Capital tem lontras em córrego, que fazem até nado sincronizado
Elas são sempre vistas em trecho do Córrego Segredo, no prolongamento da Avenida Ernesto Geisel
Bichos de focinho curto e corpo longo, muito carismáticos, as lontras também são animais que podem ser vistos nas águas de córrego de Campo Grande.
Mergulhos delas no Córrego Segredo são registrados, pelo menos desde 2020, pelo coordenador do projeto Ecoplantar, Marcos Kirst. O mais recente, nesta semana, quando cardume de tilápias foi visto no Córrego Anhanduí, mais à frente, e viraram notícia.
Há várias famílias de lontras vivendo no trecho do Segredo que fica na Avenida Prefeito Heráclito Diniz Figueiredo, no prolongamento da Avenida Ernesto Geisel. Lá, o Ecoplantar coordena um projeto de reflorestamento e também funciona como ecoponto para recolhimento de materiais recicláveis.
"Já vimos pais ensinando os filhotes a nadar", conta o coordenador. E elas são boas nadadoras. Se tivesse Jogos Olímpicos no mundo animal, elas iriam brilhar. Veja o nado sincronizado:
As lontras se alimentam de peixes, que têm aparecido com mais frequência desde que as árvores plantadas às margens do córrego começaram a dar frutos, diz Marcos. "Os peixes comem as frutas que caem. Mais de 80 espécies de pássaros também aparecem aqui para comer", conta.
Ótimo sinal - O veterinário Rodrigo Leal explica que as lontras são mamíferos aquáticos da mesma família que os furões. Curiosos, têm comportamento bastante ativo e individualista. "Só formam grupos no momento de acasalamento. Escavam tocas nas beiras dos rios para abrigar os filhotes",
Leal confirma que o prato principal da dieta é o peixe. Mas, segundo Marcos, não é a tilápia que elas comem no Segredo. "Essa espécie não chega aqui no Segredo. Se chegasse, com certeza, seria devorada", fala.
Rodrigo destaca que a presença de lontra no córrego é um ótimo sinalizador. "Ela é um predador do topo de pirâmide alimentar, então, ela só fica em ambiente o mais equilibrado possível para consolidar um grupo, para conseguir disponibilidade de alimento, água, local para fazer toca, local para refúgio", detalha.
Outro indicador positivo é em relação ao trabalho de restauração ambiental que a Ecoplantar faz. "Mostra que chegou ao patamar de, pode-se dizer, um ambiente de floresta recuperado, retomado pela presença desses predadores de topo", diz o veterinário.
Reflorestamento - Com o apoio de empresas e de pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), 40 mil árvores nativas já foram plantadas às margens do Córrego Segredo ao longo dos 12 anos que o projeto de restauração existe.
O plantio de árvores é o que garante as condições de vida para lontras, peixes e outros animais que surgem por lá, como tamanduás, cita o coordenador.
"Essa área estava abandonada e virou um santuário ecológico. Nossa ideia é trazer cada vez mais a natureza de volta pra cidade. A sociedade junta, consegue fazer milagres", diz Marcos.
O local onde a Ecoplantar tem acesso livre todos os dias da semana, e fica na Avenida Prefeito Heráclito Diniz Figueiredo, entre a Avenida Padre João Falco e Rua Alfredo Nobel.
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