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Sabor

Quando água de coco era raridade por aqui, Altair começava “império”

Coco Aruba: negócio evoluiu de um simples carrinho para maior distribuidora do Centro-Oeste em 30 anos

Cássia Modena | 11/12/2023 09:10
Lincoln e Altair na matriz do coco Aruba em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Lincoln e Altair na matriz do coco Aruba em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

O campo-grandense nem tinha o hábito de tomar água de coco nos parques, como tem hoje, quando Altair Pereira decidiu vender a fruta para consumo na Avenida Afonso Pena.

Tudo começou há 30 anos, com um simples carrinho. Nunca imaginaria que dali nasceria um verdadeiro império do coco em Campo Grande.

O negócio foi batizado de Aruba, inspirado na ilha do Caribe de mesmo nome que fica ao norte da costa Venezuelana. É um lugar paradisíaco, não por acaso conhecido como "ilha feliz".

O negócio foi batizado de Aruba, inspirado na ilha do Caribe de mesmo nome. (Foto: Marcos Maluf)
O negócio foi batizado de Aruba, inspirado na ilha do Caribe de mesmo nome. (Foto: Marcos Maluf)

Demissão - Mesmo não tendo praia e nenhuma paisagem que lembre as caribenhas, Campo Grande acabou virando paraíso para Altair, que em 1991 saiu do interior de São Paulo para tentar a vida na capital sul-mato-grossense.

Trabalhava como gerente de uma pizzaria na época. Num dia, enquanto passeava na Avenida Afonso Pena e bebia água de coco do único lugar onde se vendia em toda a cidade, tomou a decisão de pedir demissão e abrir concorrência.

Em uma semana, a troca estava feita. Surgia a Aruba Coco e um novo empresário.

Em Campo Grande, a Aruba vende de 200 mil a 300 mil cocos por mês em Campo Grande. (Foto: Campo Grande News)
Em Campo Grande, a Aruba vende de 200 mil a 300 mil cocos por mês em Campo Grande. (Foto: Campo Grande News)

Filhos e império - O ponto ocupado pelo primeiro carrinho deu espaço à primeira loja de Altair com o passar dos anos.

Outras cinco unidades foram criadas: duas no Bairro Chácara Cachoeira, duas no Centro e uma no Bairro Tiradentes. Além de atender quem quer se refrescar com a fruta, quatro delas funcionam como ponto de distribuição para revendê-la a mais de 100 comerciantes apenas em municípios de Mato Grosso do Sul e muitos outros nos demais Estados do Centro-Oeste.

Quem narra a trajetória é o filho mais novo, Lincoln Soares, 32. "Somos a maior distribuidora do Centro-Oeste hoje, graças ao empenho do meu pai", conta.

Em Campo Grande, a Aruba vende de 200 mil a 300 mil cocos por mês em Campo Grande. "Só na capital, são consumidos 600 mil mensalmente", estima. Ou seja, chegam a vender a metade de todas essas frutas.

O coco vendido e revendido pela Aruba é produzido em fazendas do Nordeste. (Foto: Marcos Maluf)
O coco vendido e revendido pela Aruba é produzido em fazendas do Nordeste. (Foto: Marcos Maluf)

Lincoln e o irmão do meio, Thales, 35, trabalham com o Altair desde os 11 anos de idade. Quando não havia na loja aquelas máquinas que cortam o coco automaticamente, sem dificuldade, eles tinham que usar o bom e velho facão para prepará-la para consumo dos clientes. "A gente foi olhando meu pai fazer e aprendemos", diz o caçula.

Conrado é o filho mais velho. Ele tem síndrome de down e não trabalha nas lojas. Desde 1º de janeiro de 2022, quando Altair decidiu sair da administração da Aruba, faz companhia ao pai.

O criador do império descansa mais agora, após décadas de trabalho intenso. Mas não muito, pois continua atuando com a família na matriz da rede.

Do Nordeste - Lincoln revela que o coco vendido e revendido pela Aruba é produzido em fazendas do Nordeste. Ele garante que a fruta de lá é maior, mais saborosa e muito diferente da que é cultivada em outras regiões.

Por ser uma distribuidora que compra direto da fonte, consegue fazer um preço menor ao cliente final do que outros comércios. Na matriz, por exemplo, que fica na Rua Calarge com a Rua Pedro Celestino, a água da fruta custa R$ 5 gelada e R$ 4 natural. Há também a opção do suco da água batido no liquidificador com a castanha.

Tudo se aproveita - Com o campo-grandense se tornando tão fã de água de coco, o que se faz com tanta casca que sobra?

Lincoln explica que são recolhidas por um caminhão e levadas até uma fazenda no interior de Mato Grosso do Sul, onde são trituradas e viram adubo de excelente qualidade.

"É ótimo porque retém a umidade e é uma fibra super-rica em nutrientes. Do coco, tudo se aproveita", finaliza.

Na matriz, por exemplo, que fica na Rua Calarge com a Rua Pedro Celestino, a água da fruta custa R$ 5 gelada e R$ 4 natural. (Foto: Marcos Maluf)
Na matriz, por exemplo, que fica na Rua Calarge com a Rua Pedro Celestino, a água da fruta custa R$ 5 gelada e R$ 4 natural. (Foto: Marcos Maluf)

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