Bioparque vira morada de "cascudinhos" ameaçados de extinção
Ao todo 50 peixinhos da espécie nasceram de agosto a outubro deste ano
Cascudos-angélicus, o nome pode ser um pouco contraditório, mas a realidade é que o peixinho que corre risco de extinção ganhou morada fixa e abrigo no Bioparque Pantanal. Chamado cientificamente de Hypancistrus sp., a espécie habita no tanque Corredeiras da Amazônia e é o primeiro registro da espécie no Brasil.
A ameaça à existência dos cascudinhos ocorre porque com a implantação de hidrelétricas no habitat natural da espécie, as águas passaram de oxigenadas a paradas, deixando o ambiente alterado para eles. Além disso, a sobrepesca acentuou o sumiço do peixe, segundo explicou o biólogo Heriberto Gimênes Junior.
No Bioparque, no entanto, o ambiente ideal foi recriado possibilitando a reprodução do cascudo-angélicus. “Hoje nós somos os únicos que conseguimos reproduzir esse bicho em cativeiro. Pensando em futuros repovoamentos ou trabalhos, seremos os únicos capazes de trabalhar na conservação da espécie no Brasil”, disse o profissional que atua no aquário pantaneiro.
A reprodução é feita em uma espécie de caverna artificial. A primeira ocorreu em agosto com o nascimento de 22 filhotes e a segunda, agora em outubro, ocasionou o nascimento de mais 28.
“O macho que cuida da desova, ele prende a fêmea dentro da caverna, ela desova, ele a expulsa e fica cuidando por um período de até 12 dias, mais ou menos”, explicou o biólogo. Os cascudinhos são um das 24 espécies reproduzidas no Bioparque e fazem parte do Centro de Conservação de Peixes Neotropicais.
Para tanto foi criado protocolos e técnicas de reprodução. O centro se atenta às espécies enquadradas em elevado risco de extinção ou potenciais espécies ameaçadas, tendo como base atender os pilares da conservação, bem-estar animal e pesquisa.