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Sabor

Espetinho nasceu em meio às dificuldades de uma história de amor à distância

Naiane Mesquita | 18/01/2016 06:12
Espetinho de carne é o carro-chefe do negócio da família. (Foto: Gerson Walber)
Espetinho de carne é o carro-chefe do negócio da família. (Foto: Gerson Walber)

O espaço é pequeno, mas acolhedor. No Espetinho da Lú, uma residência foi adaptada para receber os clientes que chegam todos os dias, sem falta. Apesar de "ser uma garagem", a casa é organizada, com churrasqueiras no fundo, uma cozinha na frente e até um lago artificial, com peixinhos nadando.

Vinagrete não pode faltar, mas no buffet tem até macarronada. (Foto: Gerson Walber)
Vinagrete não pode faltar, mas no buffet tem até macarronada. (Foto: Gerson Walber)

O cuidado com o ambiente é reflexo do esforço dos proprietários Gerailton Isaias de Araújo, 35 anos e a esposa Lucinete Pereira da Silva, 34 anos. Juntos, eles construíram o pequeno império de churrasquinhos da região, que começou na esquina da rua Gumercindo Pereira, no bairro Maria Aparecida Pedrossian, há 8 anos.

Na época, o paraibano trabalhava em uma churrascaria da cidade, mas recebia pouco para sustentar a família, formada pela mulher e a filha recém-nascida. "Eu cheguei na cidade há 14 anos, sofri muito, passei necessidade e sempre fui trabalhando. Um dia eu tinha pagado as contas e só sobrou R$ 20,00 para o leite da minha filha. Mas, aquilo não dava para nada, então eu resolvi investir esse dinheiro e aumentar a renda que nós tínhamos", relembra.

Gerailton Isaias nasceu na Paraíba, trabalhou em São Paulo, mas só encontrou a felicidade em Campo Grande. (Foto: Gerson Walber)
Gerailton Isaias nasceu na Paraíba, trabalhou em São Paulo, mas só encontrou a felicidade em Campo Grande. (Foto: Gerson Walber)

Como trabalhava à noite, Gerailton encarregou a esposa de dividir o montante e comprar carne e carvão. A churrasqueira de casa foi para a esquina e lá eles começaram a vender espetinho.

"Na primeira noite conseguimos R$ 35,00. Não tinha mesa, não tinha cadeira, não tinha nada, era só a churrasqueira. Disso, eu tirei R$ 5,00 para a gente e investi mais R$ 30,00. Na segunda noite, conseguimos R$ 60,00. E assim foi", conta, emocionado.

Hoje, o espetinho tem sete funcionários, uma cozinheira que faz os acompanhamentos, enquanto Isaias cuida do churrasco e Lu do caixa. "Minha filha vai completar 11 anos e estamos tentando sempre crescer. Atendemos todos os dias a noite e sábado, domingos e feriados no almoço. Não tem dia de descanso", ri.

O espetinho custa R$ 13,00 com acompanhamento de arroz, feijão, vinagrete e farofa. "No almoço nós aumentamos a variedade do acompanhamento, é um buffet mais completo", frisa. Além do churrasco, Isaias incluiu outras iguarias no cardápio, como a costelinha de pacu por R$ 35,00, a isca de tilápia, yakisoba, sobá e pastel, e carne na chapa, por R$ 26,00, servindo duas pessoas.

Para os almoços ainda tem costela na brasa, cupim recheado com bacon, cenoura, alho e calabresa, além de alcatra com alho e frango com bacon. "Além de tudo que vendemos à noite também", indica.

Segundo o proprietário, o segredo do espaço não é só o cardápio. "Não adianta você ter uma boa comida e o atendimento não ser bom. Essa é a nossa prioridade", diz. De fato, quem frequenta ali, chama os proprietários pelo nome. "Ainda oferecemos a possibilidade de marmita, a pessoa pode levar a carne", indica.

O nome do espetinho é em homenagem a mulher de Isaias, Lu, que batalhou para construir o lugar. (Foto: Gerson Walber)
O nome do espetinho é em homenagem a mulher de Isaias, Lu, que batalhou para construir o lugar. (Foto: Gerson Walber)

História de amor: Por trás de toda a força de vontade para montar o Espetinho da Lu, o casal tem uma história de amor novelistíca. Em uma época em que WhatsApp não existia, os dois mantiveram um namoro a distância por cinco anos. Nesse período, a comunicação era feita por orelhão, com hora marcada para não errar, e cartas, longas correspondências trocadas todos os meses.

Isaias é de Campina Grande, na Paraíba, mas morou aos 20 anos de idade, em São Paulo, capital, tentando a vida na cidade grande. Um dia, resolveu enviar uma foto para a mãe, que ainda morava no Nordeste. Foi ali que Lucinete viu o futuro marido pela primeira vez.

"Ela viu uma foto, gostou e começou a falar comigo. Mas, como naquela época era muito difícil, só dava por orelhão. Tinha que marcar o horário, cada um no seu orelhão. Não podia ser outro", brinca.

Amiga da família, ela começou a trocar correspondências com Isaias, à distância e sem nunca mandar uma foto para o pretendente. Com dois anos de namorico, os dois resolveram se conhecer. "Ela veio morar com a minha tia e chegou a hora de conhecer a fera. Só deu certo depois de uns oito dias", ri.

Depois, Isaias voltou para São Paulo e o namoro seguiu por cinco anos, sempre à distância. "Nesses anos só nos vimos três vezes, apenas 15 dias cada. Então as coisas começaram a se complicar em São Paulo e ela perguntando se eu não queria vir para Campo Grande e eu sempre dizia que não. Mas, resolvi vim passar um final de semana aqui, coloquei só uma muda de roupa, porque voltava na segunda-feira para trabalhar. Faz 14 anos isso, nunca mais voltei", confessa.

O Espetinho da Lú fica na rua Gumercindo Pereira, 180, no bairro Maria Aparecida Pedrossian. Informações pelo telefone (67) 3201-9108 e (67) 9287-9596.

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O espaço foi construído na garagem em frente da casa. (Foto: Gerson Walber)
O espaço foi construído na garagem em frente da casa. (Foto: Gerson Walber)
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