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Meio Ambiente

Dois dias após reabertura, catadores dizem que não há o que tirar do lixão

Paula Maciulevicius e Mariana Lopes | 17/01/2013 11:10
A reivindicação dos catadores é pelo lixo da noite, considerado o melhor para coleta de recicláveis. (Foto: Luciano Muta)
A reivindicação dos catadores é pelo lixo da noite, considerado o melhor para coleta de recicláveis. (Foto: Luciano Muta)

Pouco mais de 48h depois de ver o lixão reaberto em Campo Grande, os catadores voltam ao trabalho na manhã desta quinta-feira, alegando não ter o que fazer. De braços cruzados, eles afirmam que o material coletado durante a noite foi jogado no aterro sanitário e não no lixão e que agora não há recicláveis para começar a jornada. O que tinha de ontem, já foi catado durante o expediente desta quarta, afirmam.

O catador Rudmar Soares Reis, 29 anos, conta que até ontem estava tudo normal. O lixo era depositado no lixão, mas a surpresa, segundo ele, veio hoje pela manhã. Depois de reaberto por decisão da Justiça, a prefeitura passou a ditar regras para a entrada no local, inclusive estabelecendo horário das 8h às 18h para coleta.

“A gente está vindo aqui, fazendo certo, cumprindo as regras que eles colocaram. Ontem mesma a Solurb combinou de jogar lixo no lixão e não no aterro e eles descumpriram”, conta o trabalhador.

A reivindicação dos catadores é pelo lixo da noite, considerado o melhor para coleta de recicláveis.

Hoje, ao ver um novo caminhão de lixo se deslocando para o aterro, outra decepção. “Aí o caminhão vai levar tudo para a lona e 60% do que tem dentro é reciclável. É o melhor lixo. Ou a gente invade o aterro para poder trabalhar, ou fica aqui, de braço cruzado”, reivindica Rodrigo Leão Marques, 32 anos, conhecido como ‘Carioca’.

Para os catadores, a resposta dos funcionários da Solurb, empresa que venceu licitação e vai administrar pelos próximos 25 anos o lixão de Campo Grande, é que os caminhões não estão entrando no lixão porque atolaram alguns dos veículos nesta quarta.

Ontem, após a reabertura do local, técnicos do MPT (Ministério Público do Trabalho) fizeram vistoria no lixão. O relatório da inspeção deve ficar pronto em 15 dias.

A liberação provisória do lixão foi determinada pela Justiça e é até o término da obra da usina. A prefeitura quer que o consórcio, a Solurb, conclua a usina. A obra restante contempla 3 mil metros quadrados. Mas o representante da CG Solurb foi enfático ao dizer que a obra é do município.

Com a reabertura, os catadores não têm acesso à montanha de detritos do lixão. O descarte dos caminhões de coleta é feito em um terreno, denominado zona de transição, e depois o material vai para o aterro. Outra regra é o horário estabelecido e também o funcionamento de segunda-feira a sábado.

O superintendente da Solub, Élcio Torres, disse ao Campo Grande News que o lixo foi descartado na área de transição. Segundo ele, apenas o excedente foi destinado ao aterro sanitário.

“Está sendo colocado lá a quantidade que os catadores conseguem processar, o restante vai direto para o aterro”, acrescentou.

O representante da concessionária disse ainda que até que venha outra decisão, permanece esta metodologia. “Estamos cumprindo uma determinação judicial e da prefeitura”, finalizou.

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