Boi gordo: mercado segue em pleno fortalecimento
A oferta de bovinos vai recuar no Brasil, tendo o seu auge entre outubro e novembro
A boiada pode até passar, mas o fato é que a boiada atual é mais jovem, pesada e, principalmente, rara. Digo isso, para ficar bastante explícito que o produto boi, melhor dizer, gado pronto, tornou-se um item cada vez mais demandado. Prova disso, é que a arroba em R$ 330 é algo que já bate na porta e tem sido precificada quase diariamente, na posição de novembro, na B3.
Contudo, antes de destacar as percepções sobre o mercado e seus possíveis lançamentos para os próximos meses, quero comentar as articulações do mercado varejista e industrial de carne bovina da última semana, aquela que antecedeu o dia dos pais. Amigos, no domingo pela manhã, andei pela cidade de Campo Grande e o que vi foram açougues e casas de carne lotadas, já com poucas opções de cortes. Nos supermercados, os balcões refrigerados com carne bovina estavam “estourados”, poucas opções. Um sinal claro de recuperação econômica e também da cultura de consumo de carne bovina. Amigos e familiares no Rio de Janeiro e São Paulo falaram do mesmo “fenômeno” nos supermercados. O consumo interno é extremamente importante e, o fator limitante, é o poder de compra de parte representativa da população e não o preço da carne, como apontam alguns.
Já na indústria frigorífica, as escalas de abates reduziram nas principais praças brasileiras. E há pouco o que fazer nas estratégias dessas empresas. Já se deram muitas férias coletivas, o auge da escassez de gado pronto ainda estar por vir e o mercado está pagando muito bem pela tonelada da carne bovina exportada pela indústria brasileira, cerca de US$ 5420,00.
Dito isso, as escalas caíram nas principais praças brasileiras dois dias em média. São Paulo recuou próximo a três, realidade vista em outros estados. No Mato Grosso do Sul, apesar das informações um pouco mais truncadas, o recuo na escala foi de um dia, o que garante pouco mais de uma semana. Também, aqui no estado, o assédio da indústria se intensificou.
Em torno das expectativas, elas não mudam, e a oferta de bovinos vai recuar no Brasil, tendo o seu auge entre outubro e novembro, processo já iniciado. A indústria processadora deve garantir seus contratos de embarques com a disposição dos giros de gado confinado no país (não vão pressionar preço, mas vão garantir as entregas no exterior), mas também já buscam travar negócios com alguns pecuaristas para garantir a atividade de abate. Poucos pecuaristas têm feito isso e, na verdade, com o mercado como está, não é nada interessante para o produtor rural.
Dentro dos cenários vistos nos últimos dias, dois me chamaram muito a atenção pelo fato e também as discussões que foram provocadas junto aos pecuaristas. O primeiro em relação ao fechamento de sexta-feira do boi gordo do Cepea. Gente, o que foi aquilo? Todas as empresas de análise e acompanhamento de mercado físico deram ganhos para o boi e o Cepea jogou para baixo. Ficou bem estranho aquilo, mas melhor ignorar. Também a notícias de valores bem mais baixos para bezerros em alguns estados do Norte do Brasil. Busquei conversar com alguns pecuaristas da região e, de fato, há casos, o problema tem sido um custo muito alto, com pouca pastagem disponível, entre outros elementos. No Canal do Boi, fizemos um levantamento para buscar alterações de preço em bezerros e, por enquanto, trata-se de caso isolado na região norte.
Para está semana, pouco alteração, mas com preços firmes para boi gordo em viés de alta.
*Fabiano Reis é jornalista, mestre em Produção e Gestão Agroindustrial - Facebook e Instagram: @fabianosreis.