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Lado Rural

Para proteger laranjais em MS, governo quer proibir "Dama da Noite"

Planta, também conhecida como "murta de cheiro" é bastante usada como cerca viva e decoração na jardinagem

Por José Roberto dos Santos | 02/07/2024 14:35
Bonitinha mas perigosa a murta, também conhecida como dama da noite, terá produção e comércio proibidos em MS. (Foto: Reprodução)
Bonitinha mas perigosa a murta, também conhecida como dama da noite, terá produção e comércio proibidos em MS. (Foto: Reprodução)

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, enviou projeto nesta segunda-feira, 1º, para a Assembleia Legislativa, alterando lei que dispõe sobre a defesa sanitária vegetal. O projeto acrescenta um artigo à Lei 4.225/2012, para proibir o plantio, comércio, transporte e produção da planta exótica murta – conhecida também como "murta de cheiro" ou "dama da noite", bastante utilizada na jardinagem como cerca viva e decoração. A planta é hospedeira da bactéria causadora da doença dos citros denominada HLB (huanglongbing) ou greening dos citros, que é uma das doenças mais graves e destrutivas da citricultura mundial.

O governador cita como justificativa para a mudança na lei, na mensagem de envio do projeto à Assembleia, o relevante crescimento da cadeia de produção de madeira e celulose de Mato Grosso do Sul, que exige uma legislação mais rígida para fortalecer as ações de monitoramento e controle das atividades associadas à comercialização e ao trânsito de materiais de propagação vegetal, sementes e mudas.

Aliado a isso, também há o fato de que Mato Grosso do Sul foi incluído pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) como unidade da federação com ocorrência de HLB. A citricultura tem ampliado sua importância no contexto de diversificação da produção agrícola do Estado e o estabelecimento da restrição visa exatamente fortalecer a fruticultura e promover um ambiente favorável a novos investimentos privados, que vêm crescendo.

Ainda segundo a mensagem, com as alterações propostas será possível alinhar as práticas de comercialização realizadas por Mato Grosso do Sul aos padrões do comércio internacional de sementes, mudas e produtos florestais, uma vez que essas modificações possibilitarão ao Estado cumprir regulamentações e acordos internacionais, bem como incentivarão o desenvolvimento de práticas mais sustentáveis de produção e comércio.

Doença sem tratamento

Segundo literatura consultada pela coluna Lado Rural, a HLB não poupa nenhuma espécie cítrica e, até o momento, não há cura para as plantas doentes. O inseto se alimenta das plantas e as folhas se tornam opacas, com uma nervura central engrossada. Os frutos sofrem deformações e a parte branca sob a casca fica engrossada, afetando o sabor da fruta. As árvores afetadas perdem prematuramente seus frutos e, em última instância, acabam morrendo. Mesmo quando são mudas, as plantas podem ser afetadas, muitas vezes sem apresentar sintomas visíveis.

Fruto com sintomas suspeitos de greening dos citros. (Imagem: Iagro-MS)
Fruto com sintomas suspeitos de greening dos citros. (Imagem: Iagro-MS)

Vetor e hospedeiro

A propagação do HLB é atribuída ao psilídeo Diaphorina citri, um inseto de cor branca-acinzentada com manchas escuras nas asas. Este pequeno inseto é comum nos pomares durante as épocas de brotação das plantas e é o vetor responsável por transmitir a bactéria causadora do HLB. Além dos citros, a planta ornamental murta também serve como hospedeira para o patógeno.

Tolerância zero à doença em MS

A Iagro (Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) executa a atividade de levantamento da ocorrência de HLB em MS, realizando, também, o monitoramento da flutuação populacional do vetor através do monitoramento de armadilhas oficiais.

A vinda de novos investidores ao Estado está atrelada a expansão da doença greening em São Paulo, que já afetou a produção que é a maior do país. Mato Grosso do Sul tem uma legislação rígida, com “tolerância zero” a doença. Aqui se a planta estiver doente deve ser erradicada e o pomar monitorado.

“Esta doença é endêmica e acabou com os pomares da Flórida, eles operam hoje com 10% do que tinham, que era o maior produtor mundial. O Brasil está colhendo os frutos desta situação, no entanto mais de 60% dos pomares de São Paulo estão comprometidos. Aqui já teve casos, porém isolados”, explicou Karla Nadai, coordenadora da horticultura da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), em nota publicada no portal do órgão.

Plantação de laranja no município de Dois Irmãos do Buriti. (Foto: Arquivo/Semadesc)
Plantação de laranja no município de Dois Irmãos do Buriti. (Foto: Arquivo/Semadesc)

Citricultura só cresce em MS

Gigante do setor, o Grupo Cutrale faz parte deste novo momento de Mato Grosso do Sul. Eles anunciaram no segundo trimestre desse ano, o investimento de R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares de laranja no Estado, que serão produzidos na Fazenda Aracoara, que fica às margens da rodovia BR-060, na divisa entre Sidrolândia e Campo Grande.

Conforme informações   divulgadas pelo portal da Semadesc na internet a empresa, que lidera as exportações brasileira de laranja, terá toda sua área irrigada e vai contar com o plantio de cerca de 1.,730 milhão de pés de laranja. A previsão é que o projeto tenha um alcance em um raio de 150 km da propriedade, chegando no futuro a 30 mil hectares plantados.

Todo este investimento na produção teria como consequência até a instalação de uma futura indústria de processamento de laranja em suco no Mato Grosso do Sul. A atuação do grupo empresarial no Estado mostra o cenário de crescimento e expansão que tem aqui um novo destino.

Os investimentos seguem em outras cidades. O Grupo Junqueira Rodas começou em abril o projeto de citricultura em Paranaíba, com a intenção de plantar em 1.500 hectares. Já anunciaram que vão produzir em Naviraí nesse segundo semestre, mais 2,5 mil hectares.

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