Portinha em bairro serve doces, massas e história de amor para quem quiser ouvir
Além de doces argentinos e massas italianas, casal apaixonado fala, se alguém perguntar, do amor que nasce quando menos se espera
A história é de amor e de sabor. Quando a argentina Stela Vilhalba, de 49 anos, menos esperava, se apaixonou por um italiano em sua confeitaria que durante anos funcionou na Rua Brasil, em Campo Grande. David Addis, de 58 anos, passou de um amigo a “príncipe encantado”. No bom humor, ela conta que cinco anos depois de dar uma nova chance para o amor, eles decidiram mostrar que a gastronomia italiana e argentina em um lugar só pode ser irresistível.
Com uma fachada simples e um fluxo intenso de carros na Rua Marquês de Lavradio, no Jardim São Lourenço, muita gente ainda não percebeu a portinha que agora serve de factura argentina a focaccia “verdadeiramente italiana” garante o dono.
Das duas vitrines, uma delas é lotada de docinhos e tortas. Stela é quem vai para cozinha preparar a variedade de facturas, que em geral são massas parecidas com a massa folhada, cobertas ou recheadas com chocolate, creme pastelera (o mesmo utilizado para os tradicionais pasteis de Belém) ou doce de leite. Algumas são em formato de croissant.
O alfajor, outra típica iguaria argentina, aparece em duas versões. Tem o mais tradicional, mergulhado no chocolate e uma receita artesanal, compostas de bolachas caseiras, recheadas com doce de leite e passadas no coco ralado que, segundo Stela, são mais originais na Argentina. “Lá todo mundo esse alfajor, não tem uma padaria que falta”, conta.
A confeiteira ainda produz todo tipo de docinho, bombons recheados com frutas, castanhas e cremes. Tem “coxinhas de morango” em que a massa é feita de leite ninho e torta para todos os gostos, que custam a partir de R$ 4,00.
Se a preferência é por comida italiana, o chef David, que ainda sofre para falar o português, é quem abre um sorriso para falar do preparo das massas e dos molhos, “100% artesanais garante”. E não tem jeitinho brasileiro na hora do preparo, exceto os recheios, explica. “Minha massa é caseira, faço questão de preparar como preparava na Itália. Meu molho fica horas fervendo para ganhar aquela textura mais grossa, bem italiana. Mas temos uma variedade de recheios para também agradar os nossos amigos brasileiros que sempre nos acolheram tão bem”.
Tem fetuccine tradicional com molho vermelho, bolonhesa ou com frutos do mar, de R$ 24,90 a R$ 55,00. Risoto de bacalhau abobrinha por R$ 44,50 e lasanha bolonhesa a R$ 35,00. Todos os pratos quentes servem duas pessoas e são acompanhados com arroz branco. Além de uma variedade de pães, David faz questão de preparar uma variedade de sabores de focaccia, comida típica italiana, que é uma mistura de pizza com pão que bem recheada vira aperitivo com vinho e até cerveja.
Para facilitar a vida de quem não quer ir para a cozinha, o chef italiano também vende massas “pré-prontas”. “É só colocar no forno e se deliciar”.
Apesar de poucos metros quadrados e apenas três mesinhas no interior da loja, o lugar até parece familiar pela recepção e a história do casal que merece ser ouvida. Stela não tem medo de falar do amor e nem do quanto admira David. Ele não esconde que se apaixonou por ela logo que a conheceu. Juntos eles dizem que venceram desafios e agora não se largam por nada. “O Brasil e a Rua Brasil de Campo Grande foi responsável por unir uma argentina e um italiano. Eu vim para cá com prazo para ir embora. Mas com um presente desses, não tenho mais motivos voltar tão cedo para a Itália. Me sinto feliz”.
Chamada “De Italy – Confeitaria e Rotisseria Gourmet”, o lugar é um recomeço para o casal que escolheu a periferia da cidade para servir um menu diferente. “Não queríamos servir nossos pratos só em grandes restaurantes, queríamos que todos pudessem se deliciar, comer com os olhos e depois com a boca. Porque todo mundo merece comer bem”, reforça David.
Quem quiser conhecer saborear essa mistura, a De Italy fica na Rua Marquês de Lavradio, 474, Jardim São Lourenço.