No bairro vizinho ao lixão, falta de dinheiro afeta comércio
O período em que o lixão de Campo Grande ficou fechado não afetou apenas os catadores de material reciclável. Trouxe também a falta de dinheiro para os comerciantes da região. Na principal avenida do bairro Dom Antônio Barbosa, a Evelina Selingard, a reclamação de que os clientes desapareceram é comum até para quem trabalha vendendo alimentos.
Há oito anos Walmir Escaramuça tem um mercado no bairro e disse que há 20 dias não faz pedido para renovar o estoque porque as vendas despencaram. “O movimento caiu 40% porque a economia aqui é reciclagem, mas pelo visto é uma realidade que até 2014 não vai poder ter”, comentou.
“Na vila o assunto é um só: ninguém tem dinheiro para nada”, disse.
Na panificadora que fica na mesa avenida a proibição do acesso ao lixão fez com que os pedidos de doação também aumentassem. “Começou a aparecer gente pedindo pão até vencido”, disse a ajudante de padaria, Ana Paula Silva dos Santos. “As pessoas sobrevivem com o lixão, o impacto foi grande para todos”, comenta.
“Antes a gente ficava aberto 24 horas e com o movimento, agora nem de dia e nem de noite”, desabafou a Nelci Ramos, dona de uma conveniência. Ela disse que o movimento teve queda de 50% e espera na reabertura do lixão a volta dos fregueses.
Nesta terça-feira (15) os catadores foram autorizados a voltar ao lixão para recolher materiais recicláveis, por força de uma liminar na Justiça Estadual.
Segundo os comerciantes, janeiro costuma ser um mês mais fraco para as vendas, mas que a queda foi além do esperado. “Ninguém está vendendo nada”, resumiu a funcionária de uma loja de roupas, Estefany da Conceição.
Quem dependente diretamente da compra e venda plástico, papel, vidro e alumínio sofre com a restrição. Eliane Pires, compradora de material também reclama da falta do que vender e conta que só consegue se manter porque comercializa aquilo que já tinha no estoque. “Eu preciso dos catadores para o meu sustento, mas eu sei que lá tem muita gente que precisa”.
Ela revende o material para uma empresa de reciclagem que compra de outros 10 catadores e disse que ajuda a girar a economia do bairro, já que paga a vista pelos produtos.