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Sabor

Feita em bar português, empada de camarão foi parar até no caso Jamil Name

Lado B foi atrás da empada de camarão citada pelo policial federal Everaldo Monteiro de Assis

Danielle Valentim | 25/11/2019 07:41
Logo na primeira mordida, a impressão é de uma massa sequinha e leve, típica da massa podre, porém bem macia por dentro. (Foto: Paulo Francis)
Logo na primeira mordida, a impressão é de uma massa sequinha e leve, típica da massa podre, porém bem macia por dentro. (Foto: Paulo Francis)

A empada de camarão do Bar do Portugal ganhou holofote diferenciado em outubro após ser citada em um dos depoimentos de processo contra o empresário Jamil Name. Se é pelo fruto do mar ou pela deliciosa massa podre típica do salgado português, ninguém sabe, mas a opção é feita desde o nascimento do bar há 41 anos.

Apesar de se tratar de receita com influências medievais, o Lado B não perde uma novidade e procurou José da Silva Curto, o "Portuga", de 66 anos, e a esposa Lourdes Auxiliadora de Brito Curto, de 61, para saber mais da história.

Quem ama os botecos paulistanos já sente uma nostalgia só de entrar no Bar do Portugal. Balcão revestido com azulejo e cervejinha no copo americano são parte da identidade do estabelecimento que sempre esteve na Avenida das Bandeiras.

As comidinhas completam a experiência e não há dieta que resista aos bons e clássicos petiscos de boteco. Sardinha frita e torresmo crocante são outras marcas registradas do espaço. A coxinha é de massa de mandioca, garante Lourdes, e a esfiha também arrasta gente de longe.

Portuga é na verdade seu José, que dá nome ao bar com clima de nostalgia pura. (Fotos: Paulo Francis)
Portuga é na verdade seu José, que dá nome ao bar com clima de nostalgia pura. (Fotos: Paulo Francis)
Lourdes, a dona, é quem põe a mãe na massa na hora de fazer as empadas. (Foto: Paulo Francis)
Lourdes, a dona, é quem põe a mãe na massa na hora de fazer as empadas. (Foto: Paulo Francis)

Mas entre tantas delícias, a reportagem queria saber mesmo era da empada de camarão que foi citada em depoimento. A propósito, nada fácil de encontrar.

O Lado B procurou pelo quitute na segunda-feira e só conseguiu prová-lo na quinta-feira, quando Lourdes conseguiu camarão fresco para o recheio. O dono e a esposa têm ascendência portuguesa e a maior parte das receitas levam frutos do mar.

Logo na primeira mordida, a impressão é de uma massa sequinha e leve, típica da massa podre, porém bem macia por dentro. O recheio tem o sabor único do camarão e um toque especial que é segredo de Lourdes. 

Lourdes garante que a massa é a mais simples possível: trigo, margarina, ovos, água e sal. "Se tem um sabor especial, aí não sei dizer", garante.

Além do recheio de camarão, há empada de frango, bacalhau e palmito. Lourdes se casou aos 20 anos e lembra que não mandava tão bem na cozinha. “Eu aprendi com minha cunhada Maria Adelaide e minha sogra que já faleceu. Quando casei, um ano depois de abrirmos o bar, não sabia fazer nada. Era 'patricinha', tive que aprender tudo. E essa empada a base é a massa podre, que derrete na boca”, conta Lourdes.

Movimento não para no bar que fica na Avenida das Bandeiras. (Foto: Paulo Francis)
Movimento não para no bar que fica na Avenida das Bandeiras. (Foto: Paulo Francis)

O depoimento – O salgado popular foi citado pelo policial federal Everaldo Monteiro de Assis, durante depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado). Everaldo tentava explicar como um pendrive seu foi parar no meio do arsenal apreendido pela Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro) nas investigações contra grupo de extermínio.

O policial federal, cliente assíduo do bar, é investigado por fornecer a Jamil Name informações sigilosas de desafetos da família. Ao Gaeco, o policial alegou que o tal pen drive teria sido furtado do carro de sua esposa, quando saiu para comprar as famosas "empadas de camarão".

O casal se surpreendeu com a informação de que a empada parou no inquérito, mas confirmou que Everaldo, de apelido Jabá, é cliente fiel. "Não acredito que o Jabá falou isso?", perguntou Lourdes, um tanto desconfiada.

Mas assim como "Jabá", todos os clientes do bar são muito antigos, alguns que frequentam desde a abertura e outros que têm lugar reservado à beira do balcão.

Recheio de camarão é de dar água na boca.
Recheio de camarão é de dar água na boca.
Conseguir as empadas exigiu resistência do Lado B.
Conseguir as empadas exigiu resistência do Lado B.
Tudo que o brasileiro ama: salgadinhos assados e fritos.
Tudo que o brasileiro ama: salgadinhos assados e fritos.

Um deles é o músico André Marin, de 45 anos, que estava no bar quando a reportagem chegou para conhecer a empada. Na noite campo-grandense há 30 anos, André tem 20 anos como cliente e afirma que passa ao menos quatro vezes na semana.

"Eu conheci o bar, na verdade, por causa da esfiha e nunca mais deixei de vir. Hoje já provei de tudo. Como sou músico, segunda é dia de folga, durante o dia resolvo as coisas e no fim da tarde acabo passando aqui, não tem jeito", garante.

Os petisco na bar são vendidos a partir de R$ 3,00, mas as empadas de camarão custam R$ 5,00. Vale a pena provar. O bar do Portugal fica na Avenida das Bandeiras, 96, Vila Carvalho.

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Local fica na Avenida das Bandeiras. (Foto: Paulo Francis)
Local fica na Avenida das Bandeiras. (Foto: Paulo Francis)
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