Mestre cervejeiro mostra como produzir e harmonizar cervejas especiais e comida
Cinco amigos resolveram trazer para Campo Grande um mestre cervejeiro para mostrar como passar de comprador a produtor da própria bebida. Em um ambiente onde todo mundo já sabe muito sobre o assunto, ou quer entender do negócio, a "aula" parece mais um encontro entre amigos.
Foram abertas apenas 20 vagas, para que todos pudessem aproveitar ao máximo as técnicas e os momentos de degustação.
“Beba menos, beba melhor. A cerveja artesanal te possibilita experimentar novos sabores. È um processo de produção acessível que pode ser feito em casa”, comenta o empresário João Evaristo, de 30 anos, um dos organizadores do curso que trouxe de Minas Gerais o mestre Felipe Veiga.
A ideia inicial dos amigos era ir até Minas e fazer o curso na escola instalada dentro da Cervejaria Taberna do Vale. criada por Felipe em Belo Horizonte. Mas quando entram em contato com ele, descobriram que o professor tinha vontade de vir para o Estado, conhecer Bonito, e então o processo se inverteu. Felipe veio para cá e mais pessoas puderam participar do curso que exigiu um investimento alto, R$ 490,00 para 2 dias.
A cervejaria Taberna do Vale produz mais de 18 rótulos de cervejas artesanais. No curso, cinco foram apresentados e harmonizados com pratos, para que os alunos, além de fabricar a cerveja artesanal, aprendem como potencializar o sabor com a comida certa. “Na hora que harmonizar, a gente sempre tenta associar componentes da comida com a bebida”, explica.
Por exemplo, as cervejas Pilsen, que têm a característica de ser mais leve, combina com um queijo canastra que tem um gosto um pouco mais forte. “O queijo é forte e deixa um pouco de amargor na boca, a cerveja entra para fazer essa limpeza no paladar”, explica Felipe.
No estilo Weiss, o tradicional alemão, ele apresentou a Carolweiss, cerveja criada em homenagem a sua esposa, de trigo, bem leve e pouco encorpada, frutado de bananas maduras e com um pouco de cravo. Combina, por exemplo, com salsicha alemãs e chucrute, o prato típico do país a base de repolho. "Essa cerveja também harmoniza bem com sabores um pouco mais ácidos, como o da mostarda”, comenta.
Inspirado na cervejaria belga, Felipe criou a Mariwit, do estilo witbier, em homenagem à filha. Um pouco amarga, a cerveja é fácil de beber, tem uma textura média. Tem o aroma cítrico dominante, com leves notas de mel e leve acidez. “Quando fiz, pensei em tudo que eu desejava para ela e coloquei em uma cerveja”, comenta sobre a filha.
A sugestão para harmonizar essa cerveja é frango com um chutney (uma geleia agridoce) de frutas amarelas.
Um curso serve para identificar as características dos estilos diferentes como Ale, Lager, Pilsen, Dunkel, Weiss.
O mais interessante, no entanto, parece mesmo aprender os primeiros passos para produzir e como criar as receitas de cerveja. “Quanto mais difundida for a cultura cervejeira no estado, melhor. Vão aparecer novas receitas, novos rótulos e todo mundo ganha”, ressalta João. Da forma como ele fala, pelo menos o básico, não parece nada impossível.
Um dos alunos, o médico Michel Camillo, de 34 anos, apareceu mais pela curiosidade sobre o assunto. “Apesar de eu ainda não ter a intenção de produzir a minha cerveja, é bom conhecer. A cerveja artesanal tem uma proposta diferente, de degustar, saborear”, avalia.