Onça "Guató" ganha monitoramento em estudo sobre felinos na Serra do Amolar
A onça pesa cerca de 100 quilos e é considerado um jovem adulto, com idade entre três e quatro anos
Após os incêndios que atingiram a região pantaneira do Acurizal, na Serra do Amolar, conhecer mais sobre as espécies que vivem no local, e, em especial, das onças-pintadas, se tornou ainda mais urgente para os pesquisadores da fauna e flora sul-mato-grossenses.
Diante deste contexto, o Programa Felinos Pantaneiros, encabeçado pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro), instalou um rádio-colar em uma onça-pintada na RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) na região afetada pelos incêndios. Após receber o colar com gps, o macho Guató, como foi batizado, foi solto. A captura do animal ocorreu com todas as licenças necessárias pelos órgãos ambientais.
A onça pesa cerca de 100 quilos e é considerado um jovem adulto, com idade entre três e quatro anos. A expectativa é que, com os dados do monitoramento, os pesquisadores consigam responder perguntas que, até então, estavam sem respostas.
“Vamos ampliar o conhecimento sobre como as onças utilizam a Serra do Amolar, ter informação genética dos animais, que é, hoje, uma lacuna dentro da ciência, informações sanitárias sobre a saúde deles”, exemplifica o coordenador do Programa Felinos Pantaneiros, médico-veterinário Diego Viana.
Em casos de desastres ambientais, como os incêndios de 2020, o monitoramento pode ser fundamental para garantir a conservação das onças-pintadas. “Em futuros casos de desastres, a gente consegue proteger essa área de vida dos animais baseado nos dados da rádio-colar, por exemplo”, lembra Viana.
O biólogo e professor da Universidade Estadual do Ceará, Hugo Fernandes, explica que o monitoramento também vai permitir saber o tamanho da área de vida do Guató, como o animal se comporta em relação às secas e cheias do Pantanal e quanto tempo fica em cada tipo de paisagem, por exemplo. O Guató é a primeira onça-pintada capturada para instalação do rádio-colar na Serra do Amolar pelo IHP. Na região, porém, já mora Joujou, que também é monitorada via GPS pelo Instituto. Joujou foi uma das vítimas dos incêndios de 2020 e recebeu o colar após o tratamento ser encerrado. O macho, à época, foi solto na Serra do Amolar.
“São questões de extrema importância para que a gente possa fazer o manejo adequado e, inclusive, das espécies em prol da sua conservação”, pontua. Fernandes lembra, ainda, que essa instalação de rádio-colar é muito simbólica por acontecer no mesmo lugar onde houve a captura da primeira onça-pintada a receber um colar de monitoramento, na RPPN Acurizal, grande Reserva da Biosfera, ainda na década de 1970.
O presidente do IHP, coronel Ângelo Rabelo, afirma que esta é uma oportunidade que a natureza dá, após todo o enfrentamento aos incêndios em 2020, que mobilizou novos parceiros, a criação e instalação da Brigada Alto Pantanal, além da adoção de diversas tecnologias que garantem respostas mais rápidas e precisas.
“Esse monitoramento que será feito evidencia a força da natureza e a importância da Serra do Amolar para o bioma pantaneiro. E é uma resposta da Mãe Terra também a todos que confiaram no trabalho do IHP, nas iniciativas propostas para preservar e conservar o Pantanal e, principalmente, aos que colaboraram financeiramente ou com parcerias para que todo esse trabalho em prol do bioma fosse possível”, garante.
Além da equipe do Felinos Pantaneiros, coordenada pelo médico-veterinário Diego Viana, participaram da captura o médico-veterinário Joares May, da Fundação Panthera e Onçafari, o médico-veterinário Ronaldo Morato, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio), o biólogo Hugo Fernandes, do Laboratório de Conservação de Vertebrados Terrestres, da UEC, Jorge Salomão, da Ampara Silvestre, além de Grasiela Porfirio e Paula Helena Santa Rita, da UCDB.