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Meio Ambiente

Mudanças bruscas de temperatura afetam a saúde e exigem cuidados

Neste ano, em um mesmo dia, município sul-mato-grossense chegou a ter 1,5ºC e 21ºC

Guilherme Correia | 02/08/2022 12:29
Céu com poucas nuvens em Campo Grande; em um mesmo dia, temperaturas podem subir ou descer de forma brusca. (Foto: Henrique Kawaminami)
Céu com poucas nuvens em Campo Grande; em um mesmo dia, temperaturas podem subir ou descer de forma brusca. (Foto: Henrique Kawaminami)

Mudanças bruscas de temperatura podem causar baixa imunidade e aumentar o risco de doenças nas pessoas, sobretudo em crianças e idosos. Nos mais velhos, a chamada amplitude térmica pode até mesmo levar à morte.

De acordo com o médico pneumologista Ronaldo Queiroz, o clima tem um efeito sobre nossa saúde e bem-estar, em diferentes aspectos. Praticamente consenso entre cientistas, a temperatura pode trazer mudanças nas taxas de natalidade a surtos de doenças como pneumonia, gripe ou bronquite.

Nosso sistema respiratório é muito sensível não somente à baixa umidade do ar, mas também é muito sensível às mudanças bruscas de temperatura. Portanto, nesses dias de inverno em que o dia amanhece mais fresco, com uma temperatura mais baixa, durante o dia, você tem até um forte calor, no horário do almoço, especialmente,” afirma Ronaldo Queiroz.

Conforme levantamento feito pelo Campo Grande News, com base em dados mais recentes do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul), referentes a junho, Campo Grande teve sua maior diferença de temperatura no dia 13 daquele mês – teve 8,3ºC e 23,5ºC num período de 24 horas.

Na mesma data, mas no município de Iguatemi, os termômetros variaram de 1,5ºC a 21ºC no mesmo dia.

Queiroz explica que é importante se agasalhar, quando necessário, mesmo que o indivíduo tenha de retirar as roupas de frio. “Pode ser desconfortável, mas se tiver de manhã, com temperatura mais fria, deve sair agasalhado e, durante o dia, tirar o agasalho. É uma forma de proteção.”

“Essas mudanças atuam, na verdade, diretamente nas vias aéreas superiores – na altura do nariz e garganta. Essas alterações de temperatura diminuem as defesas naturais que temos contra viroses e infecções respiratórias.”

Com relação a imunidade, ele afirma que boa parte da população não possui problemas imunológicos, mas que a temperatura pode “agredir” e “irritar” nariz, olhos e boca. “Juntando os fatores, acaba facilitando a penetração do vírus, de gripes, resfriados e o desenvolvimento de doenças comuns do inverno.”

O médico também destaca outras formas de proteção neste período, que vai até meados de setembro, como vacinação contra doenças virais – como a influenza ou covid – bem como manter uma vida saudável e usar máscaras, caso estejam com sintomas respiratórios, a fim de não infectar outros indivíduos.

“Tomar muito líquido, levar uma vida saudável, com prática de exercícios físicos e caminhar ao ar livre", exemplifica.

Sol se põe durante dia de calor em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Sol se põe durante dia de calor em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Clima – Em diferentes momentos do mesmo ano, além de vários fenômenos climáticos diversos, há a incerteza em esfriar ou esquentar no mesmo dia, o que pode provocar muitos prejuízos aos sul-mato-grossenses.

O professor e pesquisador em Climatologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Julio Cesar Gonçalves, explica que Mato Grosso do Sul fica em uma região de transição climática entre o norte e o sul do País, o que provoca mistura de ares quente e frio.

O Mato Grosso do Sul é um estado em que há uma transição climática, entre o ar mais quente do Norte e o ar mais frio do Sul. Isso já é estudado, muito conhecido, e é muito comum que na mudança de estação, você tenha episódios de passagens de frentes frias," diz Ronaldo Queiroz.

Desta forma, é esperado que o Estado tenha algumas mudanças bruscas na temperatura. “É muito comum que você tenha uma diferença muito grande entre ar quente e ar frio e essa diferença gera as tempestades, por exemplo", aponta.

No entanto, Gonçalves ressalta  que extremos climáticos têm surgido com uma maior frequência, ao longo das últimas décadas. Isso ocorre, de acordo com o cientista, em função dos efeitos do aquecimento global. Esse fenômeno acontece em todo o planeta, por conta do efeito estufa - quando os gases carbônicos, gerados pela queima de combustíveis fósseis e agropecuária, impedem com que o calor na Terra se dissipe.

Morador em situação de rua durante noite fria na Capital. (Foto: Paulo Francis)
Morador em situação de rua durante noite fria na Capital. (Foto: Paulo Francis)

Precauções com o frio – No frio, o corpo gasta mais energia para se manter quente e reduz a capacidade de defesa do organismo. Além disso, ambientes fechados tendem a ser mais comuns nesta época, com grande quantidade de pessoas, facilitam a transmissão de vírus.

Segundo o coordenador do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Ricardo Rapassi, o quadro de hipotermia se caracteriza quando alguém tem redução expressiva na temperatura corporal. “Em dias de frio, a gente está mais suscetível a esse tipo de mudança.”

Ele explica algumas das ações para evitar esse tipo de ocorrência, como se agasalhar bem, sobretudo as extremidades, como as mãos e os pés. Em relação aos sintomas iniciais, podem ocorrer tremores, perda de sensibilidade dos membros e, em casos graves, pode haver desorientação.

“Os quadros leves devem ser tratados com aquecimento das partes e o que ajuda bastante é a ingestão de líquidos quentes, como sopas ou caldos. E em casos graves, tem que procurar atendimento médico.”

De acordo com dados do SUS (Sistema Único de Saúde), entre os anos de 1998 e 2015, foram registradas seis mortes por hipotermia em Mato Grosso do Sul, em recém-nascidos. Cinco delas foram de pacientes que chegaram a ser levados ao hospital, mas não resistiram.

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