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Sabor

Longe do partido de direita, Rafael agora vive de vez da coxinha

Assim como na política, a ideia do delivery é democratizar o consumo dos salgadinhos

Danielle Valentim | 22/11/2019 07:45
Na foto, Rafael segura um prato de coxinhas e outro de churros, outra especialidade da empresa. (Foto: Kísie Ainoã)
Na foto, Rafael segura um prato de coxinhas e outro de churros, outra especialidade da empresa. (Foto: Kísie Ainoã)

O termo "coxinha" surgiu há décadas, mas foi na política que passou a definir de forma pejorativa o brasileiro que se opõe às ideias de esquerda. Depois de atuar 10 anos como assessor parlamentar, Rafael Domingos assumiu o negócio do pai e, em razão disso, brinca que já está careca de ouvir que saiu de um partido de direita, para de uma vez por todas vender "coxinhas".

O trocadilho é uma piada que virou rotina e Rafael jura que não liga para a zoeira, inclusive, quando o Lado B chegou e perguntou se era na rua São Marcos que ele vendia "os coxinhas".

“Eu entendo que a democracia prevalece. Não tem algo mais bonito que o processo político democrático que permite que todos tenham suas ideias. Eu tenho muito amigos no Partido dos Trabalhadores e eles sempre brincam: Olha o coxinha, agora você literalmente está vendendo coxinhas. Eu posso não concordar com o que algumas pessoas e políticos fazem, mas eu concordo e aplaudo tudo que é de bom. Por isso, gosto muitos dos meus amigos, eles me sacaneiam pra caramba e eu brinco também com eles”, ressalta Rafael.

Coxinhas são crocantes por fora e macias por dentro. (Foto: Kísie Ainoã)
Coxinhas são crocantes por fora e macias por dentro. (Foto: Kísie Ainoã)

Brincadeiras à parte, Rafael deu uma pausa na carreira e se dedicou ao negócio de família após o falecimento do pai Idiran Santos Fernandes, conhecido como “Mineiro do Pastel”, aos 55 anos. Idiran foi o primeiro vendedor de salgados a montar barraca na Cidade do Natal, onde permaneceu por 10 anos. Também era figura cativa em eventos como a Expogrande. 

Rafael, os pais e dois irmãos, chegaram em Campo Grande da cidade de Governador Valadares (MG), em 1999, e desde então a gastronomia sempre foi o ramo a atuante da família. Rafael se orgulha em dizer que foi da venda de salgados do pai que conseguiu a graduação em Jornalismo.

“Eu dou muito valor porque foi isso aqui que pagou minha faculdade. Nós sempre demos muito valor à família e, por isso, não pensei duas vezes, porque além da minha profissão, a única coisa que sei fazer é isso aqui, vender os salgados”, conta.

O empresário conta que mesmo trabalhando como assessor parlamentar ajudava o pai, em fins de semana de folga, principalmente em feiras agropecuárias no interior no estado. “Às vezes o deputado prof. Rinaldo me encontrava fritando pastel na abertura dos eventos”, lembra.

Rafael deu uma pausa na carreira e se dedicou ao negócio de família após o falecimento do pai. (Foto: Kísie Ainoã)
Rafael deu uma pausa na carreira e se dedicou ao negócio de família após o falecimento do pai. (Foto: Kísie Ainoã)

A despedida – Rafael lembra que trabalhava num de domingo, em dezembro de 2018, quando recebeu uma ligação de sua mãe, dizendo que seu pai gostaria de almoçar com ele.

“Eu respondi que estava numa agenda, mas assim que terminasse eu passaria na casa deles. Mas cheguei em casa cansado e fui dormir. Na segunda-feira, eu avisei o deputado que iria tomar café na casa da minha mãe, mas foi só desligar o celular, para meu irmão me ligar. Meu pai tinha ido às pressas para uma unidade de saúde com dores no peito. Eu atravessei a cidade e ao chegar na unidade estavam reanimando meu pai. Eu pedi para meu irmão fosse buscar minha mãe e acabei vendo ele morrer”, conta.

Após a morte do patriarca, a fábrica ficou de stand by e uma irmã retomou os trabalhos, ampliando até a produção de salgados congelados. Para somar ao negócio da família e continuar o legado deixado pelo pai, Rafael pediu exoneração da Assembleia Legislativa e, hoje se uniu a empresa que ganhou até um delivery.

A coxinha é o carro-chefe, mas a fábrica também produz outros salgadinhos. (Foto: Kísie Ainoã)
A coxinha é o carro-chefe, mas a fábrica também produz outros salgadinhos. (Foto: Kísie Ainoã)
Coxinha para todos faz entrega de segunda a sábado. (Foto: Kísie Ainoã)
Coxinha para todos faz entrega de segunda a sábado. (Foto: Kísie Ainoã)

A coxinha é o carro-chefe, mas a fábrica também produz quibe, risole, bolinha de queijo e churros. Enquanto a irmã e demais funcionários ficam na produção, o ex-assessor trabalha com o marketing e comercial.

Apaixonado pelo Jornalismo, Rafael não nega a possibilidade de um dia estabilizar a fabricação dos salgados e voltar a atuar. “São muitos anos, está no sangue. Eu sou apaixonado pelo processo democrático e se existir futuramente alguma proposta por que não voltar?”, frisa.

Coxinha para todos - Assim como na política, a ideia do Delivery de Delícias é democratizar o consumo de coxinhas e demais salgados. Com preço baixo e qualidade, Rafael quer atingir todas as classes de forma positiva, mesmo que seja através de um salgado.

“São preços acessíveis para a família. Para você ter uma ideia, aqui em frente à fábrica tem um pé de limão, assim como na maior parte da região, só que é um parto de elefante conseguir limões com os vizinhos. Então meu pai plantou para quem quiser pegar. Então nossa ideia é poder fazer produto de qualidade e que atenda da família de classe alta à baixa. Para atender aquela família grande que só tem R$ 17 para comprar um lanche diferente consiga comprar meio cento de salgado”, pontua.

E o preço é baixo mesmo! Meio cento de coxinha, quibe, risole ou churros sai por R$ 17,00. Caso o cliente queira um número reduzido, a unidade sai a R$ 0,50. A fábrica também prepara combos kid, futebol e happy hour, a partir de R$ 11,90.

O Delivery de Delícias funciona de segunda a sábado das 15h às 23h. Das 8h às 14h30 também são realizadas entregas, mas somente sob encomenda. Acompanhe as novidades no Facebook Instagram.

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