Com arroba do boi andando de lado, saída é conhecer melhor o ciclo da pecuária
Este ano, grande oferta de animais prontos para o abate foi a causa da queda do preço da arroba
Com o tema “Desafios do mercado do boi gordo e suas oportunidades”, Caio Rossato, zootecnista graduado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e proprietário da PECBR Consultoria foi o palestrante convidado da noite desta segunda-feira, 6, durante o 3º Encontro Técnico dos Criadores, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande (MS). A empresa já responsável pelo acompanhamento técnico de abates de mais de 5 mil lotes, em mais de 13 estados diferentes e também no Paraguai e Bolívia.
O foco da palestra, segundo Rossato, foi desconstruir alguns mitos ainda existentes na cadeia produtiva da carne e também situar melhor o pecuarista no mercado, que ainda se comporta de maneira bem desconfortável para o produtor rural. Atualmente, arroba do boi gordo encontra-se na casa dos R$ 230,00 em Mato Grosso do Sul. Caio lembrou que no ano passado a cotação andou na casa dos R$ 300,00.
O mês de outubro deste ano fechou com a arroba valorizada em 10% na média, em relação ao mês anterior. É um sinal de recuperação para um produto que vem desde o semestre passado andando de lado no mercado nacional.
De acordo com Caio Rossato, a intenção da palestra é fazer com que o pecuarista entenda o mercado da carne em um cenário nacional e global, e atender o nicho de mercado e as várias especulações que podem interferir no preço da arroba paga ao produtor.
“O mercado nacional e internacional de carne bovina tem se adaptado as diversas exigências dos consumidores e com isso os produtores têm se adequado para atender os diversos nichos de mercado ou até mesmo produtos commodities enviados aos frigoríficos. Como fazer isso? Esse é o grande segredo, é você se adaptar a esse mercado e obter uma bonificação diferenciada, com isso gerando menos especulação no mercado da carne e maior garantia de um preço justo pago ao produtor”, explicou Caio.
Para o palestrante é importante também o pecuarista ter em mente alguns fatores: 1) conhecer o que se produz; 2) conhecer a praça que está inserido; 3) qual mercado atingir e o impacto; e, 4) saber relacionar-se com a indústria.
Exportações
Atualmente 62,38% das exportações de carne de Mato Grosso do Sul vão para a China, seguida por Estados Unidos (4,47%), Egito (4,3%) e Chile (3,98%). "Ainda somos muito dependentes da China, então qualquer ruído que acontece nesse mercado afeta bastante o pecuarista brasileiro", avalia Rossato. Apesar disso, completa, a identificação ideológica do Brasil com a China acaba atualmente garantindo certa estabilidade nessa relação.
Em relação ao mercado doméstico, para o palestrante, a boa notícia é que o Brasil, apesar de registrar esse ano o menor consumo de carne dos últimos 25 anos, ainda consome três vezes mais a proteína bovina do que o resto do mundo, numa média de 27 quilos por pessoa.
"O rebanho brasileiro só cresce e em 2024 haverá um aumento de oferta. Basta o pecuarista ficar atento ao ciclo da pecuária e tomar a decisão correta em cada fase do mercado. De qualquer forma, o ciclo pecuário impõe a dinâmica do mercado", finaliza Caio Rossato.