tomate cereja, orégano, brócolis e cheiro verde. O molho de tomate que compõe algumas receitas, claro, também é caseiro. Na despensa, Tânia garante que é impossível encontrar enlatados.
“A história é grande. Meus filhos cresceram dentro de uma proposta de vida saudável, onde plantávamos os nossos próprios alimentos dentro de uma comunidade. E quando você fica consciente da importância dos alimentos não consegue oferecer algo que não preste”, conta a sócia-proprietária, aos 62 anos.
Tânia é dona da pizzaria junto com os filhos, Uli e Tui Boaventura. Uli está sempre presente no atendimento, no financeiro e detalhes da cozinha. Tui é um talentoso fotógrafo que cuida do marketing e registra bons momentos dentro da casa, principalmente detalhes que tornam o lugar único e familiar para quem faz uma visita, por exemplo, a arquitetura.
O tamanho e a simplicidade são as partes mais especiais do lugar. Parte da decoração foi feita à mão e muitos elementos foram reaproveitados para que a casa não perdesse as memórias. Com reforma e projeto de interiores assinados por Marianne Basilio e Celso Poli, do escritório Lob Arquitetos, o foco era renovar a pizzaria sem gastar muito, e deu certo.
Além do sabor da pizza, o cliente leva para casa ideias para uma decoração afetiva e de baixo custo. No lugar de paredes, o que separa o restaurante do lavabo é uma divisória de corda de sisal trançada. Alternativa que reforça o uso de materiais crus e simples para a imagem do lugar. Isso também ajuda a manter a ideia de amplitude.
O lavabo com parede de poá é outro charme. A pintura feita com tinta de metal preta um tubo de cola bastão foi ideia para combinar com os quadrinhos feitos por uma mulher centenária e que são os xodós de Tânia. Como estavam escondidos na decoração do salão, os quadrinhos pequenos ficaram proporcionais e mais valorizados no banheiro.
Menu - Essa naturalidade na decoração é igualmente resgatada no sabor. Tânia revela que as pizzas não são tão tradicionais assim. A massa tem um ‘plus’ de ingredientes que garantem o “equilíbrio de sabores” priorizado pela família. “Não é só trigo, água e sal como em outras receitas. Nossa massa leva entre os ingredientes a semente de linhaça dourada e fibra de trigo”, conta.
As pizzas são servidas no à lá carte. O carro-chefe atualmente é a pizza de funghi com gorgonzola, castanha e cebola caramelizada. A receita vegetariana atiça até os mais carnívoros.
O engraçado é que Tânia é vegetariana há mais de quatro décadas e mudou-se de uma comunidade onde ela não comia carne para uma cidade sul-mato-grossense “altamente carnívora”, uma vez que os peixes e a carne de jacaré fazem sucesso entre os turistas. Mesmo assim ela soube conciliar as próprias preferências com os desejos dos clientes. Por isso, a pizzaria atende todos os públicos, dos veganos a quem ama carne.
Para homenagear a cidade, ela criou a pizza Bonito que leva carne de sol com abóbora cabotiá. A marguerita também é especial, além de muçarela, a receita leva parmesão e muçarela de búfala. Entre as tradicionais a calabresa não vai só queijo, ela também é servida ao creme.
A casa também serve saladas, wrap vegetarianos e cremes, que são sopas elaboradas com ingredientes naturais para quem não dispensa um caldo ao anoitecer.
Aprendizado – No entanto, trabalhar com pizzaria não foi algo planejado na vida de Tânia. “Morei em oito lugares diferentes antes de me mudar pra cá”, ela conta. Assim como em Bonito, em outros lugares ela atuou na área de alimentação, porém, produzindo e entregando alimentos naturais à comunidade.
Nessa caminhada ela e os filhos viveram muitas histórias, com vários amigos e a proposta de oferecer algo diferente. Um dia, uma amiga que já morava em Bonito falou da cidade e fez o convite. Tânia viu a ideia com bons olhos, mas precisava saber se tinha o apoio dos filhos. Quando os meninos deram apoio incondicional ela não teve dúvidas, mudou-se e recomeçou a vida.
A pizzaria começou pequena e a receita não vinha do forno. Tânia, os filhos e um ex-sócio e amigo começaram fazendo pizza na chapa, por que era o que tinham em casa e garantia também a massa fininha, crocante. Depois de um tempo, com o aumento da cliente, foi preciso expandir. “Compramos então um forno esteira que garante a massa do jeitinho que a gente gosta, mas temos muito orgulho de ter começado na chapa, aquela chapa de fazer lanche mesmo”.
Entre mudanças e histórias, um amigo que conhece Tânia há mais de 30 anos conseguiu sintetizar sua caminhada em um texto pequeno que hoje é decoração da pizzaria e fica logo na entrada. “É um relato tão bonito que eu quis que as pessoas tivessem o mesmo sentimento”, diz, revelando que a pizzaria é mais do que um negócio, é a extensão da alegria e da casa da família.
Quem quiser conhecer o local, a pizzaria fica na Rua Senador Filinto Muller, 573, em Bonito, a 296 quilômetros de Campo Grande.
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