MS tem pior outubro desde 2002 e combate ao fogo vai ganhar 2ª base
Novo posto de apoio na região pantaneira deve ficar em Rio Negro
Mato Grosso do Sul fechou outubro com 2.310 focos de incêndios florestais detectados pelo monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), maior número para o mês desde 2002, quando foram registrados 2.586. Batizada de Pantanal 2, a operação para combate ao fogo que voltou a se alastrar no último fim de semana, na região de Corumbá, Miranda e Aquidauana, será reforçada por uma segunda base de apoio.
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros sul-mato-grossense, Exército e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) farão o reconhecimento de áreas para montar o novo posto. Hoje, o efetivo empregado nas frentes de queimadas está concentrado na fazenda BR-PEC, em Miranda.
Anunciado nesta quinta-feira (31) pelo governo estadual, o reforço de 35 bombeiros do Distrito Federal e 60 brigadistas de Ibama e Icmbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) está de prontidão. Os agentes aguardam a definição da nova base de alojamento e alimentação para se deslocar até a região pantaneira. Conforme o Corpo de Bombeiros, o segundo posto deve ficar em fazenda no município de Rio Negro.
Além dos militares, o Distrito Federal vai enviar outra vez seu avião Air Tractor, com capacidade para lançar até três mil litros de água. Atualmente, o combate ao fogo na região do Morro do Azeite, Estrada Parque e Buraco das Piranhas conta com outras três aeronaves de mesmo modelo - uma emprestada pelo governo de Mato Grosso e duas agrícolas particulares.
Emergência - Nesta sexta (1º), a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil reconheceu emergência por causa dos incêndios florestais em Aquidauana, Bonito, Corumbá e Miranda. Os municípios haviam entrado no decreto baixado pelo governo do Estado para declarar a situação, em setembro deste ano.
Segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Fabio Catarineli, o reconhecimento vai possibilitar a liberação de recursos federais. Há pouco menos de dois meses, a União repassou R$ 214,7 mil para Mato Grosso do Sul, verba empregada no abastecimento dos aviões que combateram o fogo.
Segundo o Inpe, setembro foi o mês com maior quantidade de focos de queimada detectados no Estado, com 3.210.
Catarineli revelou que o Estado vai solicitar novo aporte de recursos. O valor será definido ainda hoje. Segundo o coordenador da Defesa Civil, a pedida deve ser maior que o valor de setembro.
Chuva - Na quinta (31), a estiagem deu trégua em Miranda e ajudou a minimizar o fogo no Pantanal. Conforme dados fornecidos pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), a estação do município registrou chuva de 21,8 mm por volta das 17h.
A estiagem em Miranda já durava nove dias. Segundo o Cemtec, o esperado para o mês era de 108,2 mm, mas outubro terminou com acumulado de 56 mm de chuva.
Por sua vez, Corumbá chegou a 16 dias sem precipitações. A última chuva, no dia 15 de outubro, foi tímida, de apenas 1,6 mm. O município encerrou o mês com 11,4 mm acumulados, número distante dos 76,1 mm esperados, de acordo com média histórica.
Relatório - Segundo relato do Corpo de Bombeiros, 21 militares disponibilizados pelos quartéis do Estado chegaram ontem à área de queimadas. Os helicópteros da Polícia Militar e da PRF (Polícia Rodoviária Federal), além de dois aviões agrícolas, se juntaram à operação.
Também na quinta (31), uma sala de situação foi estabelecida na fazenda BR-PEC e foi realizado sobrevôo de reconhecimento para traçar estratégias operacionais dos próximos dias.
As ações começaram às 8h e só foram encerradas às 21h. No período, tropa terrestre dos Bombeiros foi deslocada para apagar incêndios no Retiro Aroeira da BR-PEC.
Recorde - Há 17 anos, o Estado sofreu seu período mais intenso de queimadas segundo série histórica do Inpe, iniciada em 1998. Naquele ano, 14.543 pontos de fogo entraram para as estatísticas do instituto. O acumulado de 2019 já soma 10.269 focos.