De loja em bicicleta ao GNT, campo-grandense leva pipoca para reality
Programa reúne confeiteiros de todo o país para competir em desafios de criação de sobremesas
Amanda Madalena tinha um único plano: se formar em Direito. Apesar do sonho, esperado por anos, quando ela finalmente conseguiu passar na faculdade, a vida mudou o rumo das coisas, e o que era "lei" virou doce. Ela trocou de curso, e a gastronomia ditou o rumo das coisas. No final, tudo acabou em pipoca gourmet e com a participação da campo-grandense em um reality de confeitaria no canal GNT.
O contato com a confeitaria não é novo. Desde criança, Amanda assistiu à mãe fazer trufas, bombons e ovos de Páscoa para complementar a renda da casa. Os negócios, aos poucos, foram crescendo, e elas começaram a fazer bolos confeitados. A pipoca surgiu nessa época.
Ela conta que sempre recorreu aos doces para conseguir dinheiro. A primeira vez foi para o concurso de beleza Miss Brasil, em 2020. Para participar, ela precisava de R$7 mil e levantou o valor com os doces.
“Sempre fiquei interessada e dava uma força para minha mãe na cozinha, inclusive pipoca gourmet. Eu fui eleita Miss Campo Grande, depois ganhei o Miss Mato Grosso do Sul e participei do Miss Brasil. Pensei: ‘Vou vender pipoca gourmet’, que era o que eu sabia fazer, e minha mãe sempre me ensinou. Teve outra vez também que eu vendi alfajor no rodeio porque eu precisava comprar um celular. Eu sabia que com os doces eu poderia contar. Mas não era a profissão que eu sonhava para mim.”
O sonho mesmo era ser desembargadora, mas, após dois anos de estudos intensos para passar no vestibular, ela resolveu se dedicar mesmo à venda de doces. Largou um estágio e passou a vender alfajor nos restaurantes da cidade.
“E foi onde eu comecei com a Madelena Dosseria, de 2019 para 2020. Eu entrei no curso do Senac enquanto eu estava estudando para esses vestibulares, fiz o curso técnico profissional de confeitaria por 6 meses e, quando estava faltando mais ou menos uma semana para eu me formar, eu falei: ‘Meu Deus, eu não quero mais fazer Direito. É isso que eu quero da minha vida. Eu vou pegar e vou fazer gastronomia’."
Os pais não apoiaram a decisão no início, mas Amanda seguiu em frente, fez estágio em restaurantes da capital e resolveu, junto com o marido Willian Gabriel, largar a cidade sul-mato-grossense e se aventurar por Balneário Camboriú, em Santa Catarina. O objetivo era ter mais qualidade de vida e evoluir na gastronomia. Lá, enfrentaram diversos desafios, mas a pipoca gourmet salvou, mais uma vez, as contas de Amanda.
“Eu já criava umas sobremesas com flores, champanhe e pimenta. É o que eu gosto de fazer. Eu trabalhava até então com sobremesas empratadas. Os dois estavam desempregados na época. Eu estava estourando pipoca, procurando uma solução para a gente comer, que era uma das únicas coisas que tinha em casa. E eu senti Deus tocando no meu coração e falou assim: ‘Se você vendeu pipoca em Campo Grande e conseguiu juntar dinheiro, venda aqui que vai dar certo também’.”
Pipoca e bicicleta
A ideia deu certo, e o negócio começou a andar, inclusive com uma bicicleta elétrica que eles levaram de Campo Grande para Santa Catarina. Willian colocou um caixote na bike e Amanda começou a vender pipoca em uma das avenidas mais conhecidas da cidade.
“Ele fez uma caixinha de madeira, na verdade, pegou dois pedaços de móvel usado na caçamba, aqui na sua de Balneário, juntou, fez uma caixinha à mão, parafusou, pintou de rosa e nós começamos a vender as pipocas. Saímos pela avenida principal, que é Atlântica aqui, vendemos de restaurante em restaurante. E a gente começou a ganhar muito dinheiro com isso, começou a dar super certo.”
Amanda comenta que a renda chegou a casa dos R$12 mil. Foi aí que ela começou a inovar com os sabores. Hoje, o cardápio conta com o Crocante Supreme de Pistache e a Pipoca das Marias – famosa na internet por ser banhada com chocolate meio amargo e milho importado – e os tradicionais Leite Ninho e Oreo.
“Temos pistache com chocolate branco e flor de sal, que é exclusiva. Hoje somos conhecidos aqui e eu também virei professora. As pipocas foram uma reviravolta na nossa vida.”
Que Seja Doce
O programa de confeitaria que Amanda vai participar se chama ‘Que Seja Doce’ e vai ao ar nesta terça-feira. Ela comenta que sempre se inscreveu, mas nunca conseguiu entrar.
“Eu me inscrevia a vida inteira e não era chamada. Desde pequena, eu me inscrevia porque eu adorava o reality de confeitaria, não queria seguir na área, mas eu adorava, achava lindo. Foi uma experiência maravilhosa, dei o meu melhor. E lá, eu relato cada fase dessa vida, tanto com sobremesas empratadas, um pouquinho da minha história e do que nós estamos vivendo até hoje.”
O reality show reúne confeiteiros de todo o Brasil para competir em desafios de criação de sobremesas. Durante o programa, os participantes enfrentam provas que exigem técnica, criatividade e inovação nos sabores e nas apresentações.
"Ninguém acreditava que alguém conseguiria viver tão bem das pipocas em uma das cidades mais caras do Brasil. Pagar aluguel e agora, nós estamos em processo de abrir a nossa cafeteria aqui".
Amanda também participou do concurso Abrachefs em Campo Grande e ficou em terceiro lugar na competição que escolhia os melhores chefs de Mato Grosso do Sul. Sabor à Prova foi outra competição em que ela participou.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.
