Qual a diferença dos food trucks para os trailers que existem há anos por aqui?
Com a onda dos “caminhões de comida” invadindo Campo Grande e com o “Lanchódromo” ainda funcionando na antiga rodoviária, uma pergunta não quer calar: qual a diferença dos food trucks para os trailers que existem há anos por aqui?
A dúvida paira sobre clientes e atinge, principalmente, a turma que rala a noite toda e vive de vender lanches, não só no terminal desativado, que hoje já não tem mais o mesmo prestígio, mas em várias ruas da Capital.
Diante da concorrência que chega “chutando a porta”, há quem revindique o direito de usar o termo que virou moda, mas torce o nariz diante da possibilidade de readequação no negócio. Muitos agem desta forma por não enxergar qualquer diferença entre um carro e outro.
Irritados, tem os que abusam do bom humor e justificam a tendência que conquistou os grandes centros citando o “raio gourmetizador”, expressão que irrita quem leva a sério o assunto, trabalha em cima de conceitos, e tenta, a todo custo, eliminar as semelhanças inevitáveis.
É uma briga boa, curiosa, no mínimo engraçada, que revela um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, onde o amadorismo parece não ter mais vez. Existem, sim, diferenças, garantem os estudiosos e profissionais.
A chef de cozinha e empresária Isabela Blanco Barbosa, de 27 anos, que está trazendo o primeiro Food Park para a cidade, apresenta algumas ao Lado B:
“O diferencial, além de termos as documentações necessárias [para funcionamento], é a alta gastronomia dentro de um caminhão. Essa é a diferença da comida de rua comum”;
"O conceito é de uma comida mais elaborada”;
“Também tem a imagem do carro, que é diferente; tem logo, estilo próprio e uma cozinha específica”;
“É uma maneira mais cool de servir a comida”;
“O produto tem a cara do negócio. Tem identidade”;
“É uma coisa diferente dos ambulantes que ficam na frente das escolas”;
Regulamentação - Autor do Projeto de Lei 575/2015, que visa regulamentar o funcionamento desses veículos em vias e áreas públicas da cidade, o vereador Otávio Trad (PT do B), também apresenta as diferenças.
“É exatamente a regulamentação. É você padronizar do ponto de vista sanitário, legal, de funcionamento. Você pega alguns trailers aí que não tem condições sanitárias e ideais para poder fazer o serviço”, diz.
Segundo o parlamentar, um trailer, para ser considerado truck, teria apenas que se adequar ao projeto, que fixa regras básicas quanto ao funcionamento, especialmente no que diz respeito aos cuidados sanitários de organização e higiene.
Dentre os critérios, estão os tipos de alimentos que podem ser comercializados, locais e horários de funcionamento, bem como o procedimento para o comerciante conseguir a autorização da atividade.
Em tese, portanto, qualquer trailer adequado às normas, seria automaticamente classificado como truck, independente do conceito de cozinha aplicado.
“Não vou levar isso em consideração, até porque hoje o consumidor é muito variado. Da mesma forma que tem gente que procura comida de alto padrão, tem quem procure o arroz e feijão. O que quero é padronizar para funcionar de maneira devida”, afirma.
A verdade é que, entre outras definições e conceitos, a diferença básica entre o food truck e o trailer é que o primeiro “busca o cliente” na cidade por meio de um serviço itinerário, enquanto o segundo tem local fixo de funcionamento.
Na tarde desta quarta-feira (29), Otávio realizou uma reunião, na Câmara Municipal, para debater o assunto com representantes de vários órgãos, entre eles a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e junta comercial.
O projeto não agradou a todos. Há divergências quanto aos locais onde os trucks poderão circular, por exemplo. O vereador pretende ampliar o debate em outros encontros. Ele não descarta a possibilidade de pedir uma audiência pública.