Já que "Deus é contra pirataria", há 15 anos casal mudou jeito de ganhar a vida
O carrinho em frente ao salão pintado de azul e branco, na Vila Margarida, todo fim de tarde lota de gente querendo comer um pastel quentinho. Os sabores de carne, queijo, pizza e frango, em um tamanho médio, são vendidos a R$ 1,50. Para o casal, dono da “pastelaria” feita em frente de casa, o sucesso do negócio aberto há mais de 15 anos é providencia divina.
“Nós somos evangélicos, estávamos orando há dois anos para Deus e ele falou no coração da gente, porque vocês não vendem pastel na frente de casa? E nós fizemos 30 pasteis e vendemos tudo. No outro dia fizemos 50 e hoje a gente quase não dá conta”, relata Mirian Ferreira Leal, de 62 anos, enquanto frita pastel para atender aos clientes que esperam em frente ao carrinho.
Eles tinham uma lojinha de bugingangas importadas, mas não gostavam desse tipo de ganha pão. “A gente vendia CD pirata, cigarro e outros tipos de contrabando e Deus não gosta disso. A gente também não gostava, mas tinha que trabalhar para sustentar a família”, comenta Mirian.
Junto com o marido Irineu Vicente Leal, de 64 anos, e os filhos Renato, de 35, e Letícia, de 31, eles tocam o negócio, em revezamento. cada hora um frita os pastéis.
A rotina é puxada, tudo é preparado no dia, por isso eles acordam às 4h30 da amanhã para começar a preparar os recheios e fazer a massa caseira, para de tarde só montar, antes de fritar. A receita da massa foi aprimorada ao longo dos anos, até chegar ao ponto que agrada os fregueses, diz a proprietária.
Tudo é feito com muita alegria e entusiasmo. “Nós sobrevivemos disso. Hoje, graças a Deus, nós já temos nosso carro, pagamos a educação dos nossos filhos”, comenta, agradecida por tudo que já conseguiram construir com a venda de pastel.
O lugar já faz parte da história do bairro e reúne pessoas de segunda a sexta-feira para o lanche da tarde ou até mesmo para o jantar. “A gente vem quase todo dia e é a nossa janta. Depois, vamos para casa tomar um banho para ir para a balada”, comenta Douglas Arantes, de 26 anos, que come pastel ali desde de menino.
“Eu lembro quando eram três pastéis por um real, eu venho aqui desde que abriu”, lembra ele. Os anos passaram mas manteve a fidelidade aos pasteis de Dona Mirian e Seu Irineu.
O amigo, Milton Almeida, também é figurinha certa por ali sempre ao entardecer. Como tem até estacionamento próprio, quase todos os dias ele para o carro no mesmo lugar, "como uns três pastéis e bato um papo com os amigos ali na frente", resume.
Samuel dos Santos, de 25 anos, também esta ali todos os dias e só é elogios para o pastel. “É muito bom, eu venho comer todo dia porque vale muito a pena". Ele diz comer apenas três, mas os amigos entregam que geralmente é bem mais.
Não é só na Vila Margarida que os pastéis fazem sucesso. Vânia Garcia, de 51 anos, mora no bairro Tiradentes e sempre que pode vai até a pastelaria e também leva alguns para a família. “Eu venho, como um pastel aqui, bato um papo e levo alguns para casa. Além de serem gostosos, o atendimento é excelente e isso conta muito”, comentau a auxiliar administrativa.
A venda de pastel acontece de segunda a sexta-feira, das 15h às 20h, na rua Afonso Loureiro Almeida, entre a rua Naviraí e a rua Carneiro de Campos, próximo ao Supermercado Arapongas.