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Capital

Falta manutenção e barragem, diz engenheiro que há 12 anos vê avenida inundar

Engenheiro civil e ambiental acompanha repetição do problema, que já provocou muitos danos à região

Por Cassia Modena | 15/01/2024 13:35
Engenheiro na barragem mais próxima à Rachid Neder, com muita terra, troncos e lixo se acumulam (Foto: Marcos Maluf)
Engenheiro na barragem mais próxima à Rachid Neder, com muita terra, troncos e lixo se acumulam (Foto: Marcos Maluf)

Aposta com boa chance de acerto em Campo Grande é a seguinte: se chove forte, a região da Avenida Rachid Neder terá alagamentos e inundações. Aconteceu há quase duas semanas e é o que se repete há pelo menos 12 anos, pelas contas do engenheiro civil e ambiental Antônio Sampaio. Neste mesmo tempo, ele pressiona a prefeitura por soluções para a drenagem do Córrego Segredo, que considera simples e de custo viável.

O problema, ele explica, está principalmente no acúmulo de areia, pedras e troncos de árvores no sistema de drenagem construído ao longo do córrego, e na necessidade de se fazer mais uma barragem.

"A água não para lá atrás, onde deveria parar, é por isso que transborda", resume.

O curso d'água nasce no Bairro Nova Lima, a cerca de 9 quilômetros da área onde o transtorno chega. É para lá que o engenheiro aponta, ao falar de uma questão pontual que contribuiu para criar o cenário visto a cada chuva intensa.

Ele se refere à erosão que se abriu sob o asfalto, naquele bairro, em 2011.

"Foi depositada uma quantidade muito grande de terra, muito grande mesmo, com a abertura da cratera e todas as obras para resolver aquilo. Isso se somou à impermeabilização da região ao longo do tempo, que gerou maior volume de chuva escoando no córrego, algo que todos os sistemas de drenagem já preveem", detalha.

Trechos mais problemáticos - O especialista acompanhou a reportagem no trajeto em direção à nascente e apontou os três pontos mais críticos onde o sistema de detenção e contenção das águas não estão funcionando ou estão cumprindo a função parcialmente.

O Segredo corre pela Avenida Ernesto Geisel e seu prolongamento, a Avenida Prefeito Heráclito José Diniz de Figueiredo. É lá que estão os trechos que pedem manutenção e nova barragem, conforme sinalizado em vermelho no mapa abaixo.

Arte: Lennon Almeida
Arte: Lennon Almeida

Antônio sugere que uma nova barragem seja construída pouco antes da primeira, para "segurar" as águas que escorrem até a rotatória e descem até a Avenida Rachid Neder, bloqueando o trânsito e alagando residências.

Ainda quanto à barragem 1, ele mostrou que um tronco enorme de árvore e terra estão obstruindo suas tubulações. Ela é basicamente um bloco que contém três tubos, sendo que um deles está comprometido e outro tem um impedimento parcial.


Na segunda barragem, as tubulações estão totalmente trancadas pelos detritos. A quantidade de areia acumulada parece ser ainda maior do que a da anterior. Um detalhe importante é que cresceu ali muita vegetação "invasora", diz Antônio, o que acaba atrapalhando também o sistema de drenagem.

Por fim, ele mostra uma área de contenção vizinha ao Drive Thru Ecológico Ecoplantar, no Bairro Otávio Pécora, que acabou subindo de nível graças ao acúmulo de terra, e onde brotou mais vegetação, espontaneamente. "Assim, não tem como formar a 'piscina' que deveria formar para conter a água", afirma.

Como resultado, afirma que sistema feito para drenar "chuva de 50 anos" na Capital, termo técnico usado para dimensionar certo volume histórico e acima do esperado, não está operando como deveria há mais de uma década.

Antônio Sampaio na segunda barragem, que fica ao fundo e tem tubos obstruídos (Foto: Marcos Maluf)
Antônio Sampaio na segunda barragem, que fica ao fundo e tem tubos obstruídos (Foto: Marcos Maluf)

Simples? - O engenheiro trabalhou por 25 anos na própria prefeitura e foi professor do curso de Engenharia Ambiental de duas universidades da Capital. Está aposentado desde 2020. Pela experiência, insiste que as ações necessárias não são complexas e pedem investimento baixo.

"São obras simples, que demandam um investimento que não é nada para o poder público. Basta ter uma boa equipe para cuidar da drenagem, gestão e vontade de fazer", diz Antônio.

Ele afirma que participou da última reunião da câmara técnica de drenagem do Município e chegou a entregar um relatório com apontamentos e sugestões. Não sabe se chegou a ser analisado. "Com tantas mudanças de gestão na Secretaria de Obras, esses documentos se perdem e alguns projetos acabam não sendo iniciados e concluídos", disse.

Roupas e lixo na beira do córrego, mais um problema que causa inundações. (Foto: Marcos Maluf)
Roupas e lixo na beira do córrego, mais um problema que causa inundações. (Foto: Marcos Maluf)

O que diz a secretaria - A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), que é responsável pelo relatório e atualmente chefiada pelo engenheiro Marcelo Miglioli, informou via assessoria de imprensa que o relatório mencionado não chegou até a pasta.

Quanto aos problemas identificados por Antônio, respondeu que a solução é menos simples do que apurada e que busca recursos para colocar um projeto em prática.

"A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos ressalta que o sistema de drenagem da região é bastante antigo, sendo implantado quando a situação da cidade era outra, sendo complexa a solução para essa questão atual. A Sisep informa que já tem um estudo sobre as intervenções necessárias para solucionar o problema naquela região e que no momento busca recursos para executar o projeto. Uma das medidas é a construção de barragens", diz a nota.

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