Lanchonete reinventa tradição portuguesa e faz bolinho de bacalhau com mandioca
O lugar não foge da aparência comum de lanchonetes do Centro. Mas a "Luso Brasileira" chama atenção pela simpatia dos donos e pela plaquinha que anuncia a venda de bolinho de bacalhau. Entre tantos sabores de salgados, é a culinária portuguesa que se destaca, feita pelas mãos da brasileira Lilian Rebelo e do marido João Carlos Rebelo, que nasceu em Portugal.
Os dois se mudaram para o Brasil há 2 anos. Liliam é de Campo Grande e conheceu o marido, que é um apaixonada pela cultura brasileira, quando morava na Europa, onde passou 12 anos.
Os dois já eram comerciantes lá fora e, quando decidiram retornar ao Brasil, pensaram logo em abrir uma lanchonete, para se aproximar um pouco dos portugueses que vivem aqui e mostrar a gastronomia e a cultura que vêm do outro lado do oceano.
Hoje, os clientes vêm de longe para saborear alguns dos quitutes feitos por ela. O cardápio é simples, não tem tanta variedade de comida portuguesa, mas o bolinho de bacalhau e o Pastel de Belém se tornaram, com louvor, carros-chefes da lanchonete. "Além dos brasileiros, vem muitos portugueses atrás do bolinho", diz.
A receita precisou ser adaptada por conta dos ingredientes. No lugar da tradicional batata, Lilian usa a mandioca para fazer a massa, o que acaba mesclando sabores regionais e universais. "A batata aqui é muito aguada. Perdi muito bacalhau no começo da lanchonete e até pensei em desistir do bolinho. Só que uma cliente sugeriu fazer com mandioca e não é que deu certo", diz.
Pelo movimento, parece mesmo que é um dos preferidos. Ela diz que é preciso estar cedo para comprar o bolinho que custa R$ 5,00 cada. "De manhã vende tudo, não tem jeito".
Na vitrine outras variedades de salgados como a coxinha, quibe e risoli são vendidos a R$ 3,50. Entre os pedidos, também está o sabor adocicado do Pastel de Belém feito por Lilian. A massa folheada leva recheio de leite condensado e creme de leite, conhecido como natas em Portugal. "Por isso aqui a gente também fala pastel de nata. Aqui eu faço e todo mundo gosta".
A cultura aproximou Lilian do esposo durante a vida em Portugal. "Ele era dono de uma discoteca brasileira, os artistas e dançarinos eram todos daqui. Serviam pratos e bebidas tipícas do nosso País", conta.
Depois de um tempo, ela e o marido fecharam a boate e decidiram ganhar dinheiro nas feiras, vendendo a tradicional caipirinha. "Ele ia de trailer e vendia caipirinha na feira. O gosto dele é porque lá sempre conviveu com muitos brasileiros. A gente também vendia cervejas brasileiras e comprava paçoca para revender", lembra.
Agora, eles fazem o caminho oposto, vendendo aqui o sabor de lá.
O motivo de deixar o país foi por conta da saudade da família. "Todo ano a gente vinha para cá, e quando voltava as crianças ficavam doentes de saudade. Também as coisas apertaram um pouco financeiramente, então o jeito foi voltar para eles crescerem em contato com a família. Mas a gente não se arrepende, porque trazendo um pouquinho da culinária, é uma maneira da gente continuar em contato com a cultura de lá", acredita.
A lanchonete "Luso Brasileira" fica na Rua Antônio Maria Coelho, 1566, Centro. Abre de segunda à sexta das 06h às 19h. Informações pelo Facebook.