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Meio Ambiente

O que se sabe sobre anta que manca na Capital, chamada de ‘Duro de Matar’?

Animal foi recapturado por pesquisadoras e recebeu novo colar após ser encontrado no bairro Vila Danúbio Azul

Por Gabriela Couto | 05/11/2024 13:57
Momento de recaptura do 'Duro de Matar', no último domingo (Foto: Incab-Ipê)
Momento de recaptura do 'Duro de Matar', no último domingo (Foto: Incab-Ipê)

Famosa na cidade, a anta que manca, avistada com frequência pelas ruas e parques, foi recapturada nesta semana, pelas pesquisadoras da Incab-Ipê (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira do Instituto de Pesquisas Ecológicas). O animal que recebe o nome de "Duro de Matar" recebe um novo colar de monitoramento e passou por coleta de amostras biológicas.

A captura ocorreu na noite do último domingo (3), no bairro Vila Danúbio Azul, entre o Parque dos Poderes e a Chácara dos Poderes. A ação faz parte do escopo do Projeto Antas Urbanas, realizado pela INCAB-IPÊ no perímetro urbano de Campo Grande.

A equipe da INCAB-IPÊ está realizando uma campanha de captura de 15 dias para entender o estado de saúde e dinâmica de deslocamento das antas em Campo Grande. Até o momento, duas antas foram capturadas. A ‘Duro de Matar’ e a ‘Luzia’, uma fêmea que entrou na caixa de captura instalada no Parque Estadual Matas dos Segredos, no último sábado (02).

De acordo com a conservacionista e coordenadora da Incab-Ipê, Patrícia Médici, o “Duro de Matar” foi resgatado pela PMA (Polícia Militar Ambiental) no início de 2022, preso a um laço de cabo de aço de caçador, numa fazenda a cerca 20 km da Capital, na saída da MS-040.

“Esse indivíduo foi resgatado com guindaste, colocado em cima de um caminhão e trazido para o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres). Naquele momento, o Cras tinha ali um veterinário chamado Giovane Xavier, que fez a reabilitação desse animal, que como eu disse, estava com a perna praticamente decepada, estava no osso, esse cabo de aço. Esse voluntário do CRAS fez ali a reabilitação do animal, com muito zelo e muito talento. Depois de recuperado, esse indivíduo fugiu do Cras e não se sabia mais dele”.

Em julho de 2022, o veterinário ficou sabendo do projeto de capturas do projeto Antas Urbanas e avisou as pesquisadoras que haveria chances de encontrar o animal perto do Parque do Prosa, nas imediações do Cras. “Na nossa primeira busca noturna daquela primeira expedição do Antas Urbanas, nós encontramos o Duro de Matar ali na beira da cerca do Parque do Prosa, na beira da avenida movimentadíssima e fizemos o disparo anestésico. E assim que olhamos para a perna que o Giovanni tinha descrito para a gente, a gente se deu conta de que era esse animal. E colocamos, então, ali o primeiro colar de monitoramento nele”.

Nesse primeiro colar, foram coletados seis meses de informações, como os locais de movimentação do ‘Duro de Matar’. “Naquele primeiro momento, o colar nos mostrou que esse indivíduo estava circulando ali, de fato, pelas imediações do Cras, na floresta do Parque Estadual do Prosa. Ele fez algumas incursões para o Parque das Nações Indígenas, e ele entrava bastante para aquelas pequenas areazinhas, restículos de Cerrado, ali naqueles bairros que ficam atrás dos hotéis Ibis e Novo Hotel. Então, ele cruzava bastante as grandes avenidas do Parque dos Poderes. E aí o finalzinho da Avenida Mato Grosso para atingir essas áreas atrás dos hotéis, ali era basicamente a área de uso dele”.

Dois anos após essa primeira captura, o mesmo animal foi encontrado em um local bastante diferente. “Ele estava ali no bairro da Núbia Azul, que fica entre o Parque dos Poderes e a Chácara dos Poderes, ao lado de um clube de uma chácara do Sindijus. E parecia estar se deslocando em direção a esse cerradinho dessa chácara, desse órgão público, quando a gente encontrou e fez novamente o disparo [de sedativo]. Colocamos o segundo colar para detectar a movimentação dele nesse segundo momento”.

O animal está agora com dez anos. “Agora pode ser que ele esteja mais adaptado, digamos assim, as diferentes oportunidades de alimentação, de recurso, de água, enfim, da região da cidade e pode ser que ele esteja buscando áreas verdes, áreas de habitat remanescentes maiores. Diga-se de passagem, o fato de ele estar nesse momento mais próximo da Chácara dos Poderes, que é uma área de habitat maior. A gente ficou curioso em saber o que está acontecendo na vida desse indivíduo, nesse novo momento da história dele e vamos acompanhar as cenas dos próximos capítulos do ‘Duro de Matar’”.

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