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Sabor

'Crime' na hora de preparar o café é o desespero do trabalhador

O Lado B consultou um profissional para saber o jeitinho certo de preparar o café no dia a dia

Por Idaicy Solano | 24/05/2024 06:56
Copo de café já no final, após vendedor consumir quase toda a bebida, que é "combustível" do CLT (Foto: Paulo Francis)
Copo de café já no final, após vendedor consumir quase toda a bebida, que é "combustível" do CLT (Foto: Paulo Francis)

O café é uma espécie de combustível no dia a dia. Há quem não se sustente pela manhã sem ele. Mas não tem coisa que mais gratina a paciência da gente do que chegar na empresa e sentir aquele cafezinho rançoso, que parece ter ficado horas fervendo no fogo. Às vezes, pontuar o gosto à quem faz ajuda, mas a teimosia de quem insiste em dizer que o 'cafezinho é do jeito que eu aprendi' vira o desespero do trabalhador. E a gente sabe bem disso...

Como tem gente no dia a dia que insiste em não ouvir as dicas sobre o cafezinho nosso de cada dia, o Lado B resolveu consultar um profissional para esclarecer o que é 'crime' e o que não é na hora de preparar a bebida.

Café quentinho é bom, mas ferver a bebida depois de pronta pode deixar o sabor mais amargo e forte do que o necessário. Isso acontece porque o café é uma fruta, cujo a “doçura” é mais perceptível na espuma que ele produz ao entrar em contato com a água quente. Mas tem que cuidar para que a temperatura da água não queime o pó, conforme explica o barista Felipe Monteiro.

Afinal, existe jeito certo de fazer café? 

Não há grandes mistérios sobre o café tradicional, feito em casa ou na empresa. Começando pelos utensílios comuns, utilizados no dia a dia, o barista Felipe explica que a escolha entre coador de pano e de papel não influencia diretamente no resultado final, mas exige cuidados diferenciados.

No caso do coador de papel, o ideal é que antes de colocar o pó de café, jogue água quente somente nele, dentro do suporte. “Isso ajuda a eliminar alguns resíduos que possam ter no papel e também auxilia que ele fique mais aderente ao suporte”, explica.

Já quem prefere coador de pano, o profissional orienta evitar lavar o utensílio com sabão, e utilizar apenas água. Isso porque parte da química utilizada na fabricação desses produtos pode acabar passando um certo “gostinho“ de sabão para o pano.

Segundo Felipe, a questão da intensidade do café está relacionada à quantidade de pó e água utilizada. A qualidade do produto também é um fator que influencia. No caso do grão comum, encontrado em supermercados populares, o barista aconselha utilizar de três a quatro colheres de sopa cheias de pó, para 500ml de água quente.

Muitos vendedores ambulantes garantem o "líquido precioso" dos trabalhadores que transitam pelo Centro (Foto: Paulo Francis)
Muitos vendedores ambulantes garantem o "líquido precioso" dos trabalhadores que transitam pelo Centro (Foto: Paulo Francis)

Ferver o café, pode ou não pode? 

A resposta é NÃO. Não pode ferver o café.

Um fator determinante para fazer o cafezinho “perfeito” é a temperatura da água. Felipe explica que coar o pó com uma água de temperatura muito elevada, acaba “quebrando” as propriedades que trazem a cremosidade e doçura do café.

Também não pode deixar o café já coado no fogo, ou em algum equipamento que mantenha ele sendo aquecido constantemente, porque isso faz com que a bebida “cozinhe” e fique com um gosto rançoso.

“É fato que ferver demais a água pode acabar “queimando” o café. Isso acontece porque o café possui um gás dentro dele, chamado de dióxido de carbono, que é o que faz aquela espuma caramelizada do café quando passamos pela água quente. Essa espuma é a parte do café que traz a cremosidade e leveza para a bebida”, explica.

Segundo Felipe, a melhor maneira de evitar que esse superaquecimento aconteça na hora do preparo do café, o ideal é utilizar a água na temperatura de 90°C. Se não tiver termômetro em casa, o barista ensina dois macetes:

“Fique de olho na água, quando ela começar a borbulhar pela lateral da panela/bule, você pode desligar e já coar o seu café. No caso das chaleiras, quando estiver “apitando”, aguardar 5 minutos após desligá-la [antes de coar o café], para que a água possa voltar à temperatura de 90°C”.

Dezenas de trabalhadores e trabalhadoras transitam pelo centro com copo de café na mão (Foto: Paulo Francis)
Dezenas de trabalhadores e trabalhadoras transitam pelo centro com copo de café na mão (Foto: Paulo Francis)

Café, o combustível do CLT 

Nas ruas do Centro de Campo Grande, dezenas de trabalhadores e trabalhadoras transitam com um copo de café na mão diariamente. Além da bebida trazer energia para lidar com a jornada de trabalho, também representa um momento de descontração durante a rotina entre colegas de trabalho.

Nicole Vitoria Santos, 18, trabalha em uma empresa de assistência técnica, e relata que o cafezinho é um item essencial no dia a dia, que não pode faltar de jeito nenhum. Ela toma pelo menos três copos durante o expediente. Se falta a bebida, ela diz toda a equipe se mobiliza para comprar o café.

“Tem que ser forte [o café] pra aguentar o dia a dia. A gente não acorda se a gente não tomar o café, tem que ter a energia”.

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O vendedor Carlos Henrique Rondão, 23, diz que toma cerca de 12 copos para aguentar a jornada de trabalho de oito horas por dia, mais o turno da noite. Quando a bebida tá em falta, é motivo de “guerra” e “desespero”, mas ele sempre dá um jeito de não ficar sem a cafeína. “A gente sempre dá um jeitinho brasileiro, mas não pode deixar de tomar o café”.

“É motivo de guerra, desespero. Virou uma rotina tomar um cafezinho de manhã. Então sem um cafezinho antes de trabalhar não vai. Não acorda direito”.

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O dia da vendedora Geovanna Moretti, só começa depois do primeiro copo de café. A falta do cafezinho diário seria motivo de tristeza na rotina dela. Geovanna relata que já virou um hábito, e a primeira coisa que ela faz quando chega no trabalho, é buscar a bebida.

“Não dá, tem que ter café, porque o trabalhador precisa do seu café, se não tiver café não começa o dia”.

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O instrutor de autoescola Roney Santos, 48, conta que o consumo de café se tornou mais um hábito do que uma necessidade, mas costuma tomar pelo menos um copo todas as manhãs.

“A gente costuma acordar cedo e tomar um cafezinho para começar o dia. Se acabar faz falta, mas a gente não fica chateado”.

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