ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
JANEIRO, SEXTA  17    CAMPO GRANDE 28º

Meio Ambiente

Danos a lagoas, peixes e lavoura causados por incêndios são investigados em MS

Num deles, fogo atingiu barracão de usina onde havia 45 mil toneladas de açúcar, gerando um resíduo "caramelo"

Por Cassia Modena | 08/12/2024 09:18
Danos a lagoas, peixes e lavoura causados por incêndios são investigados em MS
Combate a incêndio na usina, no ano passado, durou cerca de 40 horas (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Consequências de dois incêndios que ocorreram no barracão de usina de açúcar e em canavial da empresa Raízen, em Rio Brilhante, danos ambientais a lagoas e a uma reserva legal, além de prejuízos a produtores de peixe e agricultor, são investigadas por inquéritos civis abertos pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) nesta semana.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Dois incêndios na usina de açúcar Raízen, em Rio Brilhante-MS, resultaram em danos ambientais significativos. O primeiro, em novembro de 2023, consumiu 45 mil toneladas de açúcar armazenadas, e o combate durou mais de 40 horas. O segundo, em junho de 2024, iniciou-se após uma falha em colheitadeira e se alastrou devido à falta de rescaldo, causando um incêndio de turfa. Resíduos da queima geraram um líquido viscoso que contaminou lagoas, causando o colapso de uma delas e a morte de centenas de peixes, além de afetar lavouras. O Imasul constatou práticas irregulares de drenagem e calcula multa de R$ 2.909.908,00. Outro inquérito investiga a destruição de 4 hectares da reserva legal da fazenda, com a Raízen alegando acidente e a empresa sendo multada em R$ 20 mil, mas se recusando a comentar sobre os fatos.

O primeiro incêndio data de quase um ano. Em 13 de novembro de 2023, o barracão da planta industrial foi atingido. Havia 45 mil toneladas de açúcar armazenados lá dentro. Corpo de Bombeiros e a brigada da empresa tiveram que se empenhar em mais de 40 horas de combate.

O segundo se espalhou pela Fazenda Vacarias, onde a Raízen cultiva cana-de-açúcar. Houve um foco inicial em 13 de junho deste ano após uma colheitadeira falhar, travar e isso iniciar o fogo no equipamento, segundo relatos de funcionários da empresa. A brigada de incêndio foi mobilizada e o apagou, porém, não foi feito o rescaldo e o fogo de turfa (subterrâneo) acabou dando origem a um incêndio maior no dia seguinte.

"Caramelo" em lagoas, tanques e lavoura - Segundo apura o Ministério Público, o material orgânico e industrial queimado se juntou ao que sobrou no barracão e à água usada para combater as chamas, gerando um líquido pegajoso e escuro parecido com caramelo.

Danos a lagoas, peixes e lavoura causados por incêndios são investigados em MS
O resíduo "caramelo" que ainda estava nas dependências da usina mais de 20 dias após incêndio (Foto: Reprodução/MPMS)

O resíduo foi carreado e também irregularmente drenado para plantação de cana-de-açúcar e canais que desembocam em duas lagoas, como constatou o Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) em vistorias ao local.

Sem poder conter o volume extra que recebeu, uma das lagoas colapsou e extravasou. As duas servem à captação de água pluvial pela empresa.

O extravasamento para áreas vizinhas provocou a morte de cerca de 250 tambaquis em tanques de um sítio e de mais exemplares de peixes em propriedade próxima. Além disso, lavoura de arroz irrigada em uma fazenda foi afetada. Outras lagoas da redondeza foram contaminadas.

Danos a lagoas, peixes e lavoura causados por incêndios são investigados em MS
Peixes mortos em propriedade vizinha à usina (Foto: Reprodução/MPMS)

De acordo com relatório da Polícia Militar Ambiental anexado à investigação, o resíduo ainda era visto a céu aberto na planta da usina, já passados mais de 20 dias após o incêndio. A Raízen não havia adotado medidas de contenção adequadas.

Policiais flagraram estrutura montada para bombear o líquido contaminado para a rede de captação de águas pluviais que chegam às lagoas. Essa prática é irregular e está em desacordo com a licença de operação da empresa e legislações ambientais, destacou o Imasul.

No relatório, o órgão calcula multa de R$ 2.909.908,00 por todos os danos.

Danos a lagoas, peixes e lavoura causados por incêndios são investigados em MS
A lagoa de captação fluvial que extravasou (Foto: Reprodução/MPMS)

Antes da abertura do inquérito sobre esse caso, o MPMS questionou a empresa sobre o ocorrido, mas não houve resposta.

Reserva legal - Na outra investigação aberta, o MPMS apura a destruição de 4 hectares da reserva legal da Fazenda Vacarias, onde ações de prevenção ao ressurgimento do incêndio mais recente não foram adotadas.

A parte atingida fica às margens de uma lavoura de cana. Alegando que não houve perdas significativas e que a área já está em processo de recuperação natural, advogado de defesa da Raízen afirmou que o incêndio foi "acidental e indesejado" e pediu que a apuração inicial do Ministério Público fosse arquivada, mas sem sucesso.

Danos a lagoas, peixes e lavoura causados por incêndios são investigados em MS
Área de reserva legal da empresa que foi queimada (Foto: Reprodução/MPMS)

O Imasul multou administrativamente a empresa em R$ 20 mil pelo dano à reserva legal.

A Raízen - O Campo Grande News questionou a assessoria de imprensa da Raízen sobre os incêndios e as medidas não adotadas. A empresa optou em não se posicionar.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.



Nos siga no Google Notícias